quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

12/12/2015 - Educação Física Brasileira: autores e atores da década de 1980 - Jocimar Daólio - Avaliação e Encerramento 2º Semestre 2015


Neste encontro debatemos a tese de doutorado publicada em livro de Jocimar Daolio, de 1998, onde ancorado nos conceitos da Antropologia Social de Clifford Geertz o autor faz uma análise do cenário intelectual brasileiro na década de 1980.

Escolhemos esta obra para encerrar o semestre após ter lido autores como Castellani Filho, Mauro Betti e Paulo Ghiraldelli, que escreveram obras tradicionais no campo sobre a história da Educação Física. Uma vez que estávamos familiarizados com os momentos históricos da Educação Física Escolar, a leitura trouxe pormenores dos sujeitos que ajudaram a escrever esta história, principalmente após a crise anunciada por Medina, que também lemos neste semestre.

Neste livro, Daolio traz uma primeira parte dedicada a descrever os momentos pelos quais passou a Antropologia como campo de estudos, descrevendo seus passos iniciais que separavam a humanidade em selvagens, bárbaros e civilizados. Fazer Antropologia era estudar o exótico, os povos selvagens e bárbaros distantes da civilizada Europa, catalogá-los, descrever seus estranhos costumes etc. Nesta perspectiva, fazer etnografia era estar imenso nestas culturas não civilizadas

Com Geertz, a compreensão de cultura como toda produção humana se modifica para uma teia de significados nas quais estamos todos presos. Cultura são os símbolos produzidos pelas diversas realidades de grupos humanos, nos quais a vida encerra significância, nas quais a vida acontece. Neste sentido, somos todos nativos, pois estamos todos imersos nesta rede, nos seus diversos pontos.

Assim sendo, fazer etnografia é o ato de compreender e mergulhar na simbologia das diversas culturas ao redor do globo. Mais do que isto, compreender simbologia não necessariamente necessita estar num ponto distante da rede, é possível mergulhar na cultura de outro bairro, de outro grupo de pessoas, de outra escola etc.

Com esta visão, Daolio mergulhou na cultura de diversos autores importantes para a área nos anos 1980, como Victor Matsudo (criador do CELAFISCS e posterior CBCE), Go Tani (que estuda Desenvolvimentismo no Japão), João Batista Freire (baseia seus estudos principalmente em Piaget, apesar de outras influências), Medina (que anuncia a crise, como vimos na leitura anterior) e Vitor Marinho de Oliveira (junto com Medina, o primeiro a colocar a Educação Física sob referenciais das ciências humanas), Lino Castellani e Celli Taffarel (marxistas e criadores do Currículo Cultural, após estudos de pós-graduação na Educação).

Ainda discutimos no grupo como os Estudos Culturais irão ampliar esta visão antropológica de Geertz ao politizar a rede de significados, além de ficarmos surpresos pela ausência de Valter Bracht na lista de Daolio, tendo em vista sua importância para a área.

Antes de partirmos para a avaliação final, discutimos um projeto de pesquisa coletivo para o grupo, que amadurecerá durante o ano de 2016. Por fim, na avaliação os participantes elencaram como pontos positivos os eventos que participamos, a visita de Lino Castellani, bem como a identidade de grupo muito forte que criamos. Como ponto negativo ficou a leitura de livros ao invés de capítulos ou artigos.

Para o próximo semestre ficou decidido que leremos as obras que surgiram pós-crise, além de tentarmos repetir a estratégia de visita de pesquisadores renomados. As metas para o ano que vem são publicar os trabalhos em revistas, participar do SEMEF/FEUSP, ENDIPE, EPIC UNISO e ESEF Jundiaí. Como metas individuais os alunos buscarão ser aprovados em concursos públicos, programas de mestrado, bancas de TCC de graduação e pós-graduação.

