sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

30.11.2019 - 4º e 5º capítulo – Nietzsche e a Filosofia.

Em nosso último encontro do ano, realizamos nossa discussão em um espaço diferente. Marcamos com antecedência um lugar para irmos realizar uma confraternização do grupo, assim, fomos na casa de uma colega do grupo, Stephanie. Demos início às 09h com a fala de João Pedro, que na reunião passada decidimos de alguém apresentar uma introdução e impressões do capítulo e, hoje João falará do 4º capítulo (do ressentimento à má consciência) e Rubens do 5º capítulo (o além do homem contra a dialética).
Com isso, João abre falando sobre o esquecer e ressentir, onde vimos que o esquecimento está ancorado na abertura do novo e o ressentimento é guardado na consciência, como doença reativa. Fomos a partir disso também correlacionando as formas de niilismo que é proposto no próximo capítulo, pois, ao nos depararmos com determinadas situações, vamos realizando processos rizomáticos, ou seja, nosso corpo não tem uma certa linearidade, ao nos depararmos com algo, somos levados a pensar determinadas coisas. Realçando que, isso simplesmente acontece, não passa por um clivo da razão.
Comentados sobre os tipos de niilismos, sendo: negativo; reativo e passivo. O niilismo negativo, de maneira bastante simples e descartável, estamos entendendo-o enquanto
A partir desses diálogos, chegamos aqui em outro ponto fulcral de Nietzsche, relacionando agora o ressentimento com o homem ressentido (eles utilizam homem para se referir ao humano). O homem ressentido é o sujeito da dialética que vive em lutas incessantes, o seu desejo é depreciar as causas, produzindo infelicidade e colocando sempre a culpa em alguém, sendo sempre no outro, nunca em si mesmo. Entendemos que com isso, temos munição para pensar nosso governo, sistemas educacionais, nossa sociedade e outros o quão ressentidos somos. Exemplos não faltam. Colocaremos um, no desejo de fazer um convite para pensarem seus próprios exemplos. Assim, o ressentido seria a pessoa que vai mal na prova e coloca a culpa em alguém, sempre no outro, pois não consegue olhar para si mesmo.
Caminhando por outros territórios, mas no mesmo platô, nos deparamos com o conceito de má consciência, que seria ela uma paralisação, sedentarismo, isso Nietzsche chama de ficção, a força niilista reativa que se volta contra si mesma. Sendo assim uma contradição com a vida, e é neste jogo da contradição com a vida que as forças reativas se apresentam como superiores, pois colocam uma figura transcendental acima de todos os valores. Mergulhando no capítulo 5, com o “além do homem” vemos que este modo de pensar é uma maneira contra dialética, uma das características do pensamento nietzschiano é ir além da dialética, pensar fora disso, escapar, desviar.
Neste emaranhado, um dos quais discutimos foi a figura de Jesus, pois o Jesus em sua essência, seu pensamento, modo de vida, sua relação com as pessoas, era completamente diferente do que fizerem dele.  Em sua essência, Jesus pregava o amor, a paz, a solidariedade etc. Assim, a crítica de Nietzsche não está em Jesus, mas na moral que foi estabelecida no pensamento cristão, na religião, que impõe valores. Nietzsche em uma tarefa nada fácil, nos convida a criar nossos próprios valores.
A ideia de transcendental que é questionada é sobre a transvaloração, e vemos que, apenas mudou rei de lugar, pois, vemos além da religião outros divinos, na ciência, Filosofia, Arte... Tenha mudado, talvez a ideia de divindade, porém, o modo de operar se assemelha muito. Voltando e sendo atravessado por outras questões, Rubens coloca o exemplo de uma música da banda Charlie Brow Jr “o home que está em paz não quer guerra com ninguém”, ou seja, a pessoa que está bem consigo mesma, não fica arrumando coisas para falar e culpar o outro, apenas vive, sendo muito diferente do ressentido.
O além do homem não tem nada a ver com o homem superior. O homem superior é decadente, reativo e ressentido em sua essência, pois lhe falta algo e precisa de uma coisa que está sempre nesse desejo fantasma para se afirmar. É um homem de status que tem a necessidade de estar provando tudo e o tempo todo, preso em suas amarras, e com as novas tecnologias isso fica mais visível e também mais subjetivado. Vemos no ciclo de Zaratustra a importância de viver cada etapa, mesmo a tristeza, pois é preciso viver no niilismo, na tristeza para poder aprender com isso e continuar fazendo o ciclo dar continuidade.
Rumando para o fim do encontro, dedicamos um tempo para ver quais caminhos seguir para o próximo semestre. Foram feitas algumas sugestões de leituras, porém, foi colocado também outros modos de operar com o grupo. Que, seria no caso como um grupo-evento, onde poderíamos abranger um público maior, convidar pessoas de fora para falar sobre determinado assunto, podendo ser da Educação Física ou não. Ou também, seguir como estamos habituados e a partir de cada encontro veremos o que vamos ler para o próximo. Assim, concluímos mais um semestre intenso de muita produção e aprendizagem!

terça-feira, 5 de novembro de 2019

26/10/2019 - Releitura dos capítulos 2º e 3º de Nietzsche e a Filosofia – Deleuze.


