1 –
Com grande satisfação, recebemos mais quatro nov@s integrantes para o
grupo! Após as boas vindas, foram apresentados os meios de comunicação do
grupo: Facebook, E-mail, Blog e Whatsapp.
A colega Monique foi apresentada como a próxima bolsista do programa de
iniciação científica. Sendo assim, a partir desta ata, será ela a responsável
pela redação das próximas!
Ao falarmos sobre esse tema, Rubens justificou a escolha dos novos conteúdos
abordados. Baseado no trabalho de iniciação científica da Monique, no projeto
de mestrado do integrante João Pedro e na sugestão de pesquisa do professor
Marcos Neira, acreditou-se que o estudo da cibercultura seria, além de
fundamental, bastante conveniente. Além disso, o tema perspassa o interesse de
todos do grupo.
Foi mudada também a lógica das leituras, ou seja, se antes tínhamos
textos “contínuos”, agora estaremos debatendo obras desvinculadas umas das
outras, devido a indisponibilidade de todos participarem de todos os encontros.
Como forma de não prejudicar ninguém, optou-se por esta mudança nesse semestre.
Todos foram convidados (convocados) a inscrever trabalho para
apresentação no mapa, mesmo aqueles que estão nos primeiros semestres. É uma
grande oportunidade para ganhar experiência com apresentações! O companheiro
Moska propôs a releitura do vídeo do “The wall” da banda Pink Floyd, como forma
de apresentação em linguagem diferente. Trabalharemos nisso.
2 – Tema:
Alienígenas em sala de aula
Leitura principal: GREEN, B.; BIGUM, C. Alienígenas em sala de aula. In: SILVA, T. T.
Alienígenas em sala de aula: uma introdução aos estudos culturais em educação.
Petrópolis: Vozes, 2008.
Iniciamos as discussões conversando sobre os autores. Professores
australianos que, ao longo do capitulo, citam vários autores conterrâneos que
desconhecemos. Achamos que a tecnologia a qual Green e Bigum (2008) se referem
já está um pouco desatualizada, fazendo com que, de certa forma, atualize-se a
obra dos professores, pois as tecnologias já se renovaram e progrediram (LÉVY,
1999). Ao mostrar-se óbvio para nós, o texto revela o quanto a discussão
levantada pelos professores há alguns anos atrás foi significativa.
O colega Moska relatou que achou muito interessante o fato dos autores
perguntarem quem seriam os alienígenas: os professores ou os alunos? Segundo
ele, não podemos chamar os jovens de alienígenas, nós sim que estamos
desatualizados, e não acompanhamos a mudança que ocorre todos os dias em
relação ao ciberespaço. Rubens contrapõe essa ideia ao dizer que a metáfora dos
alienígenas trabalha com a ideia de “seres vindo de outro lugar (espaço) para a
terra”, o que seria mais ou menos a relação dos “adolescentes vindos de outro
lugar (ciberespaço) para a escola”.
Ao chegarem nas escolas, o confronto geracional, visto a partir dos
Estudos Culturais (ESCOSTESGUY, 1998), é inevitável: nas relações, no
pensamento, na linguagem, no currículo e etc. Ao utilizarem a ideia do cyborg,
os autores mostram a questão da hibridização tecnológica com nosso corpo
biológico (SANTAELLA, 2007), reforçando a ideia de que métodos e currículos
tonam-se obsoletos a cada dia, assim como uma renovação do pensamento
pedagógico moderno atarraxado no ambiente escolar. Nessa linha, o companheiro
Wellington também reclamou que é necessário voltar o pensamento para a questão
cibercultural e relatou sobre como chama a atenção dos alunos uma aula voltada
para mídias e tecnologias da informação (T.I) diferentes da lousa.
Logo, ao ter a possibilidade de enfrentar a cultura escolar, é natural
que a instituição perca o seu potencial de “formadora identitária” através da
subjetivação de cada aluno enfileirado, em silêncio, com medo dos professores e
à espera de uma matéria qualquer que fosse depositada em sua mente. Com o
advento da pós modernidade, as bases modernas de subjetivação identitária como
a escola, a família e a igreja, perdem totalmente a sua força, desfazem-se em
líquido onde o que se encontra são indivíduos à procura da própria felicidade,
sem qualquer compromisso com as ambições comunitárias; indivíduos que tem a
liberdade de “subjetivar a si próprio” por qualquer discurso de qualquer lugar
do mundo; indivíduos que não só aprenderam a utilizar novas T.I’s, mas que tem
seu pensamento constituido a partir disto.
A (nova) companheira Jainy faz uma intervenção muito interessante ao
dizer que vê um grande lado negativo nisso tudo, pois perdem-se os valores
familiares, ou conteúdos importantes para a formação dos jovens. A partir
disso, Moska faz o seu contraponto, ao dizer que a questão do certo ou errado
em relação ao que se é ensinado, é apenas uma questão de criação discursiva,
uma vontade de verdade que não precisa ser necessariamente seguida por ser
“melhor” (FOUCAULT, 1996). Rubens faz então a mediação do debate ao dizer o
quanto a arena cultural, exposta pelos Estudos Culturais, mostra-se presente
naquela discussão.