Por fim, concordamos de assumir o GTT Escola do MAPA/FEFISO, com o objetivo de aumentar a qualidade do evento, trazer pesquisadores renomados e incluir a comunidade de professores da cidade de Sorocaba. Ano produtivo para todos nós. Feliz Natal e Ano Novo, até 2016!

domingo, 29 de novembro de 2015

21/11/2015 - Educação Física e Sociedade - Mauro Betti (1991)

Neste encontro lemos o livro citado no título, com foco especial no capítulo 2 e 3. Isso se deu pelo fato do primeiro capítulo ser dedicado à explicação da sociologia sistêmica, enquanto que o foco do grupo neste é a história da Educação Física. Abaixo alguns aspectos comentados na reunião:

O primeiro pilar da EF: movimentos nacionalistas ginásticos

Ao longo da história do homem, formas de atividade física -considerada esta de forma ampla - e mesmo de Educação Física, surgiram em todos os momentos, em maior ou menor grau, com maior ou menor institucionalização. Entrementes, desconsiderando-se a Antiguidade Grega, foinas últimas décadas do século XVIII, e em especial durante o século XIX, que a Educação Física experimentou um decisivo impulso no sentido de sua sistematização e institucionalização como uma forma de educação no mundo ocidental. O epicentro deste desenvolvimento foi a Europa, onde ocorreram, no continente, os sistemas ginásticos, e na Inglaterra o movimento esportivo, e daí espalhou-se por todo o mundo. 
Este processo deu-se num momento histórico de grandes mudanças políticas, econômicas e sociais, e com elas relaciona-se,sofrendo também a influência do novo pensamento pedagógico do século XVIII, com o advento dos chamados educadores naturalistas e filantrópicos.

O segundo pilar: o movimento esportivo inglês

A Educação Física adentrou o século XX com modelos forjados durante o século passado e experimentou notável expansão e penetração social, especialmente o esporte enquanto instituição social autônoma, que carreou para si enorme importância política e econômica. O fenômeno esportivo tem levado pedagogos, sociólogos e filósofos nas últimas três décadas a denunciarem o caráter mistificador do esporte e a questionarem a sua real utilidade para a sociedade, o seu valor educativo e sua integração na Educação Física sem qualquer tipo de reflexão pedagógica.

Os períodos da EF no Brasil

1850-1930: apesar de prevista na lei imperial, somente foi praticada no colégio Dom Pedro II no Rio de Janeiro.

1930-1945: uma confluência de interesses inicia o processo de ginásticas nas escolas brasileiras

1945-1969: a EF como suporte ideológico estatal tendo como bastião o esporte.

1970-1986: a busca pela redemocratização e a crise de identidade na área. A crítica ao modelo piramidal de compreensão do esporte e lazer (em oposição ao modelo de subsistemas)

O autor vê dois campos em tensão na EF Escolar: os teóricos estruturais/funcionalistas/positivistas x os materialistas/históricos/dialéticos.






domingo, 1 de novembro de 2015

Encontro de 31/10/2015 – Livro: “Educação Física cuida do corpo... e mente” – João Paulo Subirá Medina – 1983.

Começamos o encontro discutindo a situação caótica da reorganização escolar do Estado de São Paulo, onde alguns membros do grupo que são professores da rede municipal e estadual puderam dar detalhes das dificuldades.

Na sequencia combinamos nossa participação do SEMEF/EEFUSP 2015, que se dará nos dias 6, 7 e 8 de novembro de 2015.

Antes de entrarmos no livro ainda falamos sobre a iniciação científica que a FEFISO passa a oferecer a partir deste ano, além das repercussões do encontro com Lino Castellani no grupo e no GEPEF FEUSP.

Quanto ao livro, elencamos para discussão as seguintes categorias:

- contexto histórico do livro, como o primeiro em conjunto com Vitor Marinho de Oliveira (O que é Educação Física – 1983) a pensar a Educação Física na ótica das ciências humanas, não somente a área escolar, mas todo o campo como um todo.