Iniciamos nosso encontro de hoje, sábado, dia 26 de novembro de 2019, às 9h na FEFISO/ACM. Iniciamos com a fala de Rubens comentando sobre a dinâmica, sobre como seria o encontro, e, como combinado na reunião passada, combinamos de Paulo (iniciante científico e membro do grupo) fazer uma abordagem sobre o 2º capítulo e Elder (iniciante científico e membro do grupo) do 3º capítulo do livro Nietzsche e a Filosofia, do autor Gilles Deleuze. Lembrando que, entramos neste acordo, pois, nos dois últimos encontros houve convidados via Skype e o texto ficou um pouco deslocado.
O segundo capítulo que Paulo apresentou fala sobre as forças ativas e reativa. Assim, além de fazer esta devida apresentação o intento do grupo é relacionar com a aprendizagem e Educação Física. Caminhando nesta via, Paulo nos traz um vídeo sobre a vida, um rapaz que vive 100 anos e a repórter pergunta à ele qual é o segredo de viver tudo isso, ele de maneira simples responde: é só não morrer! Ora, isso soa um tanto quanto estranho. Podemos nos perguntar, como assim não morrer? Em qual sentido? O morrer está explícito, mas em qual sentido isto é colocado? Fica ai, uma primeira pergunta, um convite para pensar...
Paulo coloca: as forças para Nietzsche estão para além do bem e do mal, não é uma dialética, uma não é melhor que a outra, elas coexistem, se completam neste paradoxo. Deslocando para o escopo da aprendizagem, vemos que a aprendizagem com Kastrup (2007) a partir da recognição e invenção, que as forças reativas possuem relações com a aprendizagem como recognição, e as forças ativas com invenção, sendo que, elas acontecem juntas, porém com mais ou menos intensidade, uma não nega a outra.
Vemos que as forças reativas são as que decidem preservar o corpo, fazer o certo (certo de acordo com a moral), seguir as normas. Então notamos aqui que as forças reativas são as que somos atravessados e nos fazem segui-las, por exemplo: no trabalho temos horário para chegar, bater o ponto, trabalhar determinadas horas, acordar cedo etc. Realçando que, a força reativa não está no ato e que colocamos o exemplo para movimentar o pensamento e deixar mais didático para entender, vocês podem criar seus próprios exemplos. A força reativa não está no ato. Existe pessoas que adoram acordar cedo, trabalhar, ser pontual etc., nos atentemos aqui para não moralizar os exemplos.
Notamos a conexão da força reativa com a queda da potência, e a força ativa com a elevação de potência. Potência enquanto o querer, vontade de fazer algo, o que nos move, nos motiva. Observamos com Deleuze que possui uma agonistica entre as forças e que elas não são fechamentos, mas abertura, logo, para me afirmar parar exercer determinada força preciso do outro. Rumando à outros platôs, Paulo traz mais dois conceitos: quantidade e qualidade. Quantidade e qualidade de forças. Assim, podemos entender a quantidade enquanto número de forças, quanta existem e seguem neste atrito, e a qualidade como a maneira que somos afetamos.
Rubens faz um comentário e coloca que as forças reativas tentam conservar as coisas enquanto as formas ativas querem movimentar, mudar. Bia (professora da rede de Boituva) coloca que a instituição escolar é reativa por natureza, comenta que tenta realizar diversas coisas diferentes, todavia é submetida em relações de poder e, que a coordenação e direção não a apoiam e vetam isso. Entretanto, intenta fazer isso em suas aulas. Vemos também que, quem determina a qualidade das forças é o corpo, não o professor. Nisso, Rubens vê uma conexão com Rene Schérer (2005) quando ele fala sobre a paixão, em tornar a força reativa em ativa.
Ainda com Rubens, ele coloca um pergunta explicitamente à João Pedro (mestrando na UFSCar-So) que está estudando formação de professores no âmbito da linguagem. Nesse sentido, Rubens coloca João para pensar, se a linguagem não é uma luta reativa? João coloca que em alguns momentos pode ter uma intensidade mais reativa, pois, a linguagem é estruturada e cessa novas possibilidades, entretanto, em outros momentos é afirmação, passagem à outras forças.
A forte potência da escola é em receber os mais diferentes tipos de corpos, pois é uma instituição diferente de outras. Por exemplo, podemos escolher em quais espaços querermos frequentar, clubes, igrejas, bares, festas... Já a escola todos devem ir.
Dando continuidade, Elder comenta quem foi Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844 – 1900) aponta algumas de suas obras e a importância desta obra de Gilles Deleuze que “salva” Nietzsche, pois seu pensamento estava sendo usado para afirmar o fascismo. Assim, Elder traz uma passagem do livro “pensar significaria descobrir, inventar novas possibilidades de vida” (DELEUZE, 2018, p. 98). Valendo lembrar que Elder comenta sobre o 3º capítulo e o nome dele é a crítica, sendo a crítica a sociedade, ao sujeito, ao conhecimento, à ciência e... e... Vemos com Nietzsche que todo fato é uma interpretação. Por essa via, ele coloca a ciência moderna em xeque, pois ela defende a ideia de uma verdade única e absoluta.
Para alimentar mais a discussão, Deleuze coloca o conceito de vontade de potência e vontade de verdade, e recorremos a mitologia grega para entender melhor isso, pois existe Apolo e Dionísio, ambos filhos de Zeus. Apolo é o deus da razão, logo, é racional, Dionísio é o deus da loucura, do caos. Observamos como as coisas vão se conectando, para falar de vontade de potência e vontade de verdade, conceitos pesados ao pensamento nietzschiano, sem abordar as forças seria de extrema dificuldade, pois uma complementa o outro. Vemos que, Apolo possui relações próximas com as formas reativas, que passa por devido crivo racional, e Dionísio com as forças ativas, onde o importante é fazer coisas que nos aumente a potência, que afirme a vida, logo, vemos intersecções com o caos, o imprevisível.
Elder vê com Guimarães Rosa que “felicidade se dá em horinhas de descuidos”, com bastante frequência vivenciamos que é difícil ficar planejando momentos de felicidades, eles simplesmente acontecem, no acaso da vida. Assim como a aprendizagem, nunca sabemos quando estamos ensinando alguém, mas, isso necessita de um esforço, porém é sempre imprevisível.  A vontade de verdade é o que determina como as coisas devem ser, impõem uma única verdade, verdade fixa e inabalável, e, em bastante momentos de nossas vidas passamos por isso, esta vontade de afirmar como uma coisas dever ser. Quando afirmamos o que dever ser, matamos a diferença, o que pode ser, entendemos isso na Lógica do rizoma com Deleuze e Guattari, a lógica da multiplicidade do mais, do e... e... e...
Rumando para o fim do encontro, finalizamos a reunião às 12h, e, ainda contamos com um lindo café coletivo durante a discussão que foi passada a fio aqui. Seguimos no próximo encontro, encontro qual terminaremos a discussão sobre o livro e veremos possibilidades para o próximo semestre. Também, foi feito o convite para irem nos eventos que os membro do PIBIC (grupo de iniciação científica) irão apresentar, no seminário na UFSCar-So, Semef na USP, conexões na UNICAMP e CONIC.







domingo, 6 de outubro de 2019

28/09/2019 - 3º capítulo Nietzsche e a Filosofia - A crítica.


