terça-feira, 19 de março de 2019

ATA – 16-03-2019 Tema: Pensamento




Nos encontramos sábado, dia 16 de março na FEFISO/ACM as 9:00 horas para discutirmos textos voltados ao pensamento, a partir de Gilles Deleuze. Começamos dando as boas vindas a Carla e Matheus, após isso, Rubens explicou sobre as funções e porque o grupo existe, disse também sobre nossas relações com algumas universidades, como a USP, UNICAMP e UFSCAR, com isso, foi feito o convite para quem quiser frequentar os grupos de estudos dessas universidades, se comunicar com o pessoal que está indo. Welinton complementou dizendo que, para quem se interessar por mestrado, existe também a possibilidade de participar como aluno especial.
Feito esta introdução do grupo, entramos no texto O agenciamento Deleuze-Guattari: considerações sobre método de pesquisa e formação de pesquisadores em educação, de Cintya Regina Ribeiro, Doutora pela USP e especialista em Gilles Deleuze. Todavia, antes de entrar no texto, Rubens perguntou como foi está leitura, muitos responderam que gerou um estranhamento, uma violência e que ela escreve difícil, porém, para Bia as leituras iam se ligando e fazendo mais sentido. Com isso, Rubens diz que, a autora comenta sobre o dicionário de ambivalência o qual é uma forma de enriquecer a escrita. Aline disse: não compreendi alguns conceitos que a autora coloca ao discorrer do trabalho, porém, no contexto em si pude entender melhor.
Ao desarrolhar do nosso encontro, Bia mencionou a palavra estrangeiro na própria linguagem e, que este conceito vem, não somente da razão, mas também dos afetos / sensível. Para Murilo, o(a) autor(a) quando escreve, escreve também sentimentos. Aline, inspirada no texto de Cintya diz que, ela não afirma nada, não defende uma verdade absoluta, lá não existe um conceito pronto. Rubens complementou dizendo que, dentro desta perspectiva da(s) Filosofia(s) da Diferença, fugimos de modos e sistemas de classificações, de verdades únicas e absolutas, não é preso a rótulos, este pensamento não se limita, pois está aberto as multiplicidades e entende tudo como uma construção.
Cintya, a autora do texto, chama de jogo de cartas marcadas, quando existe uma pesquisa que de antemão já sabem uma conclusão ou ficar repetindo o que já foi dito, pois, a chance de sair algo novo é muito baixo e, pensando com Deleuze, a criação é sempre algo novo, inédito, fugindo deste jogo de cartas marcadas. Para exemplo de um pensamento estruturado é sobre o pensamento de Piaget, pois, de antemão ele cria uma teoria de como todas as crianças do mundo nascem, se desenvolvem e aprendem, este pensamento pode até ser valide e este discurso circula mundialmente com bastante força, todavia, temos dúvidas em propor um método, um teoria mundial, pois, partimos do principio da multiplicidade. O ele faz é, nada mais do que classificar, criar um identidade sobre.
Rubens disse: Foucault não se limitava com métodos, em Palavras e as coisas, ele escreveu todo o livro e, não se preocupou com o método. Todavia, após uma cobrança dos acadêmicos e críticos da época, ele escreveu A arqueologia do saber, como uma possível resposta. Com isso, Welinton questiona: mas, para qualquer trabalho científico, seja de graduação ou pós-graduação, precisamos colocar que usamos ou estamos apoiados em algum método, como para entrar no mestrado, necessita fazer um projeto e neste projeto têm que haver um método. Então, Rubens falou sobre a possibilidade de estratégias, ou seja, escolhas para operar.
Uma das contribuições de Deleuze e Guattari é que eles colocam o corpo na aprendizagem, pois, sempre aprendemos com o corpo. Todavia, antes e ainda existe um discurso sobre repartição de corpo e alma, que deriva de influências de Platão e Descartes. E ao discutirmos sobre o conceito de rizoma, surgiu uma nova pista da aprendizagem, que é, “aprender é ensinar um movimento rizomatico”. Com isso, Rubens colocou um problema para pensarmos, é possível um pensamento criativo sem um desejo esquizo? Inspirados no texto de Cintya, discutimos o conceito de maquina de guerra, de Nietzsche e, entendemos que pode ser entendido como um movimento que transforma o sofrimento como um desejo de vida.
Inspirados no pensamento trágico abordado no texto, que entendemos como um pensamento outro, que opera fora da moral, que foge das normas, aberto as multiplicidades, nos ajudou a pensar outra pista da aprendizagem, que é “aprender se dá a partir do pensamento trágico”. A partir disso, Rubens fez um comentário sobre o currículo cultural, que foi: se o pensamento pós-crítico é criação, por quê tem um discurso colocando como as coisas devem ser, como eixos, não seria um movimento de congelamento do pensamento, o amarrando, limitando-o?
E assim, demos inicio ao nosso terceiro texto do encontro, que foi, “Arte e filosofia em Deleuze e o “fora” filosófico-educacional: uma crítica às formas analógicas de pensamento”. A partir deste texto, discutimos sobre a desterritorização, que ela constitui um dublo-fora sendo um 1º fora de ideias, sobre o campo e conhecimento e o 2º como um fora de si. Após isso, João Pedro citou:
Fazer seu próprio movimento a partir do encontro com o estrangeiro. Não se trata de mediação, nem de interação nem de hibridização. Essas formas, já viciadas, são a plataforma de constituição de um pensamento que opera a partir de mecanismos de reconhecimento (RIBEIRO, ANO, p. 8).
Com isso, nos ajudando pensar em estratégias para escapar do tal jogo de cartas marcadas. Também, pensando a partir do que foi discutido, pensamos em outra pista da aprendizagem, que é “aprender necessita da potência o fora”. Nosso 4º e último texto a ser debatido foi “Pensamento do fora, conhecimento e pensamento em educação: conversações com Michel Foucault”.
Um dos termos que mais nos chamou a atenção foi o de dobla, que entendemos como o pensamento como experiência de resistência instaura necessariamente um plano de criação. Tal ato se faz como uma espécie de “dobra” do pensamento, na qual é a própria linguagem que se encontra sub judice, exausta diante dos rebatimentos infinitos dos atos de reflexão – esse jogo especular das representações e seus avessos. E com isso, podemos pensar os efeitos e resultados dos problemas. A Cintya Ribeiro, autora, questiona sobre o processo de criação de técnicas para dar aulas, pois, dentro deste perspectiva, não existe uma receita, por exemplo, seria inviável fundar um currículo, ou pensar uma educação deleuzeana maior.
João Pedro disse que se aproxima seu pensamento ao dela, pois, para ele também não cabe criar um currículo, porque poderia estar criando um único jeito de fazer, todavia, está perspectiva parte da multiplicidade e com isso, não se conversa. Rubens acredita que pode existir estratégias para lidar com isso. O grupo de iniciação científica vem com ele desenvolvendo um trabalho sobre pistas e princípios didáticos sobre o aprender com Deleuze, fornecendo alguns subsídios para mais pessoas terem acesso, porém não é criar uma receita e sim apontar algumas pistas. Para finalizar o texto a autora sugere duas propostas, a 1º recusar o regime de verdades como dadas e o 2º ter seu próprio pensamento como objeto / problema de pesquisa. E assim, finalizamos mais um encontro.
Pistas desse encontro:
·         Aprender é ensinar um movimento rizomatico;
·         Aprender se dá a partir do pensamento trágico;
·         Aprender necessita da potência o fora.