- Discutimos os três tipos de consciência elencados por Medina em citação de Freire (que Lino nos disse não ser ideia de Freire): consciência intransitiva, da à inércia, consciente apenas de suas necessidades individuais; consciência transitiva ingênua, capaz de articular ideias, mas com tendências fanáticas e análises rasas; transitiva crítica, que concebe a complexidade, busca razões em relações causais e não se fecha em doutrinas.

- A ideia de diálogo pautado pela humildade, confiança, serviço e testemunho.

- As contradições das visões políticas múltiplas na construção coletiva da sociedade.

- Educação Física na sociedade de consumo.

- A incorporação do conhecimento, ao invés da mera instrução.

- a especificidade da ciência que visualiza o corpo como uma máquina, separando-o de seus aspectos sociais, fragmentando suas dimensões.

- O perfil do estudante de Educação Física de ontem e de hoje.

- Relação entre teoria e prática.

- As três formas da Educação Física, ligadas às formas de consciência que se propõe a trabalhar: Educação Física convencional (que ligamos às obras de Ghiraldelli e Castellani Filho, e aos currículos ginástico, militar, higienista e esportivista; Educação Física modernizadora, que remetemos à tendência biologizante e aos currículos desenvolvimentista, psicomotor) e Educação Física Revolucionária, que ligamos ao currículo cultural (crítico e pós-crítico).


- por fim, chamou a atenção a definição de Medina para a Educação Física, na página 81, que diz: “A Educação Física deve ocupar-se do rosto e de seus movimentos, voltando-se para a ampliação constante das possibilidades concretas dos seres humanos, ajudando-os, assim, na sua realização mais plena e autêntica.” Ou seja, entendemos que a partir da cultura corporal, a EF deve ser ferramenta de felicidade para a vida das pessoas.

17/10/2015 – Encontro com Lino Castellani Filho na FEFISO



A partir de uma visita do Prof. Lino à FEFISO, fizemos uma roda de perguntas ao autor após a leitura anterior de sua obra “Educação Física no Brasil, a história que não se conta”.

Iniciamos as questões conversando sobre o contexto de elaboração, sua passagem pela PUC para a realização do mestrado, e o circulo intelectual que se formou a partir dali, culminando com a obra de 1992 - Metodologia do Ensino de Educação Física.

No que diz respeito ao livro, o professor falou sobre as referências teóricas, que teve como pedra fundamental a obra de Demerval Saviani, e sobre as inspirações marxistas. Também foi questionada a presença de Foucault no livro, bem como as referências à luta das mulheres por igualdade, que o professor respondeu dizendo que limitar a luta da opressão às classes sociais é uma leitura equivocada do marxismo, pois o foco é a questão do gênero humano e a luta contra toda opressão.

Sobre outra obra importante para a Educação Física do qual Lino foi co-autor, o livro Metodologia do Ensino de Educação Física, discorreu sobre o ambiente de criação e sobre o trabalho de reeditar o título. Como curiosidade, falou sobre o nome da perspectiva curricular, afirmando que o nome crítico-superador se devia à necessidade de superar o entrave entre as perspectivas savianistas em freireanas muito forte no campo da educação naquele momento histórico.

Falamos sobre o surgimento do sistema CONFEF, as lutas políticas e os interesses envolvidos, principalmente no momento atual.

Outro tema que apareceu foi o papel do CBCE e CONBRACE, o fluxo de poder da instituição e a movimentação recente. O professor pensa o espaço do CBCE como instância formativa que não pode adentrar a lógica de mercado.

Quanto à crise que assola o marxismo, especialmente após a queda do leste europeu socialista, o professor disse que o pensamento crítico é considerado anacrônico, entretanto ainda oferece boas respostas para os dilemas atuais. Criticou o pós-modernismo como um movimento que desconsidera a educação crítica e diminui a força da luta contra a opressão.

