Abrimos discutindo o momento atual
da cidade de Sorocaba e da política nacional. Foi apresentada a possibilidade
de uma revista para publicação que, por ser nova, não apresenta tanto rigor,
facilitando a aprovação de trabalhos: Rebescolar. Clayton também comentou sobre
a revista “Conexões”, dizendo que seu trabalho sobre relatos de prática já
havia sido publicado sem maiores problemas. Aproveitando o gancho, Anderson nos
avisou sobre as inscrições abertas para mestrado na UNICAMP.
Comunicados:
1 - CHELEF da
Unicamp, com as inscrições de trabalho vão só até dia 1 de Abril.
2 - Congresso
que acontecerá no Rio de Janeiro. Aos interessados, inscrições e submissões de
trabalhos devem ser feitas até dia 25 de Abril. Haverá o colóquio sobre “Filosofia e Educação”. O evento
acontecerá em Setembro e terá duração de uma semana. Do grupo, aqueles que vão,
irão de carro, facilitando para quem eventualmente tiver interesse. Comunicado
sobre o SEMEF que ocorrerá em Julho, dia 15 e 16. Contudo, as inscrições ainda
não foram abertas.
Foi dado início as discussões sobre
a programação do MAPA, no qual o GEPEF está responsável pelo GTT Escola. De
forma resumida, a discussão se deu dessa forma:
- Clayton: sugeriu a vinda de professores da rede
municipal e estadual para palestras sobre suas práticas cotidianas.
- Anderson: sugeriu alguns nomes, os quais Rubens anotou.
- Moska: sugeriu conversarmos com a professora Íris sobre nomes que
poderíamos convidar e se ela mesma poderia apresentar algo.
- Rubens: sugeriu a vinda de Mario Nunes, ou então Lino Castellani –
professores que temos um contato mais fácil.
Sobre a
organização as ideias principais que surgiram foram:
- Mesas
redondas teóricas na quadra, as quais pensaríamos na melhor discussão a apresentar.
- Nas salas a
apresentação de professor e u alunos FEFISO com um membro do GEPEF de mediador.
- Foram
expostas algumas ideias de “nomes” para a discussão da mesa redonda como:
“Confusão Curricular” e “ Descobrindo os currículos da Educação Física”. No
entanto, esses nomes ainda estão em aberto.
Tema: Currículo
Psicomotor.
Leitura
principal:
FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro. São Paulo, 3 ed., Scipione, 1992.
(Páginas 12-14/16-46/80-84/112-119/218-220).
Leitura
complementar: NEIRA, M. G.; NUNES, M. L. F. Pedagogia da cultura corporal.
São Paulo: Phorte, 2006 (Currículo e Educação Física, páginas 103-115).
Objetivo: compreender os
fundamentos básicos desta visão curricular.
Neste livro
somos apresentados parcialmente as ideias da psicomotricidade (digo
“parcialmente” porque entendo que não caberiam num livro de 200 páginas todas
as ideias, bases, objetivos, visões etc., de um currículo da Educação Física).
Contudo, como discutido, o autor recusa definir-se como “seguidor” de um
currículo, pois acredita bastante na sua experiência e prática, ou seja, aplica
aquilo que acredita ser importante para o desenvolvimento dos seus alunos
dentro da sua visão de Educação Física.
Logo,
percebemos que essa visão acaba acarretando alguns pontos de discussões como as
que ocorreram nesse último encontro – por exemplo a falta de rigor teórico na
escrita do livro. É evidente que o autor utiliza de várias bases teóricas e,
talvez, algumas delas que nem concordem com a visão de psicomotricidade.
Contudo, entendemos a visão e sabemos – pelo menos tentando enxergar de uma
ótica menos hipócrita e/ou discriminatória - que a prática no cotidiano
escolar, dificilmente, será embasada em apenas uma teoria e que não haverá uma pluralidade
de bases e autores usados numa aula só.
