domingo, 27 de março de 2016

2 Encontro 1 Semestre 2016 - Psicomotricidade e Educação Física - 26/03

              Abrimos discutindo o momento atual da cidade de Sorocaba e da política nacional. Foi apresentada a possibilidade de uma revista para publicação que, por ser nova, não apresenta tanto rigor, facilitando a aprovação de trabalhos: Rebescolar. Clayton também comentou sobre a revista “Conexões”, dizendo que seu trabalho sobre relatos de prática já havia sido publicado sem maiores problemas. Aproveitando o gancho, Anderson nos avisou sobre as inscrições abertas para mestrado na UNICAMP.
Comunicados:
1 - CHELEF da Unicamp, com as inscrições de trabalho vão só até dia 1 de Abril.
2 - Congresso que acontecerá no Rio de Janeiro. Aos interessados, inscrições e submissões de trabalhos devem ser feitas até dia 25 de Abril. Haverá o colóquio sobre “Filosofia e Educação”. O evento acontecerá em Setembro e terá duração de uma semana. Do grupo, aqueles que vão, irão de carro, facilitando para quem eventualmente tiver interesse. Comunicado sobre o SEMEF que ocorrerá em Julho, dia 15 e 16. Contudo, as inscrições ainda não foram abertas.
            Foi dado início as discussões sobre a programação do MAPA, no qual o GEPEF está responsável pelo GTT Escola. De forma resumida, a discussão se deu dessa forma:
- Clayton: sugeriu a vinda de professores da rede municipal e estadual para palestras sobre suas práticas cotidianas.
- Anderson: sugeriu alguns nomes, os quais Rubens anotou.
- Moska: sugeriu conversarmos com a professora Íris sobre nomes que poderíamos convidar e se ela mesma poderia apresentar algo.
- Rubens: sugeriu a vinda de Mario Nunes, ou então Lino Castellani – professores que temos um contato mais fácil.
Sobre a organização as ideias principais que surgiram foram:
- Mesas redondas teóricas na quadra, as quais pensaríamos na melhor discussão a apresentar.
- Nas salas a apresentação de professor e u alunos FEFISO com um membro do GEPEF de mediador.
- Foram expostas algumas ideias de “nomes” para a discussão da mesa redonda como: “Confusão Curricular” e “ Descobrindo os currículos da Educação Física”. No entanto, esses nomes ainda estão em aberto.

Tema: Currículo Psicomotor.
Leitura principal: FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro. São Paulo, 3 ed., Scipione, 1992. (Páginas 12-14/16-46/80-84/112-119/218-220).
Leitura complementar: NEIRA, M. G.; NUNES, M. L. F. Pedagogia da cultura corporal. São Paulo: Phorte, 2006 (Currículo e Educação Física, páginas 103-115).
Objetivo: compreender os fundamentos básicos desta visão curricular.