Além do mais, a teoria crítica na EF Escolar não teria ganho mais força muito em parte devido a impossibilidades políticas, e não por suas composições teóricas. Para adentrar mais profundamente na questão do pós-modernismo, indicou o professor Edson Marcelo Hungaro (UnB) e para a questão da Educação Física crítica o grupo do professor Marcilio Souza Junior (UFPE).

Respondendo a questão (enviada virtualmente) pelo professor Marcos Garcia Neira (FEUSP), sobre o que acrescentaria ao livro atualmente, o professor Lino disse que não vê motivos para adentrar novamente a obra, mas se fosse para continuar a sua escrita abordaria a questão do sistema CONFEF e, principalmente, as questões relacionadas aos grandes eventos esportivos que dominam o contexto nacional nos últimos tempos.

Por fim, a conversa excedeu os limites da Educação Física e o professor discorreu sobre a crise política contemporânea. Como militante e partidário do PT, o professor disse que parte da crise política se deve a reserva moral que o PT perdeu ao praticar medidas semelhantes aos partidos que costumava criticar, esvanecendo uma luta contra interesses empresariais e conservadores, fortalecendo um contexto de contragolpe dos setores privilegiados.

A situação é tão delicada que documentos considerados em seu momento histórico como insuficientes para a democracia plena, como a constituição e a LDB, hoje precisam ser resguardados do ataque conservador.

Neste contexto de atuação política, o professor também relatou suas experiências como assessor da Secretaria de Esportes da cidade de São Paulo, bem como sua participação no Ministério Federal do Esporte, articulando suas ideias sociais com as relações políticas institucionais.

No que pese algumas posições que alguns membros do grupo discordam, foi unanimidade entre nós a humildade, simpatia e generosidade do professor, que não pensou duas vezes em doar o seu tempo para bater papo conosco.

Esperando que este breve texto faça alguma justiça às mais de três horas em que compartilhou seu conhecimento, o GEPEF/FEFISO agradece imensamente ao professor Lino Castellani Filho!





domingo, 4 de outubro de 2015

Encontro de 26/09/2015 - Educação Física no Brasil, a história que não se conta - Lino Castellani Filho

Mulher na história da Educação Física

A adequação da Educação Física direcionada à mulher se fez necessária à mudanças em seu processo histórico, levando em consideração suas características biológicas e principalmente sócio-culturais.
Era viável que em nossa sociedade a prática da Educação Física pela mulher fosse designada diretamente à preparação de seus corpos para uma gestação perfeita, dona de casa forte e esse papel era reforçado por leis e decretos da época.
A mulher era caracterizada por um comportamento submisso e servil, e sua inserção na prática da Educação Física era justificada apenas pela necessidade de prepara-las para a imagem de mãe estigmatizada  pela sociedade.
E hoje, embora a luta pela inserção de “uma nova mulher” na educação Física seja constante, existem ainda discursos que se opõem. Há muita luta pela frente.
Mariana Xavier e Camila Conhe

Educação Física e Militarismo

A Educação Física tem suas origens marcadas pela influência das instituições militares, pois precisavam desenvolver um indivíduo forte e saudável para defender o país.
O método inicialmente utilizado era o Francês e posteriormente foi o método Alemão.
A Escola da Educação Física foi criada inicialmente pelos militares.
A Escola da Educação Física depois de muita luta, conseguiu seu ingresso na USP, pois na época havia muito preconceito, porque achavam que a Educação Física era puramente muscular e não intelectual, não merecendo abrigo nas instituições superiores.
Novamente com a ajuda/imposição dos grupos militares, a Educação Física foi aceita no nível superior, mas não no mesmo patamar dos demais cursos.
Em um dos depoimentos há um comentário de que teve um rebuliço de fazer estudo de um novo currículo, de tornar a Educação Física obrigatória.
Há um pensamento também que “quem está ligado ao esporte, raramente se interessa por política”.
No depoimento da professora Maria Lenk, ela deixa claro que essa ajuda toda dos regimes militares é porque o regime militar se preocupa sobre tudo, com a higidez e a aptidão física, por estarem os militares sempre atentos ao risco de uma nova guerra.