Demos início ao encontro de hoje, sábado, 28 de setembro de 2019, às 9:00. Contamos com a participação de um novo membro do grupo, Junior Gabriel, formado em 2008 pela FEFISO e está trabalhando com aulas de jiu-jitsu, e Priscila, que estuda biologia na UFSCar Sorocaba. Rubens fez uma abordagem para a professora Adriana Gehres (convidada para o encontro) professora da Universidade Federal de Pernambuco, que estuda dança, filosofia da diferença e também Deleuze e Guattari. Assim, Rubens comentou a ela como o grupo funciona, qual o intuito, o que já lemos e estamos lendo. E, um dos objetivos nossos é estudar a aprendizagem a partir da(s) filosofia(s) da diferença, jogando com diversos autores, e neste semestre estamos lendo o livro “Nietzsche e a Filosofia” de Gilles Deleuze.
Ainda Rubens, disse das possíveis maneiras de dinâmicas para o encontro, e abriu espaço para nós do grupo e a professora Adriana. Decidimos em ouvir a professora fazer uma introdução ao assunto, pois, ela enviou alguns vídeos de dança e um texto para lermos e discutir. E, estudar especificamente dança é algo novo para nosso grupo. Adriana iniciou com uma introdução ao tema e nós no intento de entender, cunhar algo do texto de Nietzsche e a filosofia, e também com a ideia de não entender as coisas à risca, mas o contexto e seus modos operantes, para criarmos o nosso modo de fazer, e também possíveis traduções ao que estudamos e trabalhamos.
Adriana começa, então, dizendo dos movimentos na dança, sendo tais movimentos entendidos através de 2 perspectivas: biológica e artística. A primeira consiste-se em movimentos que podem ser copiados, decorados, repetidos, a segunda perspectiva tem relações com as intensidades do encontro, encontro com o ambiente, com pessoas, com a música, sempre com algo, e, que é um movimento com mais da ordem dos sentimentos, dos afectos. A dança não representa algo, ela é, ela é a própria realidade em si.
A professora diz que trabalha este texto do Lepeck com seus alunos também em Pernambuco e diz a complexidade que é de ler. E, que ele aborda uma teoria crítica além da qual usamos no Brasil, diverge de vários, inclusive Tomaz Tadeu. Cita também um filósofo recente e que vem ganhando força, sul koreano, Byung-Chul Han, que pensa para além do crítico e pós-crítico. Assim, vendo a dança por outra perspectiva, diferentes autores e diferentes experiências, Adriana entende e desenvolve aulas em um viés mais artístico da dança, como a aula sendo espaços de criação, pois, em suas aulas ela chega com um objetivo, e tem seu celular e notebook em mãos, porém o que vai acontecer é sempre imprevisível.
Rubens comenta de um coreógrafo citado no texto que, escapa da representação, e com isso, ele pergunta como é o público deste coreógrafo, se as pessoas o acompanham, em seus festivais e afins. Adriana diz que essa arte não é uma atração, não é para ser bonito, ela está além do bem e do mal, ela causa impactos, e complementa dizendo que a arte é necessária para a produção do humano. E, com o público, pensa que quem gosta frequenta como outros tipos de espetáculos. A partir disso, o encontro tomando outros rumos, comentamos sobre o currículo cultural, no qual se tem base teórica com autores da filosofia da diferença e multiculturalismo crítico, todavia, suas abordagens em geral sempre apontam determinada modalidade esportiva hegemônica para a partir disso as aulas tomarem seus rumos.
Elder comentou que em suas aulas na faculdade sobre dança, via a dança uma bifurcação com a dança, ela pelo movimento e com gesto. Pelo movimento seria, ele por si só, sem contexto, apenas uma repetição, algo a parte, já com o gesto seria algo que faça sentido, que está envolvido com pessoas e sentidos e ancorado em um contexto. E, assim, ele pergunta como Adriana vê isso. Ela disse que são autores diferentes e perspectivas diferentes, e retorna com a pergunta: quais são a relações de gesto, movimento, materialidade e representação nessa perspectiva?
Em seguida, Paulo explica o trabalho que vem realizando com aprendizagem motora e filosofia da diferença e diz que nota muito o movimento que Adriana trabalha em sua pesquisa. Nesta via, ele pergunta como são as aulas dela, pedindo para contar os detalhes, como desenvolve. Ela se posiciona dizendo que, no momento da aula ela está com os estudantes, e o que faz é ir aguçando as perspectivas para além das imagens e vai dançando com eles. Suas aulas não se baseiam em plano de aulas duros, mas trabalho com eixos, objetivos, porém, como vai fazer para chegar nesses eixos é sempre diferente.
Deste modo, caminhando para o fim do encontro, e contanto com os imprevistos da internet, agradecemos a participação da professora doutora Adriana, e deixamos o convite para participar mais vezes. E, nos restou mais um tempo de debate. Para tanto, Rubens comentou um pouco sobre frequentar grupo de estudos, e utilizou uma analogia com comida, sendo que, as aulas são como um self-service, pois pode escolher o que quer, quando quer, que horas e tudo mais. Já o grupo de estudos é fazer parte do processo, da preparação, que toma mais tempo, e que ainda no final, pode não ficar tão boa a comida. Como o professor Silvio Gallo diz: “aprender demandar perder tempo”.
Então, Rubens de maneira didática trouxe ferramentas para pensarmos a Educação Física para além da dança. Sendo as práticas corporais: lutas, danças, jogos, esportes e ginásticas, e que essas práticas têm algo em comum, a técnica aparece muito forte nelas, a repetição do mesmo movimento. O como se faz já está dado, como deve ser. E, relacionando com o currículo cultural, vemos que na grande parte de seus relatos, apresenta um congelamento na maneira de fazer e, nas abordagens, predomina a tematização das práticas das modalidades hegemônicas. Ou seja, trabalham com imagens congelados de determinadas práticas, pois, o esporte que passa na televisão – o abordado pelo currículo cultural – não é o mesmo que o público escolar tem convívio.
Com isso, caminhamos para nossa foto de registro, mas, antes disso, Elder junto com Paulo, criam mais uma pista para o documento “pistas da aprendizagem”, na qual aprender é afirmar a vida. Rubens faz uma ressalva bastante pontual que nos encontros anteriores foi um pouco apagado o texto de Nietzsche, o qual movimentou o encontro. Entretanto, para o próximo encontro, Paulo (iniciante científico) ficou responsável por apresentar um resumo do 2º capítulo do livro, e Elder (iniciante científico), ficou com o 3º capítulo, para que retomemos ao texto. Assim, finalizamos mais um encontro do às 12h na manhã de sábado.

Curiosidades do encontro:
·        Participação da Prof. Dra. Adriana Gehres;
·        Movimento na dança como artístico e biológico;
·        Aprender é afirmar a vida – pistas da aprendizagem;
·        Currículo cultural trabalha com a tematização das práticas hegemônicas (as que passam nas grandes mídias);






