2º Encontro – 14.03.2020
– Palestra de Acácio Augusto – Educação Libertária
Iniciamos a palestra com o professor convidado Acácio
Augusto, sendo esta conexão através do meio virtual, via Skype, meio este que
estamos a cada vez mais se apropriando dele. Acácio inicia sua fala expondo
alguns caminhos percorridos e quais pontos ele abordaria. Lembrando que para
este encontro Acácio indicou a leitura do livro: Anarquismos e Educação, escrito por autoria de Edson Passetti e
Acácio Augusto. A partir disso, entramos em um acordo, onde Acácio teria um
tempo para fazer uma abordagem introdutória e após sua fala ou até mesmo
durante nós estaríamos convidados para lançar perguntas, dúvidas,
questionamentos, críticas etc.
Com isso, Acácio cita alguns autores dos quais
descreve no livro, muito influenciado pela filosofia francesa contemporânea,
com ênfase em Gilles Deleuze, Félix Guattari e principalmente em Michel
Foucault. Em um dos temas tocados, Acácio nos fala sobre a escola, instituição
moderna por excelência, dobrando em uma sociedade da obediência, que é movida
através de castigo e recompensa.
Todavia, pensar a educação, logo a escola a partir da
lógica do anarquismo, nos leva a percorrer outros caminhos, pois, é um modo de
viver que recusa esse jogo dialético de obedecer e mandar. Porém, notamos que a
partir o desse movimento estabelecido de castigo e recompensa, torna-se mais
fácil governar condutas, pois é gerado certos traumas e receios, com pequenas
atitudes diárias no cotidiano escolar, e também em outros espaços.
Ainda com Acácio, expondo ideias acerca da educação
libertária, ele nos conta que foi criado um modelo de Educação Libertária que
foi capturada pelo neoliberalismo, associada com o acúmulo de capital. Contudo,
vemos que sempre toda ideia nova corre riscos, riscos de ser capturada e assim
criarem modelos universais a partir disso. Acácio Augusto faz uma ressalva e
diz que acredita em experiências de uma educação libertária, isto é, em certos
momentos contextualizados há de ser promovido/propiciado espaços para uma
experiência libertária, práticas libertárias. Movimentos menores, menor como
resistência, como luta.
Com isso, Rubens aproveita a deixa e traz a discussão
mais próximo do campo da Educação Física, expondo que na primeira palestra
desse semestre tivemos a palestra com ele sobre como pensar uma educação física
menor e que há muitas convergências com os estudos de anarquismos e educação.
Acácio achou bastante potente essa ideia de Educação Física menor. Assim, o
encontro foi aberto as perguntas. Junior pergunta o porquê do uso de
anarquismos no plural. Acácio comenta que ele utiliza o conceito no plural
justamente porque são um conjunto de práticas.
Luiz pede para Acácio explorar sobre a educação
libertadora de Paulo Freire e a educação libertária a partir dos movimentos de
anarquismos. Acácio pontua que algumas diferenças, com por exemplo a concepção
de sujeito na educação libertadora de Freire, ele elenca que o sujeito pensado
a partir de Paulo Freire está bastante ancorado na Razão kantiana. Também
mostra alguns limites do sujeito autônomo. Todavia, faz uma ressalva, diz que
são pensamentos diferentes e a ideia não é de destruir Freire, sim apontar
limites e diferenças e coloca sua importância para o Brasil e mundo.
Elder pergunta como seria pensar o cotidiano escolar a
partir do referencial elencado por Acácio Augusto. Acácio expõe que é uma
questão bastante difícil, e que na escola isso se torna ainda mais complicado,
pois a escola é a instituição moderna por excelência. Ele deu alguns exemplos
de suas experiências como professor do ensino fundamental e médio e faz uma
diferença bastante interessante de autoridade e autoritarismo. Dando como
exemplo que o professor tem certa autoridade em determinados assuntos, porém
ser autoritário seria uma conduta fascista.
Caminhando ao fim do encontro, Acácio nos diz a partir
de suas experiências e experimentos a sensibilidade têm bastante diferencial,
pois, com ela é possível pensar em práticas mais atrativas para seu contexto.
Para finalizar, Acácio diz que a Educação pode escolher olhar pela potência e
pela falta, porém é sempre repetido o mesmo sistema, adotado pela falta. Sendo
esta falta como notas, comportamentos, negar a vida agora para viver uma vida
desejável no futuro, está sempre faltando algo nos alunos e alunas. Então
faz-se necessário resistir cotidianamente para uma educação não fascista, uma
educação libertária.