Beatriz e Rosana

Medicina, Higiene e Educação Física

O texto fala sobre a eugenização da raça brasileira, da influência médica e estereotipação do comportamento social e familiar. Onde há um “modelo de uma nova família brasileira” a ser seguido e que a educação física e saúde corporal não era exclusiva dos militares, mas associada aos médicos tratava a medicina social e índole higiênica, ditavam um modelo a ser seguido.
No livro também é cito o autor Foucalt, relatando que “a medicina era técnica geral da saúde mais que serviços de doenças e curas, também importantes no âmbito da política e do poder, organizando as famílias”. Era mais higienista e menos terapeuta.
Citando a ideia de Freire Costa, mostra o Higienismo em destaque e a competência médica. A família era vista como incapaz de proteger a vida de crianças e adultos, pois havia um alto índice de mortalidade infantil e precárias condições de saúde. A solução seria causar uma revolução nessa família abordando a educação física, moral, intelectual e social, cultivar o gosto pela saúde, eliminar velhos hábitos de desordem higiênica.
O corpo passou a ser visto como saudável, robusto e harmonioso e opositor ao corpo relapso, flácido e doentio do indivíduo colonial. Isso acabou representando a classe de uma raça e incentivou o preconceito e o racismo excluído aqueles que não tinham o modelo anatômico construído pela higiene. A intenção agora era desenvolver a hereditariedade da raça branca.

Gláucia Ganzarolli

Educação Física, Ditadura e Esporte

No período ditatorial, a educação se pautava em um tecnicismo. Basicamente, a ideia era aumentar a produção industrial e, para tanto, seria necessário qualificar a população.
A contribuição da Educação Física nesse contexto estava relacionada à produção de um corpo que suportasse o ritmo de trabalho e produzisse com eficiência.
É um período também em que ocorre a ascensão do esporte, que esta ligado a uma ideia de patriotismo. Também atendia com eficácia aos interesses da classe dirigente em relação a extinção de questionamentos contrários ao regime em roga.

Wellington


Industrialização, Educação Física e Trabalho

A educação Física nesse momento da história tinha seu objetivo em melhorar as aptidões físicas dos trabalhadores para melhorar o desenvolvimento econômico do país. Onde os funcionários das empresas privadas eram estimulados a praticar esportes e fazer exercícios físicos nos horários de folga e com esse costume melhorar sua saúde física. Ou seja, a Educação Física era uma ferramenta para dominar ainda mais a população de massas, pensando na saúde do trabalhador para produzir mais e não para o bem próprio do trabalhador.

Jorge e Clayton

Ética colonial e Educação Física

A ética colonial e a Educação Física, no texto, se encontram ao passo que a colônia fazia uso da educação física , ou do militarismo para o desenvolvimento da segurança pública, e não apenas para isso, também fez valer a higienização da população tendo em vista exercer o poder sobre a população por meio da medicina.
Toda essa ética e pensamento de poder e controle esta, até hoje, no centro das discuções na área da educação Física com um ramo advindo do militarismo e das ciências biológicas não apenas no profissional, mas a sociedade em geral.
Por fim, se fez necessário voltar nossos olhos as ciências sociais para abranger assuntos referentes a sociedade no momento histórico atual.

Marcos Martinez

Bases teóricas de Lino C. Filho

O autor é marxista declarado e isso fica claro quando ele usa conceitos como luta de classes, ideologia, reprodução, dominantes, pedagogia histórico- crítica, etc! entretanto, chama a atenção alguns trechos que escapam das temáticas marxistas clássicas, como a questão da mulher na Educação Física e na sociedade brasileira e as citações de Michel Foucault.
Enquanto as ideias de Foucault são usadas de forma reduzida, somente para apoiar a ideia de um estado opressor, ou seja, capturar para a lógica marxista da estrutura/superestrutura, a questão de mulher é uma grata surpresa no estudo. Pode-se dizer que, dentro de uma pesquisa marxista, a questão da submissão da mulher fique em segundo plano.
No mais, o autor compreende o mundo como dividido em classes, sendo que uma delas detém o meio de produção e o capital, consequentemente dominando a outra, proletária. Essa, por sua vez, não esta por melhores condições pois esta ideologicamente convencida dos valores dominantes, incutidos através de mecanismos como a educação, o militarismo, a higienização, etc.