sexta-feira, 6 de setembro de 2019

31-08-2019: 2º Capítulo de Nietzsche de Deleuze - Ativo e Reativo


Começamos nosso encontro com a apresentação de Rubens, explicando como o grupo funciona, demos também as boas-vindas à Sphepanie e Alexandre, alunos da faculdade do 1º semestre. Na reunião deste sábado, contamos também com a presença de Fidel Machado, doutorando pelo programa e pós-graduação e bolsista pela Unicamp, e a ênfase de suas pesquisas é Friedrich Nietzsche. E, como estamos lendo o livro Nietzsche e a Filosofia” de Gilles Deleuze, aconteceu a ideia de chamar pessoas para corroborar com o acontecimento, sendo que, já foi pensado isto antes, mas, somente agora que bateu a data. Assim, realizamos o contato com Fidel via Skype, bebendo do uso das tecnologias. Ainda como algo simples, mas um tanto quanto potente, levamos um café e algumas bolachas para petiscar.
Após essas apresentações, surgiu propostas de dinâmicas de como tocar o encontro, dentre todas propostas, o grupo optou por ouvir Fidel falar um pouco de Nietzsche sendo algo básico para que, todos possam ter uma visão sobre e também aberto para dúvidas, críticas, indagações e tudo mais. Demos início então na abordagem a Nietzsche com Fidel, onde ele começa expondo um pouco sobre a vida e história de Nietzsche e alguns dos autores que ele se inspirou, sendo, dentre deles o que mais se destaca é Arthur Schopenhauer. Um autor trágico, que afirma que na vida todos os caminhos nos levam a sofrer, e traz o corpo como elemento central para pensar, que naqueles tempos, o corpo era deixado de lado.
Continuando, Fidel coloca a moral e ética para pensarmos, e argumenta com alguns exemplos, trazendo à tona a imagem de Jesus de Nazaré, pois, pessoas que não tem conhecimento sobre Nietzsche, o associam com demoníaco, ateu, etc. Assim, Nietzsche não crítica Cristo, mesmo em seu livro “o anti-Cristo” ao contrário, diz que ele foi uma pessoa exemplar, mas o erro foi fazer dele diversas religiões que pregam determinadas morais à serem seguidas. Por esta lógica do pensamento, a moral julga, rotula, puni corpos, sendo um movimento vertical. Já a ética em Nietzsche, é afirmar a vida, ou seja, fazer coisas que você gosta de fazer, dentro de seus valores, seguindo rumos de linhas transversais.
Rubens diz para Fidel explicar um pouco mais sobre o porquê Nietzsche romper com Schopenhauer. Fidel comenta que Schopenhauer convida para vida, mas de certa forma dá a entender que é preciso suprir a vida, e pega o termo vontade e a faz de vontade de poder, vontade no verbo, vontade de suprir. Deste modo, Nietzsche rompe por ele negar à vontade, pois, negar à vontade é negar a vida. Rubens coloca outro ponto para pensar, diz que: e se ao afirmar a minha vida e ferir a vida do outro. Fidel argui que Nietzsche, em determinado momento usa o conceito de força para falar do homem, e o homem para se tornar forte é preciso compreender a dinâmica de valores, se aniquilar todos não vai ter mais conflitos. Ou seja, ele precisa do outro para viver, sem o outro não seriamos nada.
Ainda com Rubens, ele pergunta: a afirmação da vida constante não pode gerar uma autodestruição? Fidel o responde dando exemplo de Apolo e Dionísio, que um não vive sem o outro, eles coexistem e em certos momentos um alta com mais intensidade que outro, caminhando juntos em uma balança. Ainda complementa citando Scarlet Marton quando fala sobre a sociedade rebanho, e o primeiro passo para fugir disso é perceber que fazemos parte do rebanho, rebanho no sentido de sempre estarmos subjetivados e influenciados por outras pessoas.
Voltando na questão de ética e moral, Elder pergunta se é possível ser cristão e nietzschiano? Fidel diz que antes é preciso elencar alguns fatores para pensar sobre a filosofia dele. Os elementos já são por si pouco convidativos. Afirma que ser cristão hoje, tem pouca ou quase nada dos ensinamentos deixado por Cristo, então, seria difícil ter um cristão “puro”. Mas, com isso, sendo apenas um comentário dele, dizendo que são sempre singulares os gostos e as intensidades, afirma que sim, e que Cristo foi uma pessoa que afirmou a vida.
Com isso e dando sequência ao encontro, Paulo coloca uma questão: nós estamos se construindo em um projeto moderno em que Nietzsche, vem reverter, Nietzsche chama de niilista aquele que nega a vida, como você vê a transcendência em Nietzsche, se antes era vista como algo a se atingir, qual é a transcendência que Nietzsche trás? Fidel diz: tem o niilismo ativo (cristão) e passivo (larga tudo, vira um ressentido) e o afirmativo para ter a vida como o valor dos valores. A vida aqui e agora, uma vida imanente. Ainda Fidel da coloca o exemplo da vida como passar na corda da vida, onde diz que a vida e como passar em uma corda, alguns passam com medo, outros nem tentam, alguns passam dançando, correndo, pulando, outros passam bem devagar.
Entrando mais especificamente no texto, Fidel fala sobre o texto de vivência e experiência, a vivência para Nietzsche é sentir sem saber que sente, não racionaliza. E na lógica moderna isso gera sinônimo com experiência com determinado fim já posto a priori. A experiência na lógica moderna já tem todo um fim pré-concebido. Rubens, aponta isso agora no currículo cultural, mas nos antigos 10 anos, se nega o que foi falado. O currículo cultural, como qualquer outro currículo, é uma maneira de que governar condutas, um problema é fazer do currículo cultural uma nova tábua de valores, seria virar um novo modelo. A grande dificuldade é não ter esse modelo, ao assumir múltiplas saídas é não se debruçar em um modelo.
Sofia, comenta sobre alguns conceitos do texto onde teve algumas dúvidas, como o conceito de força, eterno retorno uma força reativa e o devir reativo da força. Assim, Fidel fala sobre o eterno retorno em Nietzsche e diz que a dialética não é hegeliana é perspectivista, não é binária é múltipla, e sobre o eterno retorno disse se você volta-se mil vezes no mesmo dia, você seria feliz? Mas, o mesmo fazendo a ressalva de que sempre voltamos na diferença. Rubens aponta que a filosofia deleuze-guattariana tem um devir Nietzschiano, e a grande moral que nos limita a vida é o capital, e Deleuze e Guattari se propõem a pensar isso, em alguns momentos se sujeitar para que outras se afirmar, encerre perguntando à Fidel como ele vê isso com Nietzsche. Fidel diz: ao contrário do ócio é negócio, para Nietzsche a vida é uma guerra, mas, entende que ele começou a rasgar o caos, todavia não se debruçou muito nessas questões, seus leitores sim.
Caminhando para reta final do encontro, agradecemos pela presença do Fidel e deixando o convite para quando quiser participar mais vezes e a importância de sua presença no grupo. E, Rubens para finalizar conta que fizeram o exemplo do burro de maneira equivocada, pois, quando o burro cansa de ser violentado, ele empaca e ninguém tira do local, ele não é fácil de ser domado e nem tão produtivo. Diferente do cavalo e camelo, que trabalham até morrer, sempre produzindo, e são passíveis de adestramentos. Assim, encerramos nosso segundo encontro do semestre, no sábado dia 31 de agosto, de 2019, às 12:00.










