domingo, 4 de outubro de 2015

Encontro de 26/09/2015 - Educação Física no Brasil, a história que não se conta - Lino Castellani Filho

Mulher na história da Educação Física

A adequação da Educação Física direcionada à mulher se fez necessária à mudanças em seu processo histórico, levando em consideração suas características biológicas e principalmente sócio-culturais.
Era viável que em nossa sociedade a prática da Educação Física pela mulher fosse designada diretamente à preparação de seus corpos para uma gestação perfeita, dona de casa forte e esse papel era reforçado por leis e decretos da época.
A mulher era caracterizada por um comportamento submisso e servil, e sua inserção na prática da Educação Física era justificada apenas pela necessidade de prepara-las para a imagem de mãe estigmatizada  pela sociedade.
E hoje, embora a luta pela inserção de “uma nova mulher” na educação Física seja constante, existem ainda discursos que se opõem. Há muita luta pela frente.
Mariana Xavier e Camila Conhe

Educação Física e Militarismo

A Educação Física tem suas origens marcadas pela influência das instituições militares, pois precisavam desenvolver um indivíduo forte e saudável para defender o país.
O método inicialmente utilizado era o Francês e posteriormente foi o método Alemão.
A Escola da Educação Física foi criada inicialmente pelos militares.
A Escola da Educação Física depois de muita luta, conseguiu seu ingresso na USP, pois na época havia muito preconceito, porque achavam que a Educação Física era puramente muscular e não intelectual, não merecendo abrigo nas instituições superiores.
Novamente com a ajuda/imposição dos grupos militares, a Educação Física foi aceita no nível superior, mas não no mesmo patamar dos demais cursos.
Em um dos depoimentos há um comentário de que teve um rebuliço de fazer estudo de um novo currículo, de tornar a Educação Física obrigatória.
Há um pensamento também que “quem está ligado ao esporte, raramente se interessa por política”.
No depoimento da professora Maria Lenk, ela deixa claro que essa ajuda toda dos regimes militares é porque o regime militar se preocupa sobre tudo, com a higidez e a aptidão física, por estarem os militares sempre atentos ao risco de uma nova guerra.

Beatriz e Rosana

Medicina, Higiene e Educação Física

O texto fala sobre a eugenização da raça brasileira, da influência médica e estereotipação do comportamento social e familiar. Onde há um “modelo de uma nova família brasileira” a ser seguido e que a educação física e saúde corporal não era exclusiva dos militares, mas associada aos médicos tratava a medicina social e índole higiênica, ditavam um modelo a ser seguido.
No livro também é cito o autor Foucalt, relatando que “a medicina era técnica geral da saúde mais que serviços de doenças e curas, também importantes no âmbito da política e do poder, organizando as famílias”. Era mais higienista e menos terapeuta.
Citando a ideia de Freire Costa, mostra o Higienismo em destaque e a competência médica. A família era vista como incapaz de proteger a vida de crianças e adultos, pois havia um alto índice de mortalidade infantil e precárias condições de saúde. A solução seria causar uma revolução nessa família abordando a educação física, moral, intelectual e social, cultivar o gosto pela saúde, eliminar velhos hábitos de desordem higiênica.
O corpo passou a ser visto como saudável, robusto e harmonioso e opositor ao corpo relapso, flácido e doentio do indivíduo colonial. Isso acabou representando a classe de uma raça e incentivou o preconceito e o racismo excluído aqueles que não tinham o modelo anatômico construído pela higiene. A intenção agora era desenvolver a hereditariedade da raça branca.

Gláucia Ganzarolli

Educação Física, Ditadura e Esporte

No período ditatorial, a educação se pautava em um tecnicismo. Basicamente, a ideia era aumentar a produção industrial e, para tanto, seria necessário qualificar a população.
A contribuição da Educação Física nesse contexto estava relacionada à produção de um corpo que suportasse o ritmo de trabalho e produzisse com eficiência.
É um período também em que ocorre a ascensão do esporte, que esta ligado a uma ideia de patriotismo. Também atendia com eficácia aos interesses da classe dirigente em relação a extinção de questionamentos contrários ao regime em roga.

Wellington


Industrialização, Educação Física e Trabalho

A educação Física nesse momento da história tinha seu objetivo em melhorar as aptidões físicas dos trabalhadores para melhorar o desenvolvimento econômico do país. Onde os funcionários das empresas privadas eram estimulados a praticar esportes e fazer exercícios físicos nos horários de folga e com esse costume melhorar sua saúde física. Ou seja, a Educação Física era uma ferramenta para dominar ainda mais a população de massas, pensando na saúde do trabalhador para produzir mais e não para o bem próprio do trabalhador.

Jorge e Clayton

Ética colonial e Educação Física

A ética colonial e a Educação Física, no texto, se encontram ao passo que a colônia fazia uso da educação física , ou do militarismo para o desenvolvimento da segurança pública, e não apenas para isso, também fez valer a higienização da população tendo em vista exercer o poder sobre a população por meio da medicina.
Toda essa ética e pensamento de poder e controle esta, até hoje, no centro das discuções na área da educação Física com um ramo advindo do militarismo e das ciências biológicas não apenas no profissional, mas a sociedade em geral.
Por fim, se fez necessário voltar nossos olhos as ciências sociais para abranger assuntos referentes a sociedade no momento histórico atual.

Marcos Martinez

Bases teóricas de Lino C. Filho

O autor é marxista declarado e isso fica claro quando ele usa conceitos como luta de classes, ideologia, reprodução, dominantes, pedagogia histórico- crítica, etc! entretanto, chama a atenção alguns trechos que escapam das temáticas marxistas clássicas, como a questão da mulher na Educação Física e na sociedade brasileira e as citações de Michel Foucault.
Enquanto as ideias de Foucault são usadas de forma reduzida, somente para apoiar a ideia de um estado opressor, ou seja, capturar para a lógica marxista da estrutura/superestrutura, a questão de mulher é uma grata surpresa no estudo. Pode-se dizer que, dentro de uma pesquisa marxista, a questão da submissão da mulher fique em segundo plano.
No mais, o autor compreende o mundo como dividido em classes, sendo que uma delas detém o meio de produção e o capital, consequentemente dominando a outra, proletária. Essa, por sua vez, não esta por melhores condições pois esta ideologicamente convencida dos valores dominantes, incutidos através de mecanismos como a educação, o militarismo, a higienização, etc.

Rubens Gurgel

Tendências apontadas pelo autor

O autor há quase 30 anos, já apontava as seguintes tendências para a Educação Física: Biologizante, Psicopedagizante e Cultural.
Na biologizante estão as aulas com foco nos aspectos biológicos do corpo. Nesse sentido, a educação Física educa e cuida desse organismo.
A psicopedagizante incluía os aspectos psicológicos na educação do corpo, como a cognição, afetividade e socialização.
Por fim, a cultural seria aquela que questionava a atividade das anteriores, situando o homem historicamente, combatendo a suposta neutralidade da educação, lutando por um mundo com melhores oportunidades para todos.


Rubens Gurgel

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