Rubens Gurgel

Tendências apontadas pelo autor

O autor há quase 30 anos, já apontava as seguintes tendências para a Educação Física: Biologizante, Psicopedagizante e Cultural.
Na biologizante estão as aulas com foco nos aspectos biológicos do corpo. Nesse sentido, a educação Física educa e cuida desse organismo.
A psicopedagizante incluía os aspectos psicológicos na educação do corpo, como a cognição, afetividade e socialização.
Por fim, a cultural seria aquela que questionava a atividade das anteriores, situando o homem historicamente, combatendo a suposta neutralidade da educação, lutando por um mundo com melhores oportunidades para todos.


Rubens Gurgel

Encontro de 29/08/2015 - Educação Física Progressista - Paulo Ghiraldelli Junior

Após a leitura do livro, dividimos a grupo em pequenas turmas, cada qual ficou com uma tendência da Educação Física, e apresentaram as anotações abaixo:


Educação Física Higienista


Mente sã, corpo são
Resolver o problema da saúde pública pela educação
O indivíduo pode e DEVE adquirir saúde
Disciplinarização dos hábitos
EF supostamente construtura de uma sociedade democrática e livre dos problemas sociais
Higiene do corpo e a higiene da alma são inseparáveis


Educação Física Militarista

Impõe padrões de comportamento estereotipados
Obtenção de uma juventude capacitada fisicamente
Selecionadora de elites condutoras
Distribuir homens e mulheres
O desporto e o jogo servem para eliminar os incapacitados fisicamente



Educação Física Pedagogicista


É a primeira que enxerga a EF como parte da educação
Não é voltada para a saúde e não é adestrada, porém  traz conceitos militares e higienistas, mas como discurso educacional
A pedagogicista é uma reformulação das anteriores


Educação Física Competitivista


Aluno = atleta = herói
Treinamento gera exclusão
Desporto como espetáculo
O trabalhador cansado é entretido com o esporte, para não entrar no jogo político

terça-feira, 28 de julho de 2015

Cronograma 2º Semestre 2015:


29/08 - Educação Física Progressista - Paulo Ghiraldelli Junior (disponível na biblioteca e na comunidade virtual)

26/09 - Educação Física no Brasil: a História que não se conta - Lino Castellani Filho (disponível na biblioteca).

03/10 - Apresentação de Monografias da Pós-Graduação em Educação Física Escolar

17/10 - Bate papo com Lino Castellani Filho.

31/10 - Educação Física cuida do Corpo e...mente - João Paulo Subirá Medina. Disponível na biblioteca FEFISO e em PDF no grupo do facebook.

21/11 - Educação Física e Sociedade - Mauro Betti. Disponível na biblioteca FEFISO e em PDF no grupo do facebook.

12/12 - Educação Física Brasileira: autores e atores da década de 1980 - Jocimar Daólio. (disponível na biblioteca e na comunidade virtual) / Avaliação do semestre / Planejamento 1º Semestre 2016. COM CAFÉ AMERICANO.

sábado, 16 de maio de 2015

Resumo do texto Santin

O autor diz inicia se texto argumentando que buscar a essência que possibilite definir o que é Educação Física não é algo tão simples. Para reforçar este ponto de vista, recorre a Heidegger e explica como compreende a essência, utilizando para isso a essência de homem como animal racional.
Na crítica ao primeiro texto, diz que Adroaldo Gaya coloca duas questões distintas: na primeira parte faz um resgate histórico da Educação Física, entretanto de forma ligeira e pouco profunda; em seguida propõe uma problemática dicotômica questionando se a Educação Física é ciência ou filosofia. Critica também esta divisão afirmando que elas não são auto excludentes. Concluindo este raciocínio, coloca a EF como uma ação educativa sobre o físico, sua especificidade. A definição do que seria este físico é que abre espaço para as nuances.
Com relação ao segundo texto de Taffarel e Escobar, o autor afirma que o título influencia a leitura de forma negativa, direcionando o leitor para conclusões antecipada. Com relação a este texto, o autor diz que as bases ideológicas são distintas, o que impede o diálogo.