sexta-feira, 16 de agosto de 2019

10-08-2019 - 1º Capítulo - Nietzsche e a Filosofia


Iniciamos nosso primeiro encontro do segundo semestre, no sábado dia 10, às 9h de agosto de 2019. Demos boas vindas as novas participantes, Sofia, Sabrina e Kettelin, do 1º semestre da FEFISO/ACM. Começamos nossa reunião com Rubens dizendo que, neste semestre, com a sugestão de Elder, todo encontro faremos um café coletivo, sendo algo simples, para não pesar financeiramente a ninguém. Ainda Rubens, expôs como o grupo trabalha, e foi feito um convite aos congressos que iremos participar e realçando a presença dos iniciantes científicos que submeteram trabalhos. Sendo eles os congressos do semestre: CONBRACE no Rio Grande do Norte, Conexões na UNICAMP e SEMEF na USP.
Foi então apresentado o que iremos discutir esse semestre e, não menos importante, realçando o que estudamos nos anos anteriores, fazendo assim uma rápida abordagem ao documento que vem sendo desenvolvido em conjunto com o grupo “pistas da aprendizagem”, onde se é criado pistas como poder ser aprender e ensinar na perspectiva da filosofia de diferença. Foi apontado também, já relacionando com o livro que iremos discutir no semestre, as intersecções, os agenciamentos de Nietzsche e Deleuze. Por conta de tais problemáticas, foi justificado o porquê desta leitura, pois Nietzsche é um Filósofo que afirma a vida. E a perspectiva que o grupo vem pesquisando é um autor que começa esse movimento do pensar diferente. E uma das lutas dele era sobre a moral que delimita modos de vida, modos de ser, de agir, a moral aqui, é entendida enquanto algo transcendente.
Consequentemente, Rubens cita alguns vídeos que pode servir de apoio para mergulhar nesses novos mares, sendo de fácil acesso e se encontro no You Tube, palestras de: Roberto Machado, Amauri Ferreira, Oswaldo Giacóia, Clóvis de Barros e outros. Após essa abordagem, foi aberto espaço para as impressões de leituras, onde todos e todas tiveram espaço de fala a dizer sobre o que haviam achado do texto, se estava fácil ou difícil, quais foram as dúvidas, incômodos e o que quiser. Paulo abriu essa discussão com alguns comentários, afirmando a diferença de ler Nietzsche e ler Nietzsche de Deleuze, pois Deleuze escreve aos seus modos, e deixa um tanto quanto mais acessível, o mesmo ainda afirma que sentiu uma facilidade de ler, pois já fazia um tempo que vem lendo coisas nesta perspectiva. Para Elder, a leitura lhe pareceu um tanto estranha, eram outros vocábulos, outros modos operantes, outras estruturas e diz sobre a fase de Gilles Deleuze enquanto jovem comentador, um acadêmico, e sobre seu encontro com Félix Guattari.
João Pedro, sentiu uma certa facilidade também e gostou bastante do movimento em que Nietzsche faz de ligar a Filosofia/Ciência com a Religião. Lucas diz que lhe pareceu difícil, mas não se prendeu muito em conceitos específicos, porém buscou entender o de maneira mais geral, citou o trecho “os deuses morreram, mas morreram de rir ouvindo um Deus dizer que era único” (DELEUZE, 2018, p. 12). Clayton, bastante intrigado com as relações sobre a moral, expõe uma questão para o grupo: é possível ser cristão e nietzschiano? Seria possível que dois platôs de intensidades bastante diferentes assim, sendo quase um oposto do outro, seria possível pensar em sujeito assim?
Wellington diz que é possível sim, pois na filosofia nietzschiana onde existe uma essência do pluralismo, pode-se pensar e viver diversas coisas a partir daquilo, porque essas linhas de pensamentos não se preocupam com respostas estabelecidas a priori. Rubens adiciona dizendo: é possível, sim, se não levados ambos ao extremo. A partir disso, Paulo diz que os escritos de Nietzsche lhe parecem muito atual, e faz uma relação de como a moral contemporânea cria modos para subjetivar uma grande parte da sociedade. Pois por conta de tradições criadas, pessoas em nome de uma moral maior se limitam de viver certas experiências, e entendem Deus enquanto julgador. Ainda com Paulo, ele nos diz um pouco sobre a história de Jesus, dele na terra, que vivia sempre os mais pobres, os miseráveis, mas, capturaram alguns de seus pensamentos e transformaram em uma moral, uma moral que julga e pune. Rubens incrementa dizendo que, poderiam fazer isso em outras áreas também, como na Educação, ao transformar pensamentos em verdades, e que devemos tomar certos cuidados ao operar com a filosofia da diferença. Ou seja, qualquer pensamento, seja o mais revolucionário possível é apto de ser capturado e engessado, transformado em verdades absolutas.
Todavia, João Pedro realiza uma pergunta à Paulo, questionando-o sobre a tal atualidade de Nietzsche. Paulo entende que esta atualidade é amarrada com o tempo, e com as representações, representações de discursos, pois, na época em que ele escreveu, as coisas de um modo geral eram muito mais seletivas à quem iria receber, e na medida em que temos acesso a diversos discursos, assim se faz uma pluralidade de saberes. Porém, foi ele quem dá início com o pensamento da diferença. Aos emaranhados de ideias expostas no texto e na discussão, Maria Clara, resgata uma questão sobre a vida trágica, onde, no jogo da pluralidade, uma coisa pode também ser muitas outras. Isto é, todo objeto está inserido em um contexto maior e, o significado é sempre arbitrário.
Alegria é a força movente, é potência, vontade de vida, o que Nietzsche afirma no texto, e não sorrir, Rubens coloca este ponto ao grupo. Voltando à pergunta aberta por Clayton, Rubens coloca que: dependendo dos graus que você estabelece com uma cosmovisão, ser cristão e nietzschiano, e diz que a vida não precisa ser sofrida.
Ao decorrer da discussão, foi pautado o acaso, que é bastante abordado no texto, onde, o acaso é o que ocorre sempre ao encontro, na imprevisibilidade, nas singularidades do encontro. Rubens pensa isso com a aprendizagem, e realiza uma analogia de um jogo de futebol, pois, toda partida ocorrem os acasos, o imprevisto, não pouco frequente acontece de times com jogadores menos conhecidos da outra equipe ganhar o jogo, e, algumas pessoas chamam de “subverter a lógica”. Assim, acontece com a aprendizagem também, mas, como Rubens coloca o professor faz parte da partida, joga-se junto, ele também toca na bola, realiza passes, marca, pois, isso está imerso em relações de poderes, e dentro da aula o professor exerce mais poder, claro que existem sempre momentos específicos à isso.
No acaso existe uma necessidade, e necessidade no acaso, relações imbricadas que acontecem juntas, João Pedro cola essas questões, e pensa com o exemplo do jogo de futebol, pois, há certas necessidades em um jogo, ou seja, não é tudo acaso, pessoas treinam para isso, fazer jogadas ensaiadas e dentre tantas outras coisas de um jogo. Por essa via, isso nos tangencia à pensa a aprendizagem, pois, ela não acontece apenas dos acasos, às aulas possuem certas necessidades, necessidades de ensinar algo, estão imersas em políticas maiores. Elder pensa isso como um possível pista no documento de “pistas da aprendizagem”, pois, assim como a recognição e invenção acontecem juntas, e elas coexistem em uma com dependência da outra e existem momentos de intensidades de uma e de outras. Mas, João e Rubens pensam que o documento têm algo assim, porém, deixam a dica de anotar e tentar complementar alguma.
Com os acasos ao decorrer do encontro, esbarramos em um conceito de bastante valor no texto, sobre o pensamento trágico, o que seria trágico em Nietzsche. Entendemos o trágico enquanto aquilo que não controlamos, como por exemplo, uma vida é trágica, não só vida, mas, talvez, diversos momentos da vida. Clayton, vê um nó sobre a “contra dialética” pois, para ele pensar isso: criticar uma dialética, não seria pensar ou pressupor outra? João, propõe pensar o trágico com alegria e sofrimento, mas, como pensar isso além da moral cristã? É possível? Ele entende o trágico como afirmação do acaso, da vida que acontece, afirmar a potência da multiplicidade, e diz que o trágico está além do bem e do mal, não precisa ser classificado. E, ainda como uma das possíveis respostas que ele levante, diz que, talvez seja preciso renascer para além da consciência moral.
Deste modo, por conta do horário, encerramos nosso encontro às 12:00, mas com aquele clima no ar de que, se houvesse mais tempo, ficaríamos. Ressaltamos aqui, alguns pontos mais importantes do encontro, e, claro, a partir da pessoa que vos escreve aqui:
·         É possível ser cristão e nietzschiano?;
·         Pensar o acaso, necessidade e o trágico com a aprendizagem;
·       Na Filosofia da Diferença também existe uma essência, aqui, uma essência nômade, movente, questionadora, da pluralidade, entre as multiplicidades;
·         Pensar em uma “contra dialética” não seria pressupor outra?;
·         Filosofia Nietzschiana afirma a vida;
·         Afirmar a vida permite ferir a vida do outro?