Dentro dessa fala, é importante pensar em vertentes boas e vertentes
ruins em relação a cibercultura e o ciberespaço: um lado bom, é que os jovens,
não mais subjetivados apenas pelas três instituições citadas, tem muito mais
acesso à informação e uma possibilidade muito maior de problematização em
relação a qualquer assunto, tento então, a liberdade (no sentido foucaultiano)
de ser subjetivado pelo discurso que achar mais conveniente. Por outro lado,
com um número muito grande de informações e possibilidades ao mesmo tempo, a
chance disso tudo ser aceito e analisado de uma forma não crítica, formando
“analfabetos funcionais virtuais”, é muito grande. Aliás, bastante visível
hoje. Como citou o professor Leandro Karnal: “o lado bom da internet é que
todos podem expressar a sua opinião, e o lado ruim da internet é que todos
podem expressar a sua opinião”[1].
Rubens comenta sobre como achou interessante a ideia do “alien-ação”. De
forma rápida, esse conceito faz ligação com a proposta dos aliens e com a
proposta de ideologia alienante[2].
Estar num processo de “alien-ação” é ser subjetivado ideologicamente pelas
novas T.I’s sem saber quem controla e a quem interessa determinado tipo de
informação – casando bastante com a ideia de analfabeto funcional do Moska.
Caminhando para o fim, discutimos sobre duas citações em que os autores
referem-se especificamenta as escolas:
“É compreensível, como Hayles
(1990) sugere, que sintamos uma certa ambivalência em relação a essas
transformações, porque elas nos obrigam a confrontar a diferença e a ideia de
que escolarizar o futuro significa necessariamente ensinar para e com a
diferença” (GREEN; BIGUM, 2008, pág. 226).
Com essa citação podemos voltar a ideia sobre comos
jovens nascem e constituem sua forma de pensar, significar e simbolizar a
partir do pensamento cyborg. Logo, é necessária a adaptação de um “currículo
cyborg”: um currículo que pense, signifique e simbolize de forma diferente.
“Até o presente momento, o apagamento de
fronteiras e a inclinação à reconfiguração espacial demonstrados pelas novas
tecnologias de informação e comunicação sugerem que as escolas e outras
instituições sociais tais como bibliotecas públicas, deverão ser, no mínimo,
significativamente reconstruídas (BIGUM, 1991). Num cenário mais radical, à
medida que a casa, o carro e os próprios indivídus são cada vez mais tratados
como consumidores de produtos high tech, as escolas tenderão a participar cada
vez menos da ecologia digital externa, tornando-se, afinal, realmente extintas”
(GREEN; BIGUM, 2008, pág. 226).”
Conquistamos mudanças tão rápidas e constantes que as escolas não
conseguirão, na visão dos autores, se reinventar a ponto de acompanhar o ritmo do “novo mundo”, formado
além delas. Ao levar em consideração a extinção da escola e, consequentemente,
da Educação Física escolar, Rubens coloca que acha improvável o fim do
movimento: ele apenas será ressignificado. João coloca um contraponto ao
argumentar não só sobre a ressignificação do próprio movimento, mas a ressignificação
da necessidade do movimento para um futuro próximo, acreditando que o movimento
pode vir a não apresentar tanta necessidade. Logo em seguida, Moska responde
que o “não movimento” já é uma ressignifcação do próprio movimento. Rubens
retomando a fala, entende que não acabou e não acabará pois o movimento já não
é tão necessário, porém as pessoas procuram se movimentar por suas próprias
razões e não só por necessidade. Lembrou que é importante trabalharmos com
virtualidades ao invés de possibilidades, caso contrário, tornamo-nos apostadores
demais. Jorge levanta um questionamento para Rubens: e a Educação Física na
escola então? Como resposta final, Rubens argumenta que, na visão dele, a
Educação Física escolar já vem sofrendo com a lógica da sociedade de mercado. Somos
resguardados apenas pela LDB/96 que assegura o ensino da Educação Física na
escola. Se não nos justificarmos por outros motivos (no nosso caso, sob a ótica
das ciências humanas) corremos o risco de sermos extintos.
Como de
costume, foi-nos deixada a “reflexão da
semana”:
“Não se
abalem caso leiam um texto e não entendam nada daquilo que está escrito, pois o
legal é chegar e ver que ninguém entendeu nada também! ” (MOSKA, 2016).
Referências
ESCOSTESGUY,
Ana Carolina. Introdução aos Estudos Culturais. Revista Famecos, Porto
Alegre, RS, v.1, nº 9, dez. 1998.
FOUCAULT,
Michel. A ordem do discurso. 3. ed. São Paulo: Loyola, 1996.
LEVY, Pierri.
Cibercultura. São Paulo, Editora 34,
1999.
SANTELLA, L.
Pós-humano – por quê? Revista USP,
São Paulo, n.74, p. 126-137, junho/agosto 2007.