Na conclusão, entendemos que o autor defende uma essencialização da Educação Física, criticando a desarmonia da crise de identidade, não como forma de definir de forma final, mas como forma de trilhar novos caminhos.

Fechamento do Primeiro Semestre

Após a leitura de todos os textos, ainda está frágil nossa concepção de Educação Física, pois a única pista que temos é que ela é uma construção sócio-histórico, com diversos discursos e ações contextuais.

Os textos nos incentivaram a pesquisar mais sobre o tema, pois não forneceram as respostas ansiadas.
Não buscamos a essência de Educação Física, pois trabalhando no limite sempre há espaços para transformações.

O que nos importa é a busca pela superação da marginalização da Educação Física, superando vetores de força impostos para a área, buscando espaços para a sua valorização e respostas para os dilemas do cotidiano escolar.

Mesmo dentro do grupo, cada membro saiu com uma concepção distinta, mesmo que alinhada, relacionando com a sua experiência e com os seus valores pessoais. Neste sentido, criticamos outros posicionamentos levando em consideração a conjuntura e as maquinarias que formaram os sujeitos destes contextos. Logo nossa crítica é na busca de paisagens culturais mais justas, e não pela arrogância de se considerar superior.

Neste sentido não nos fechamos para futuras influências e novas transformações, sempre abertos para o caminhar da história e pesando criticamente outros pontos de vista.

Acreditamos também que outras paisagens influenciam nessas concepções, como o mundo social do trabalho, as questões econômicas, as mudanças geracionais, a pós-modernidade e o avançar da ciência, o que reforça a necessidade de abertura a novas ideias.

Percebemos também que a formação é somente um dos pilares do conhecimento docente, de modo que as diferenças até mesmo entre períodos se torna evidente. Para um aprofundamento, muito se faz necessário a busca por novos caminhos pelo professor/estudante.

Entretanto ressaltamos que as diferenças visões concebem diferentes funções sociais da Educação Física, o que traz diferentes resultados na materialidade.

Por fim, a Educação Física não "é", mas sim foi e virá, ou pode vir, a ser.


quinta-feira, 14 de maio de 2015

Resumo do Texto de Celi Taffarel e Micheli Escobar (em conjunto com as anotações do vídeo de 2011)

Para a autora não há consenso entre as diferentes visões, pois é uma luta entre o idealismo e o materialismo histórico. Para a autora, todo pensamento que não apresenta um projeto histórico de transformação do capitalismo destrutivo é fruto de idealismos. E são as teorias idealistas que sustentam a sociedade opressora.
Assim, os modos de produção da cultura corporal deveriam tratar de produção de sentidos que promovam a emancipação dos alunos nas aulas de EF.
Como crítica do grupo para o texto, acrescentamos que elas não reconhecem o marxismo como um discurso com efeitos de verdade, e sim como a verdade em si, única.

Resumo texto de Ghiraldelli Junior

Chegamos a conclusão que o texto do autor foi extremamente pobre e curto, desmerecendo o debate.
Isso pode ser parcialmente explicado pela trajetória do autor, pois no momento da escrita ele já se encontrava envolvido com questões da filosofia e distante da EF.
Para não passar em branco, demarcamos uma pequena citação sobre multidisciplinaridade e uma afirmação de um passado critico da EF x pragmatismo contemporâneo.