sexta-feira, 7 de junho de 2019

01-06-2019 – Aplicações didáticas a partir da Filosofia da Diferença

Iniciamos o encontro com a apresentação das novas pessoas e, foi realizado uma abordagem sobre onde estamos operando, sendo a aprendizagem a partir da filosofia(s) da diferença. Após isso, João Pedro fez o convite a todos sobre o congresso SBCE, que acontecerá no Rio Grande do Sul, sendo o maior congresso de Estudos Culturais da América Latina, e nosso grupo teve 2 trabalhos aceitos. Paulo ficou responsável por colocar na lousa os “princípios didáticos”, um documento que vem sendo desenvolvido no grupo de iniciação científica e na pesquisa do Rubens. Foi exposto este documento para os demais saberem o que estamos produzindo e relacionar com os textos e, também passível a críticas, mudanças, opiniões diferentes etc.
Em seguida a esta introdução, começamos as discussões sobre os textos. Rubens pediu para que primeiramente fizéssemos algumas impressões de leitura, então, Paulo iniciou com uma fala a sobrevoo sobre os textos e, o que mais lhe chamou a atenção foi o conceito de “gesto” proposto no texto “Diferença E Gesto Em Sala De Aula” e, com isso, ele pensou em uma possível pista para o documento que estamos desenvolvendo. A seguir, Elder colocou uma pergunta para o pensar em grupo, com o texto “Deleuze-Guattari e Educação Física Cultural: pedagogia do conceito de ‘escrita-currículo’”, como pensar em no currículo cultural ou em qualquer outro a partir de Deleuze e Guattari? Sendo que para eles os conceitos servem para responder um determinado problema singular e, os currículo expressão a priori determinadas coordenadas.
Clayton e Vitor responderam que esta pergunta é bastante pertinente no grupo GPEF-FEUSP e também estão pensando nisso.  Rubens responde: pode se olhar para os engessamentos ou para os seus rizomas. Todo currículo engessa. Podemos pensar o currículo cultural como uma maneira de dar aula dentro muitas outras possíveis, pensar o que ele tem de bom, os diferentes agenciamentos que ele propõe. Rubens entende que o problema de está na escrita sobre o currículo, pois, a escrita está imersa a estruturas, a territorialização. Mas, podemos pensar em práticas inspiradas pela filosofia(s) da diferença. 
Pensando a partir disso e com outros assuntos, Vitor trás um assunto bastante interessante ao debate, ele faz uma leitura de que a Educação, a Escola enquanto mecanismos de controle trabalham na lógica do que um corpo deve, e, pensar em aulas de Educação Física com esta perspectiva é, também pensar no que o corpo pode. Com a fala do Vitor, Rubens cria um novo princípio para o material que está sendo produzido, sendo ele: “ensinar é, pensar e proporcionar encontros sobre o que pode um corpo, e não só o que deve um corpo”.
Elder propõe uma discussão mais próxima sobre os princípios da aprendizagem e se possível ir relacionando com os textos. Com isso, foi esmiuçando a discussão de cada princípio, pensando sobre as variantes, se cabe críticas, se cabe complementos e outros. Em um dos princípios, é dito que a aprendizagem é sempre imprevisível, mas, Rubens traz uma fala intrigante a pensar, que para ele, a figura do professor é só mais um vetor de muitos em uma aula. Contudo, neste jogo de poder, o professor em sua aula exerce mais poder, então ele pode priorizar o que trabalhar, se não, poderia dar o entender que é tudo incontrolável e, ainda faz uma realça, a Educação é bastante controlada, mas, a aprendizagem escapa, desvia.
Para Andressa e Clayton pensar isso dá um certo alívio, ter consciência de que não seremos professores/as profetas que iremos salvar ou revolucionar o mundo com nossas aulas. Mas sim operando como Silvio Gallo propõe, em uma educação menor, nas micropolíticas. Rubens toma o cuidado de dizer que dar aulas nessa perspectiva é, de certa forma priorizar a invenção, mas, é preciso prudência, pois, nenhuma aula é completamente inventiva ou recognitiva, elas acontecem e não analisar que isso se dá em um processo dicotômico. Entendemos essa perspectiva pela lógica do rizoma, no sentido do “e, e, e...”. Pensando com o texto do Gallo, Elder diz que ensinar é lançar sementes, mas, se a pessoa irá aprender ou não é imprevisível e têm relações com o conceito de tempo-duração de Henri Bergson.
João Pedro, Rubens e Vitor trazem à discussão a teleologia, que foi abordada nos textos para o encontro, e com isso, pensam em: ter direito à uma teleologia docente, e conforme a discussão propuseram isso como mais um princípio. Em linhas gerais, esses foram alguns dos acontecimentos discutido neste encontro. Após isso e devido ao horário, foi aberto a discussão para leituras no próximo semestre, sendo que, sempre estamos tentando outras propostas, neste semestre foram escolhidos de 4 a 6 artigos por encontro e discutir a partir deles. Contudo, foi pautado que, seria mais interessante pensar em 3 artigos para que, todos possam ler e gerar um dialogo melhor. Outra proposta foi pegar um livro e em cada encontro discutir um capítulo e, se preciso alguns artigos introdutórios. A proposta de ler um livro para o próximo semestre aderiu mais força e caminharemos nesta perspectiva. Assim, encerramos mais um semestre.
Princípios do encontro:
- Estar atendo aos gestos em sala de aula como convite a aprendizagem dos signos;
- Pensar no que o corpo pode, não só que o que o corpo deve;
- Direito à teleología docente;
- Ensinar é “lançar sementes” (Gallo) e têm seu tempo e duração singular (Bergson), ou seja, algo pode fazer sentido após determinado tempo que é sempre imprevisível.





