quinta-feira, 25 de agosto de 2016

1º ENCONTRO 2º SEMESTRE 2016 - ALIENÍGENAS EM SALA DE AULA - GREEN E BIGUM


1 –  Com grande satisfação, recebemos mais quatro nov@s integrantes para o grupo! Após as boas vindas, foram apresentados os meios de comunicação do grupo: Facebook, E-mail, Blog e Whatsapp.
A colega Monique foi apresentada como a próxima bolsista do programa de iniciação científica. Sendo assim, a partir desta ata, será ela a responsável pela redação das próximas!
Ao falarmos sobre esse tema, Rubens justificou a escolha dos novos conteúdos abordados. Baseado no trabalho de iniciação científica da Monique, no projeto de mestrado do integrante João Pedro e na sugestão de pesquisa do professor Marcos Neira, acreditou-se que o estudo da cibercultura seria, além de fundamental, bastante conveniente. Além disso, o tema perspassa o interesse de todos do grupo.
Foi mudada também a lógica das leituras, ou seja, se antes tínhamos textos “contínuos”, agora estaremos debatendo obras desvinculadas umas das outras, devido a indisponibilidade de todos participarem de todos os encontros. Como forma de não prejudicar ninguém, optou-se por esta mudança nesse semestre.
Todos foram convidados (convocados) a inscrever trabalho para apresentação no mapa, mesmo aqueles que estão nos primeiros semestres. É uma grande oportunidade para ganhar experiência com apresentações! O companheiro Moska propôs a releitura do vídeo do “The wall” da banda Pink Floyd, como forma de apresentação em linguagem diferente. Trabalharemos nisso.

2Tema: Alienígenas em sala de aula
Leitura principal: GREEN, B.; BIGUM, C. Alienígenas em sala de aula. In: SILVA, T. T. Alienígenas em sala de aula: uma introdução aos estudos culturais em educação. Petrópolis: Vozes, 2008.
Iniciamos as discussões conversando sobre os autores. Professores australianos que, ao longo do capitulo, citam vários autores conterrâneos que desconhecemos. Achamos que a tecnologia a qual Green e Bigum (2008) se referem já está um pouco desatualizada, fazendo com que, de certa forma, atualize-se a obra dos professores, pois as tecnologias já se renovaram e progrediram (LÉVY, 1999). Ao mostrar-se óbvio para nós, o texto revela o quanto a discussão levantada pelos professores há alguns anos atrás foi significativa.
O colega Moska relatou que achou muito interessante o fato dos autores perguntarem quem seriam os alienígenas: os professores ou os alunos? Segundo ele, não podemos chamar os jovens de alienígenas, nós sim que estamos desatualizados, e não acompanhamos a mudança que ocorre todos os dias em relação ao ciberespaço. Rubens contrapõe essa ideia ao dizer que a metáfora dos alienígenas trabalha com a ideia de “seres vindo de outro lugar (espaço) para a terra”, o que seria mais ou menos a relação dos “adolescentes vindos de outro lugar (ciberespaço) para a escola”.
Ao chegarem nas escolas, o confronto geracional, visto a partir dos Estudos Culturais (ESCOSTESGUY, 1998), é inevitável: nas relações, no pensamento, na linguagem, no currículo e etc. Ao utilizarem a ideia do cyborg, os autores mostram a questão da hibridização tecnológica com nosso corpo biológico (SANTAELLA, 2007), reforçando a ideia de que métodos e currículos tonam-se obsoletos a cada dia, assim como uma renovação do pensamento pedagógico moderno atarraxado no ambiente escolar. Nessa linha, o companheiro Wellington também reclamou que é necessário voltar o pensamento para a questão cibercultural e relatou sobre como chama a atenção dos alunos uma aula voltada para mídias e tecnologias da informação (T.I) diferentes da lousa.
Logo, ao ter a possibilidade de enfrentar a cultura escolar, é natural que a instituição perca o seu potencial de “formadora identitária” através da subjetivação de cada aluno enfileirado, em silêncio, com medo dos professores e à espera de uma matéria qualquer que fosse depositada em sua mente. Com o advento da pós modernidade, as bases modernas de subjetivação identitária como a escola, a família e a igreja, perdem totalmente a sua força, desfazem-se em líquido onde o que se encontra são indivíduos à procura da própria felicidade, sem qualquer compromisso com as ambições comunitárias; indivíduos que tem a liberdade de “subjetivar a si próprio” por qualquer discurso de qualquer lugar do mundo; indivíduos que não só aprenderam a utilizar novas T.I’s, mas que tem seu pensamento constituido a partir disto.
A (nova) companheira Jainy faz uma intervenção muito interessante ao dizer que vê um grande lado negativo nisso tudo, pois perdem-se os valores familiares, ou conteúdos importantes para a formação dos jovens. A partir disso, Moska faz o seu contraponto, ao dizer que a questão do certo ou errado em relação ao que se é ensinado, é apenas uma questão de criação discursiva, uma vontade de verdade que não precisa ser necessariamente seguida por ser “melhor” (FOUCAULT, 1996). Rubens faz então a mediação do debate ao dizer o quanto a arena cultural, exposta pelos Estudos Culturais, mostra-se presente naquela discussão.
Dentro dessa fala, é importante pensar em vertentes boas e vertentes ruins em relação a cibercultura e o ciberespaço: um lado bom, é que os jovens, não mais subjetivados apenas pelas três instituições citadas, tem muito mais acesso à informação e uma possibilidade muito maior de problematização em relação a qualquer assunto, tento então, a liberdade (no sentido foucaultiano) de ser subjetivado pelo discurso que achar mais conveniente. Por outro lado, com um número muito grande de informações e possibilidades ao mesmo tempo, a chance disso tudo ser aceito e analisado de uma forma não crítica, formando “analfabetos funcionais virtuais”, é muito grande. Aliás, bastante visível hoje. Como citou o professor Leandro Karnal: “o lado bom da internet é que todos podem expressar a sua opinião, e o lado ruim da internet é que todos podem expressar a sua opinião”[1].
Rubens comenta sobre como achou interessante a ideia do “alien-ação”. De forma rápida, esse conceito faz ligação com a proposta dos aliens e com a proposta de ideologia alienante[2]. Estar num processo de “alien-ação” é ser subjetivado ideologicamente pelas novas T.I’s sem saber quem controla e a quem interessa determinado tipo de informação – casando bastante com a ideia de analfabeto funcional do Moska.
Caminhando para o fim, discutimos sobre duas citações em que os autores referem-se especificamenta as escolas:

“É compreensível, como Hayles (1990) sugere, que sintamos uma certa ambivalência em relação a essas transformações, porque elas nos obrigam a confrontar a diferença e a ideia de que escolarizar o futuro significa necessariamente ensinar para e com a diferença” (GREEN; BIGUM, 2008, pág. 226).

Com essa citação podemos voltar a ideia sobre comos jovens nascem e constituem sua forma de pensar, significar e simbolizar a partir do pensamento cyborg. Logo, é necessária a adaptação de um “currículo cyborg”: um currículo que pense, signifique e simbolize de forma diferente.
“Até o presente momento, o apagamento de fronteiras e a inclinação à reconfiguração espacial demonstrados pelas novas tecnologias de informação e comunicação sugerem que as escolas e outras instituições sociais tais como bibliotecas públicas, deverão ser, no mínimo, significativamente reconstruídas (BIGUM, 1991). Num cenário mais radical, à medida que a casa, o carro e os próprios indivídus são cada vez mais tratados como consumidores de produtos high tech, as escolas tenderão a participar cada vez menos da ecologia digital externa, tornando-se, afinal, realmente extintas” (GREEN; BIGUM, 2008, pág. 226).”

Conquistamos mudanças tão rápidas e constantes que as escolas não conseguirão, na visão dos autores, se reinventar a ponto de  acompanhar o ritmo do “novo mundo”, formado além delas. Ao levar em consideração a extinção da escola e, consequentemente, da Educação Física escolar, Rubens coloca que acha improvável o fim do movimento: ele apenas será ressignificado. João coloca um contraponto ao argumentar não só sobre a ressignificação do próprio movimento, mas a ressignificação da necessidade do movimento para um futuro próximo, acreditando que o movimento pode vir a não apresentar tanta necessidade. Logo em seguida, Moska responde que o “não movimento” já é uma ressignifcação do próprio movimento. Rubens retomando a fala, entende que não acabou e não acabará pois o movimento já não é tão necessário, porém as pessoas procuram se movimentar por suas próprias razões e não só por necessidade. Lembrou que é importante trabalharmos com virtualidades ao invés de possibilidades, caso contrário, tornamo-nos apostadores demais. Jorge levanta um questionamento para Rubens: e a Educação Física na escola então? Como resposta final, Rubens argumenta que, na visão dele, a Educação Física escolar já vem sofrendo com a lógica da sociedade de mercado. Somos resguardados apenas pela LDB/96 que assegura o ensino da Educação Física na escola. Se não nos justificarmos por outros motivos (no nosso caso, sob a ótica das ciências humanas) corremos o risco de sermos extintos.
Como de costume,  foi-nos deixada a “reflexão da semana”:
“Não se abalem caso leiam um texto e não entendam nada daquilo que está escrito, pois o legal é chegar e ver que ninguém entendeu nada também! ” (MOSKA, 2016).

Referências
ESCOSTESGUY, Ana Carolina. Introdução aos Estudos Culturais. Revista Famecos, Porto Alegre, RS, v.1, nº 9, dez. 1998.
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. 3. ed. São Paulo: Loyola, 1996.
LEVY, Pierri. Cibercultura. São Paulo, Editora 34, 1999.
SANTELLA, L. Pós-humano – por quê? Revista USP, São Paulo, n.74, p. 126-137, junho/agosto 2007.



[1] https://www.youtube.com/watch?v=JmMDX42jOoE
[2] Analisada através da ideia marxista de “ideologia”, proposta pelo companheiro Jorge.