Resumo do texto de Valter Bracht

A Educação Física é uma construção sócio-histórica.
Não houve debate entre os autores anteriores pois escreveram a partir de pontos de vistas de campos epistemológicos distintos.
A relação entre teoria e prática (fático x contrafático) é um devir.
A especificidade da EF é a cultura corporal.

Resumo texto Hugo Lovisolo

Dividimos as seguintes categorias para analisar o texto de Lovisolo:

Em concordância com Adroaldo Gaya:
- Educação Física como disciplina normativa
- Idealismo no sentido de buscar valores
- Pensar o simples

Contrário a Adroaldo Gaya:
- retorno da unidade
- falta de visão de mundo

Em concordância com Celi Taffarel:
- Marxismo ainda vive e possui potencial crítico, embora não seja a única filosofia de resistência.

Contrário a Celi Tafarel:
- Maniqueísmo ingênuo
- Dogmatismo (olimpismo)
- demandas desproporcionais e desmedidas aos objetivos da discussão
- buscam determinar o quadro teórico de Gaya
- tom desrespeitoso
- ingenuidade pela interdição
- não explicam como ser revolucionário
- não há contraponto a acusação de simplismo
- não explicitam o referencial marxista (considerando que há divergências dentro deste)
- nacionalismo estranho x marxismo
- etnocentrismo
- idealistas e fora de contexto

Contribuição de Lovisolo:
- Sociedade e EF Plural
- tolerância e diálogo
- campo heterogêneo
- unidade boa x unidade ruim
- prioridades socialmente construídas
- identidade do campo é contextual

Resumo do Texto de Adroaldo Gaya

O autor busca simplificar a questão. Para ele há duas tendências na Educação Física: ciência autônoma ou filosofia da corporeidade. A primeira se divide em ciências do esporte ou a reunião de expressões da cultura corporal. A segunda em expressão corporal (com aspectos lúdicos) e a segunda abrange a perspectiva cultural (lazer, jogos populares, etc.)

Em seguida o autor questiona: Educação Física é ciência ou filosofia? Conclui que ela é uma disciplina normativa (pedagogia) que necessita de ambas para não perder sua complexidade. Sem redução o campo não perde sua identidade tradicional.

Logo, Educação Física é um conjunto de conhecimentos, uma práxis que age através de uma intencionalidade (visão de mundo). Para tanto a área tem pressupostos filosóficos e efetua-se em princípios científicos multidisciplinar.

Acréscimos após a fala inicial no vídeo de 2011:
- EF é a manifestação pedagógica da cultura corporal do movimento humano
- proximidade de conceitos entre os presentes no debate
- cultura corporal é algo mais abrangente do que cultura corporal do movimento (EF)
- o objeto de estudo da EF é sempre ensino
Notamos que o autor não fala em transformação social.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

CRONOGRAMA DE ENCONTROS 1º SEMESTRE DE 2015



28 de Fevereiro - Texto: "Mas afinal o que é Educação Física: um exemplo do simplismo intelectual" de Celi Nelza Zuke Taffarel e Micheli Ortega Escobar. Disponível em: http://seer.ufrgs.br/index.php/Movimento/article/view/2013


21 de Março - Texto: “Mas afinal o que é Educação Física: a favor da mediação e contra os radicalismos” de Hugo Lovisolo. Disponível em: http://www.seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/2192


11 de Abril – Texto: “Mas, afinal, o que estamos perguntando com a pergunta o que é Educação Física?” de Valter Bracht. Disponível em: http://www.seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/2188


25 de Abril – Texto: “A volta ao que parece simples” de Paulo Ghiraldelli Junior. Disponível em: http://seer.ufrgs.br/index.php/Movimento/article/view/2191/909


16 de Maio – Texto: “A respeito de comentários” de Silvino Santin. Disponível em: http://seer.ufrgs.br/index.php/Movimento/article/view/2189/907



30 de Maio – Encerramento do semestre: produção teórica, avaliação do semestre e planejamento para o 2º semestre.