PS: Notas da Eliza abaixo.

Vídeo potência....
É difícil pensar de forma não dicotomia
Desafio em perceber os momentos de potência
Ao mesmo tempo que pode possibilitar os bons
encontros pode proporcionar também os maus
encontros(tédio, sem pensamentos), além de que
há uma expectativa do aluno em chegar e ter uma
queimada e se decepciona por ser outro conteúdo
As vezes o professor chega sen potência e tem a
potência aumentada pelos alunos, do encontro
com os alunos.
Texto Silvio Galo- recognição, representação, ao tentar
entender o outro a partir de explicar o outro a partir do
que eu penso. O outro é inapreensivel, é singular.
A educação é um empreendimento coletivo, é sempre
encontro por isso esta ideia de alteridade. Os corpos
podem coexistir sem encontro. O aprendizado
foge ao controle, se aprende o que o professor
nem imaginava ensinar
Professor enquanto atrator de afetos
Numa aula a gente sabe o que esta em jogo, uma
máquina social que nos amarra, não é fugir, talvez
resistir pra não viver de forma impotente. O que faço
a partir do que é dado pode ser encontro de potência,
ferramenta para movimentar ideias, o sujeito não quer
estar na faculdade as 7 da manhã mas o Rubens falou
sobre usar do poder para virar potência.
Educação como vetor de produção de singularidades,

em sentido deleuziano e anarquista.
Não é possível saber e controlar como alguém
aprende. É produção e movimentos que pensar o
singular parece que não chega a lugar algum.
O Clayton perguntou o que vetor de singularidades
produz potência? Olha a gente não pode
homogeneizar vamos singulizar, sendo assim uma
nova norma, uma nova homogeneizar.
Separar o que acontece do que o professor espera, a
perspectiva da filosofia da diferença sabe o construto
social e se propõe a movimentar o pensamento,
a moderna também produz singularidades mas
talvez não sabe.
Em alguns momentos precisa ser estruturado para
ser compartilhado mas apesar desta estruturação o
professor é só mais um vetor e mais uma força.
Como defende em uma tese em imanência mas
viver na transcendência? Pode ser uma alternativa
pois te leva ao limbo, não te da respostas, é a
transcendência te conforta.
Você se rende a ferramenta que você tem, te
trás um conforto.
Diversos modos de vida já se intiguiram mas
a igreja não.
Articulação entre micro e macro, a gente age no
micro e o que seria? No espaço e no tempo, é aqui
pois quando você vira a esquina já é atravessado
por outras coisas.
O aluno não aprendeu a culpa é do professor e os pro‐
fessores que lembramos é aqueles que identificamos

que ensinaram as mais coisas pois estamos na lógica
de que queremos dar a resposta certa.
Tem as linhas de força d graduação, da pós... Tem a
questão que estamos produzindo ciência.
1 Sensibilidade ao devir potência;
2 Modulação do controle;
3 Articulação micro/macropolitica;
4 Experimentação dos encontros;
5 Organização dos encontros;
6 Avaliar constantemente o processo;
7 Estar atento às misérias;
8 Sempre produzir singularidades;
9 Dar aulas sobre o que buscamos aprender e
não o que já sabemos;
10 Ensinar inventivamente é imprevisível;
11 Ensinar é possibilitar a invenção do problema
12 O professor é um artista;
13 A potência está (pode estar) na indagação;
14 Não se apaixonar pelo poder;
15 Ensinar é produzir máquina de guerra;
16 Proporcionar encontros com direito aos
próprios problemas;
17 Estar atento aos gestos;
18 Lançar sementes
19 Direito a teleologia docente.
Avaliar não é a mesma coisa que dar nota, dar nota
é só preencher requisitos que você tem que cumprir
e que você acordar com os pares, já avaliar é olhar
para o processo, olhar para os afetos. O próprio
professor se avaliando mas da ordem dos afetos,

não dá racionalidade, você intui que a aula tá ou não
produzindo potências.
Texto Pedro- Ensinar é o que pode um corpo,
espaços dados para experimentar. Pensar o que
pode e não o que é!
Produzir uma máquina de guerra enquanto aquela que
questiona a máquina social, com relação de afetos.
Pode muito bem por exemplo num partido político o
discurso ser máquina de guerra, discurso da diferença
mas chega no poder e pressupõe homogeneização,
então não existe poder de direita ou esquerda mas
graus de cumprir a máquina social.
Livro de Deleuze: Nietzsche.
O anti Édito
Reuniões de experimentações: Filosofias da diferença
é educação- Maria dos Remédios de Brito e Silvio Galo
- Entre as linhas da Educação e da diferença

segunda-feira, 22 de abril de 2019

13-04-2019: Desejo e esquizoanálise


No encontro do dia 13 de Abril, iniciamos com a listagem dos eventos que estão por vir: Congresso: CONBRACE (Natal); Anped (RJ); Curso Educação Física Cultural (FEFISO); Do cais ao caos (Campinas); SBECE (Rio Grande do Sul).
Demos continuidade com o tema do dia “Desejo” (é sempre revolucionário, não se espera), uma leitura de mundo em que  tudo é máquina que se conecta para a produção do real (ex: psicólogo- uma busca de traumas, sem ver os outros pontos de interferências que estão em você), o estar preso dentro de uma estrutura disciplinar. Entendendo desejo sendo o que compõe nos encontros e produz o aumento de potencia (alto ou baixo - momentos), agenciados por máquinas sociais. Havendo o desejo esquizo (eu não quero controle, como está o desejo nas pessoas, produz aumento de potência) e o desejo reacionário (quer mais controle da máquina social-organização). Você nasce e não tem como sair. Já o prazer é o querer.
            Que se dão por fluxos (máquina despótica para desejante): monetário / fluxo de dinheiro - capitalismo (gera um grande mercado- ex: morre o mercado de cds, morre o de filmes, ... mas produz desejos novos, spotify, netflix, games, moda,...), o que mais produz
é a subjetividade capitalista, onde  para se divertir precisa de dinheiro, sem saber produzir potência (ir na casa do amigo para conversar, brincar na rua,... que resulta no aumento de potência) e Vitor relaciona esse processo com essa subjetividade criada por meio do poder que estamos inseridos. Como também quando relacionado a fluidez das relações/composição para a produção de potência, sempre tentamos elevar a potência, mas entende o processo de decomposição (atento aos encontros e busca novas coisas, em um processos sem fim). Deleuze diz que na esquizo é desejo de menos, agenciamento, acontecimentos, ...TRANSVERSAL.
            Como sequência abordamos o texto “Processo de subjetivação segundo a esquizoanálise”, e a necessidade de falar sobre as linhas de desejo (moral e valores): dura (necessidade para uma organização social - ex: pagar o boleto, passar o ponto no trabalho, escola...) , maleáveis (ex: atitudes e ações do professor que permite aumento de potência sem ser disciplinar o tempo todo), de fuga (ex: matar aula... - linha que escapa do limiar do capitalismo, não são territorializadas), linha suicidária (não se encaixa na sociedade e não sabe buscar a potência, só sabem a fase terminal - ex: fascismo, ...). As coisas não são, elas dependem do olhar. Entendendo que Foucault busca pelos prazeres, já Deleuze, o prazer mata o desejo.
A esquizoanálise é o propor encontros, experimentações, para quem se sente espremido pela máquina social, mas "Seja prudente nas experimentações". E com a cartografia sendo a execução de uma pessoas que traça linhas para compor um órgão, capaz cartografar as nossas linhas, de mim, das aulas, das pesquisas, … Sem haver categorização e sim a MISTURA ENTRE SI QUE NÃO PARAM DE INTERFERIR UMA SOBRE AS OUTRAS, RIGIDEZ E VICE E VERSA, COM EFEITOS DE AUMENTO OU DIMINUIÇÃO DA POTÊNCIA. Mas há riscos, a decomposição ou a sobrecarga.
Comentamos também sobre “CORPO SEM ÓRGÃOS”, o não que está subjugado pela máquina capitalista, o corpo como é, já que o corpo capturado é o categórico, existe como obra da sustentação do ramo social. Nenhum órgão meu está a serviço da máquina, aprender a produzir para mim um corpo sem órgãos - a Esquizoanálise trabalha quais são as linhas de fugas que irão compor corpos sem órgãos (aumento de potência precisa de um platô - mas a maneira que olhamos para a ação, é singular de cada um, operando de diferentes maneiras). E o devir, com o processo de ser diferente, quando está aberto para outras oportunidades que não seja da subjetividade; vem se você prever, sem controlar, que acorda de uma forma diferente.
Entendo que esse processo vem de uma canibalização de conceitos filosóficos para a compreensão e ações para o agora, lembrando que as sementes estão lá em Nietzsche; que toda composição é uma decomposição; e que VIVEMOS EM TORNO DOS PRAZERES (subjetividade capitalista - desejo reacionário, para satisfazer os meus prazeres, por ter uma vida vazia sem desejos).


