quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

12/12/2015 - Educação Física Brasileira: autores e atores da década de 1980 - Jocimar Daólio - Avaliação e Encerramento 2º Semestre 2015


Neste encontro debatemos a tese de doutorado publicada em livro de Jocimar Daolio, de 1998, onde ancorado nos conceitos da Antropologia Social de Clifford Geertz o autor faz uma análise do cenário intelectual brasileiro na década de 1980.

Escolhemos esta obra para encerrar o semestre após ter lido autores como Castellani Filho, Mauro Betti e Paulo Ghiraldelli, que escreveram obras tradicionais no campo sobre a história da Educação Física. Uma vez que estávamos familiarizados com os momentos históricos da Educação Física Escolar, a leitura trouxe pormenores dos sujeitos que ajudaram a escrever esta história, principalmente após a crise anunciada por Medina, que também lemos neste semestre.

Neste livro, Daolio traz uma primeira parte dedicada a descrever os momentos pelos quais passou a Antropologia como campo de estudos, descrevendo seus passos iniciais que separavam a humanidade em selvagens, bárbaros e civilizados. Fazer Antropologia era estudar o exótico, os povos selvagens e bárbaros distantes da civilizada Europa, catalogá-los, descrever seus estranhos costumes etc. Nesta perspectiva, fazer etnografia era estar imenso nestas culturas não civilizadas

Com Geertz, a compreensão de cultura como toda produção humana se modifica para uma teia de significados nas quais estamos todos presos. Cultura são os símbolos produzidos pelas diversas realidades de grupos humanos, nos quais a vida encerra significância, nas quais a vida acontece. Neste sentido, somos todos nativos, pois estamos todos imersos nesta rede, nos seus diversos pontos.

Assim sendo, fazer etnografia é o ato de compreender e mergulhar na simbologia das diversas culturas ao redor do globo. Mais do que isto, compreender simbologia não necessariamente necessita estar num ponto distante da rede, é possível mergulhar na cultura de outro bairro, de outro grupo de pessoas, de outra escola etc.

Com esta visão, Daolio mergulhou na cultura de diversos autores importantes para a área nos anos 1980, como Victor Matsudo (criador do CELAFISCS e posterior CBCE), Go Tani (que estuda Desenvolvimentismo no Japão), João Batista Freire (baseia seus estudos principalmente em Piaget, apesar de outras influências), Medina (que anuncia a crise, como vimos na leitura anterior) e Vitor Marinho de Oliveira (junto com Medina, o primeiro a colocar a Educação Física sob referenciais das ciências humanas), Lino Castellani e Celli Taffarel (marxistas e criadores do Currículo Cultural, após estudos de pós-graduação na Educação).

Ainda discutimos no grupo como os Estudos Culturais irão ampliar esta visão antropológica de Geertz ao politizar a rede de significados, além de ficarmos surpresos pela ausência de Valter Bracht na lista de Daolio, tendo em vista sua importância para a área.

Antes de partirmos para a avaliação final, discutimos um projeto de pesquisa coletivo para o grupo, que amadurecerá durante o ano de 2016. Por fim, na avaliação os participantes elencaram como pontos positivos os eventos que participamos, a visita de Lino Castellani, bem como a identidade de grupo muito forte que criamos. Como ponto negativo ficou a leitura de livros ao invés de capítulos ou artigos.

Para o próximo semestre ficou decidido que leremos as obras que surgiram pós-crise, além de tentarmos repetir a estratégia de visita de pesquisadores renomados. As metas para o ano que vem são publicar os trabalhos em revistas, participar do SEMEF/FEUSP, ENDIPE, EPIC UNISO e ESEF Jundiaí. Como metas individuais os alunos buscarão ser aprovados em concursos públicos, programas de mestrado, bancas de TCC de graduação e pós-graduação.

Por fim, concordamos de assumir o GTT Escola do MAPA/FEFISO, com o objetivo de aumentar a qualidade do evento, trazer pesquisadores renomados e incluir a comunidade de professores da cidade de Sorocaba. Ano produtivo para todos nós. Feliz Natal e Ano Novo, até 2016!