Neste livro somos apresentados parcialmente as ideias da psicomotricidade (digo “parcialmente” porque entendo que não caberiam num livro de 200 páginas todas as ideias, bases, objetivos, visões etc., de um currículo da Educação Física). Contudo, como discutido, o autor recusa definir-se como “seguidor” de um currículo, pois acredita bastante na sua experiência e prática, ou seja, aplica aquilo que acredita ser importante para o desenvolvimento dos seus alunos dentro da sua visão de Educação Física.
Logo, percebemos que essa visão acaba acarretando alguns pontos de discussões como as que ocorreram nesse último encontro – por exemplo a falta de rigor teórico na escrita do livro. É evidente que o autor utiliza de várias bases teóricas e, talvez, algumas delas que nem concordem com a visão de psicomotricidade. Contudo, entendemos a visão e sabemos – pelo menos tentando enxergar de uma ótica menos hipócrita e/ou discriminatória - que a prática no cotidiano escolar, dificilmente, será embasada em apenas uma teoria e que não haverá uma pluralidade de bases e autores usados numa aula só.
Debatemos também sobre a forma como o autor essencializa a cultura infantil. Brincar na rua, subir em árvores, rodar pneus, brincar com galhos de árvores etc. Da forma como o autor expõe sua visão, dá-nos a impressão de que aqueles que não passaram por isso, não puderam ter uma infância boa. O mesmo autor que trata na introdução sobre a violência que é submeter os alunos a imobilidade, ou seja, discorre totalmente a favor da visão mais cautelosa e respeitosa sobre o mundo da criança, trata da cultura infantil como única. Claro que não somos contra o movimento da criança e entendemos que um dos meios de comunicação dela com o mundo – principalmente nos primeiros anos - é o movimento. Porém, é preciso refletir sobre essa dita “cultura infantil”. Refletir em 1992 e em 2016. Qual a cultura infantil hoje? Impor essa “cultura infantil” pode ser considerado uma violência também?
Uma palavra foi amplamente mencionada no livro, nas partes lidas pelo grupo: simbolos. A ideia, basicamente, é que enquanto a criança não desenvolve a capacidade de decifrar, pensar e reproduzir (de qualquer forma) simbolos, ela se comunica com o mundo através do corpo e do movimento. Por isso o autor insiste na ideia de matricular um corpo inteiro na escola e não apenas a mente. Os pensamentos refletem no corpo assim como o corpo reflete no pensamento. O corpo e o movimento são chaves para o desenvolvimento cognitivo e o desenvolvimento da capacidade de compreensão e reprodução de símbolos. Até aí, tudo é bem bonito, contudo, uma questão veio à tona no grupo: “e a criação desse símbolo?”. A ideia de que o movimento prepara para a criação do símbolo é ótima, mas não encontramos nenhuma menção sobre a distinção política desse símbolo. Será que a “cultura infantil” permite a mesma assimilação de símbolos para todos? Que símbolos devem ser assimilados? Quem determinou a assimilação de determinados símbolos e quem encarregou a Educação Física da preparação para eles? Digamos, de modo extremamente simples, que a Educação Física te prepara para correr. Será que ela deve dar um motivo para essa corrida, ou essa não é sua função? Se não é sua função, por que ensinar a correr?
Logo, outras questões podem ser debatidas: a Educação Física se tornando um componente auxiliar, sem especificidade. A intenção da Educação Física é desenvolver o motor e o cognitivo, para que, com a assimilação da simbologia, os alunos possam aprender Matemática, por exemplo. O autor vai além, dizendo que podemos trabalhar Matemática na amarelinha (como citado pelo grupo). Isso talvez reforce o argumento de que: “hoje ela não vai para a aula de Educação Física, pois precisa treinar Matemática”. Entendemos que a amarelinha pode ser amplamente tematizada, possibilitando a volta aos primórdios da história e da cultura corporal. Por que deveria auxiliar na Matemática? É mais importante? Se sim, quem definiu como tal?
Pudemos reconhecer também a excelente capacidade do autor em avançar o conhecimento da época, que estava centrado no esportivismo. A ideia da psicomotricidade é realmente muito interessante e pode ser – arrisco a dizer que é – muito utilizada por todos os professores, por trabalhar com a questão de respeito ao aluno, valorização do seu conhecimento e de tirar o foco da competição, entendendo que a Educação Física vai bem além de disputas sem fundamentos.

Chegando ao final do encontro, nossa companheira Beatriz de uma forma BRILHANTE, fez sua última intervenção relatando uma de suas técnicas para fazer a chamada em sala de aula, a qual gerou (logicamente) alguns comentários. Dentre os mais criativos, destacam-se alguns como: “Beatriz, discípula de João Batista Freire” ou “Beatriz ajudou a escrever o livro”. A questão é, assim como Beatriz (que agora descobriu as raízes de sua técnica), muitas pessoas que não leram o livro de João Batista Freire se aproximam muito de suas ideias e convicções sobre o que seja e quais os objetivos da Educação Física, utilizando-se de uma base teórica sem nunca ter ouvido falar sobre ela. As últimas perguntas que ficam são: isso acontece devido ao forte discurso sobre a psicomotricidade? Por ela trabalhar amplamente o lúdico e as aulas dificilmente fracassarem?

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