segunda-feira, 1 de abril de 2019

30/03/2019 - Subjetividade e Corpo

Iniciamos o encontro relatando sobre as nossas ações quanto a leitura, que buscamos a extração, o trazer para a nossa realidade - Educação - e a busca constante de aproximações com o ensinar e o aprender, permitindo a criação com os seus significados. Se dando pela leitura do permitir-se aos fluxos e após o término, o entendimento das estruturas do textos e as compreensões adquiridas.
As nossas discussões, se deu com um breve comentário do texto "Sensibilizar para viver a criação" e priorizamos o texto “Educação, cultura e subjetividade: Deleuze e a Diferença”, que se aproxima muito do nosso foco e ações, subjetividade e corpo.
            Sobre o primeiro texto relacionado a dança, problematizamos o entendimento sobre a parte prática da autora, dificuldade do entendimento, mas que se deu pelas conexões com o outro, que permite a criação e a sensibilização com as práticas de si, sendo sempre imanente, que sai ali, naquele momento que se deu os encontros, impactando o momento com o deixar fluir. Isto se dá pelos encontros se resultarem do entre, a filosofia relacional. Cabe a compreensão que a racionalidade trava as nossas ações, pelas marcações que são dadas e direcionadas, como a Lilian deu o exemplo do Ballet, todos sabem ou possuem uma noção imediata do que seja. E o Rubens continuou dizendo que quando somos mediados pela razão, nos distanciamos do nosso corpo, de si mesmo, porque não estamos a vontade. Compreendendo assim, que a dança-educação são como a junção do sentir e o fazer, pelos encontros e significados.
            O segundo texto, iniciou com o exemplo de Rubens, de uma aula, sobre a filosofia da diferença, que estando naquele momento a visão flui, mas que ao sair daquele instante já se encontra novamente no racional.  E que  toda repetição carrega uma diferença, como Rubens disse todos nós possuímos uma rotina, por exemplo,  todo dia você vai para faculdade, isso se repete diariamente, mas não é a mesma coisa, igualzinho por descrição todo o dia, acontece algo que o difere dos demais dias.
            Para Deleuze não existe uma identidade, já que são infinitos modos de existência e para o filósofo o corpo coexistem em duas grandezas: VIRTUAL (se atualiza, possibilidade) e o  ATUAL (uma expressão do virtual). A duração da virtualidade sendo a que dá: a diferença de grau (um pequeno instante que muda a natureza, intensidade de fluxos), damos como exemplo um dia como de rotina está indo ao trabalho e é fechado por um carro; e a diferença de natureza (intensidade de acontecimentos), damos como exemplo, a sua mãe morre e afeta o todo. A repetição, resulta o nosso pensamento em que não denota para pensar essas diferenças, só quando acontece, porque nunca se percebe a mudança que irá acontecer e quando percebe, já se tornou uma repetição, "em filosofia, a primeira vez é já a segunda; é essa a noção de fundamento. Sem dúvida, de certa maneira, o produto é que é, e o movimento é que não é, que não é mais" (DELEUZE, 1999, p.127).
            O corpo sempre está no E,E,E,E... e não no OU, OU, OU,.... Pensando na multiplicidade, já que esse corpo não tem identidade (só se sabe pelo momento que esteve). E o que se repete é a matéria, repete, mas carrega a diferença, só enxergamos a matéria. A ciências analisa o grau da repetição dessa matéria, mas há uma diferença do virtual, que atualiza de outra maneira a sua perspectiva e a natureza só está no pós, o que difere é a duração, mudança na forma de existência para cada um.  

" As multiplicidades são a própria realidade e não supõe nenhuma unidade, não entram em nenhuma totalidade e tampouco remetem a um sujeito. As subjetivações, as totalizações, as unificações são, ao contrário, processos que se produzem e aparecem nas multiplicidades. Os princípios característicos das multiplicidades concernem a seus elementos, que são singularidades; as suas relações, que são devires; a seus agenciamentos, que são hecceidades (quer dizer, individualizações sem sujeito); a seus espaços-tempos que são espaços e tempos livres; a seu modelo de realização, que é o rizoma (por oposição ao modelo da árvore); a seu plano de composição, que constitui platôs (Zonas de intensidade contínua); aos vetores que as atravessam, e que constituem territórios e graus de desterritorialização.” (DELEUZE; GUATARI, 1995, p.8).

            Trecho que foi abordado por Rubens, para que haja o entendimento de todos de alguns conceitos necessários para dar continuidade as leituras e estar familiarizado para todos: singularidade, devires, acontecimento, hecceidade, espaço tempo livre, rizoma, cartografia, platôs, território e agenciamento.
            Finalizamos com um trecho do texto e a problematização de que o encontro nosso de pistas e princípios, permite o fluxo maior. "O desafio posto para o professor de Educação é propor uma educação cujas práticas educativas não impeçam o devir, mas o implementem. Portanto o desafio é o de implementar o exercício da infância e o pensamento” (ABRAMOWICZ et al., 2009).