Debatemos
também sobre a forma como o autor essencializa a cultura infantil. Brincar na
rua, subir em árvores, rodar pneus, brincar com galhos de árvores etc. Da forma
como o autor expõe sua visão, dá-nos a impressão de que aqueles que não
passaram por isso, não puderam ter uma infância boa. O mesmo autor que trata na
introdução sobre a violência que é submeter os alunos a imobilidade, ou seja,
discorre totalmente a favor da visão mais cautelosa e respeitosa sobre o mundo
da criança, trata da cultura infantil como única. Claro que não somos contra o
movimento da criança e entendemos que um dos meios de comunicação dela com o
mundo – principalmente nos primeiros anos - é o movimento. Porém, é preciso
refletir sobre essa dita “cultura infantil”. Refletir em 1992 e em 2016. Qual a
cultura infantil hoje? Impor essa “cultura infantil” pode ser considerado uma
violência também?
Uma palavra foi
amplamente mencionada no livro, nas partes lidas pelo grupo: simbolos. A ideia,
basicamente, é que enquanto a criança não desenvolve a capacidade de decifrar,
pensar e reproduzir (de qualquer forma) simbolos, ela se comunica com o mundo
através do corpo e do movimento. Por isso o autor insiste na ideia de
matricular um corpo inteiro na escola e não apenas a mente. Os pensamentos
refletem no corpo assim como o corpo reflete no pensamento. O corpo e o
movimento são chaves para o desenvolvimento cognitivo e o desenvolvimento da
capacidade de compreensão e reprodução de símbolos. Até aí, tudo é bem bonito,
contudo, uma questão veio à tona no grupo: “e a criação desse símbolo?”. A
ideia de que o movimento prepara para a criação do símbolo é ótima, mas não
encontramos nenhuma menção sobre a distinção política desse símbolo. Será que a
“cultura infantil” permite a mesma assimilação de símbolos para todos? Que
símbolos devem ser assimilados? Quem determinou a assimilação de determinados
símbolos e quem encarregou a Educação Física da preparação para eles? Digamos,
de modo extremamente simples, que a Educação Física te prepara para correr.
Será que ela deve dar um motivo para essa corrida, ou essa não é sua função? Se
não é sua função, por que ensinar a correr?
Logo, outras
questões podem ser debatidas: a Educação Física se tornando um componente
auxiliar, sem especificidade. A intenção da Educação Física é desenvolver o
motor e o cognitivo, para que, com a assimilação da simbologia, os alunos
possam aprender Matemática, por exemplo. O autor vai além, dizendo que podemos
trabalhar Matemática na amarelinha (como citado pelo grupo). Isso talvez
reforce o argumento de que: “hoje ela não vai para a aula de Educação Física,
pois precisa treinar Matemática”. Entendemos que a amarelinha pode ser
amplamente tematizada, possibilitando a volta aos primórdios da história e da
cultura corporal. Por que deveria auxiliar na Matemática? É mais importante? Se
sim, quem definiu como tal?
Pudemos
reconhecer também a excelente capacidade do autor em avançar o conhecimento da
época, que estava centrado no esportivismo. A ideia da psicomotricidade é
realmente muito interessante e pode ser – arrisco a dizer que é – muito
utilizada por todos os professores, por trabalhar com a questão de respeito ao
aluno, valorização do seu conhecimento e de tirar o foco da competição,
entendendo que a Educação Física vai bem além de disputas sem fundamentos.
Chegando ao
final do encontro, nossa companheira Beatriz de uma forma BRILHANTE, fez sua
última intervenção relatando uma de suas técnicas para fazer a chamada em sala
de aula, a qual gerou (logicamente) alguns comentários. Dentre os mais
criativos, destacam-se alguns como: “Beatriz, discípula de João Batista Freire”
ou “Beatriz ajudou a escrever o livro”. A questão é, assim como Beatriz (que
agora descobriu as raízes de sua técnica), muitas pessoas que não leram o livro
de João Batista Freire se aproximam muito de suas ideias e convicções sobre o
que seja e quais os objetivos da Educação Física, utilizando-se de uma base
teórica sem nunca ter ouvido falar sobre ela. As últimas perguntas que ficam
são: isso acontece devido ao forte discurso sobre a psicomotricidade? Por ela
trabalhar amplamente o lúdico e as aulas dificilmente fracassarem?