Em nosso último encontro do ano, realizamos nossa
discussão em um espaço diferente. Marcamos com antecedência um lugar para irmos
realizar uma confraternização do grupo, assim, fomos na casa de uma colega do
grupo, Stephanie. Demos início às 09h com a fala de João Pedro, que na reunião
passada decidimos de alguém apresentar uma introdução e impressões do capítulo
e, hoje João falará do 4º capítulo (do ressentimento à má consciência) e Rubens
do 5º capítulo (o além do homem contra a dialética).
Com isso, João abre falando sobre o esquecer e
ressentir, onde vimos que o esquecimento está ancorado na abertura do novo e o
ressentimento é guardado na consciência, como doença reativa. Fomos a partir
disso também correlacionando as formas de niilismo que é proposto no próximo
capítulo, pois, ao nos depararmos com determinadas situações, vamos realizando
processos rizomáticos, ou seja, nosso corpo não tem uma certa linearidade, ao
nos depararmos com algo, somos levados a pensar determinadas coisas. Realçando
que, isso simplesmente acontece, não passa por um clivo da razão.
Comentados sobre os tipos de niilismos, sendo:
negativo; reativo e passivo. O niilismo negativo, de maneira bastante simples e
descartável, estamos entendendo-o enquanto
A partir desses diálogos, chegamos aqui em outro ponto
fulcral de Nietzsche, relacionando agora o ressentimento com o homem ressentido (eles utilizam homem
para se referir ao humano). O homem ressentido é o sujeito da dialética que
vive em lutas incessantes, o seu desejo é depreciar as causas, produzindo
infelicidade e colocando sempre a culpa em alguém, sendo sempre no outro, nunca
em si mesmo. Entendemos que com isso, temos munição para pensar nosso governo,
sistemas educacionais, nossa sociedade e outros o quão ressentidos somos.
Exemplos não faltam. Colocaremos um, no desejo de fazer um convite para
pensarem seus próprios exemplos. Assim, o ressentido seria a pessoa que vai mal
na prova e coloca a culpa em alguém, sempre no outro, pois não consegue olhar
para si mesmo.
Caminhando por outros territórios, mas no mesmo platô,
nos deparamos com o conceito de má
consciência, que seria ela uma paralisação, sedentarismo, isso Nietzsche
chama de ficção, a força niilista reativa que se volta contra si mesma. Sendo
assim uma contradição com a vida, e é neste jogo da contradição com a vida que
as forças reativas se apresentam como superiores, pois colocam uma figura transcendental acima de todos os valores. Mergulhando no
capítulo 5, com o “além do homem” vemos que este modo de pensar é uma maneira
contra dialética, uma das características do pensamento nietzschiano é ir além
da dialética, pensar fora disso, escapar, desviar.
Neste emaranhado, um dos quais discutimos foi a figura
de Jesus, pois o Jesus em sua essência, seu pensamento, modo de vida, sua
relação com as pessoas, era completamente diferente do que fizerem dele. Em sua essência, Jesus pregava o amor,
a paz, a solidariedade etc. Assim, a crítica de Nietzsche não está em Jesus,
mas na moral que foi estabelecida no pensamento cristão, na religião, que impõe
valores. Nietzsche em uma tarefa nada fácil, nos convida a criar nossos
próprios valores.
A ideia de transcendental que é questionada é sobre a
transvaloração, e vemos que, apenas mudou rei de lugar, pois, vemos além da
religião outros divinos, na ciência, Filosofia, Arte... Tenha mudado, talvez a
ideia de divindade, porém, o modo de operar se assemelha muito. Voltando e
sendo atravessado por outras questões, Rubens coloca o exemplo de uma música da
banda Charlie Brow Jr “o home que está em paz não quer guerra com ninguém”, ou
seja, a pessoa que está bem consigo mesma, não fica arrumando coisas para falar
e culpar o outro, apenas vive, sendo muito diferente do ressentido.
O além do homem não tem nada a ver com o homem superior.
O homem superior é decadente, reativo e ressentido em sua essência, pois lhe
falta algo e precisa de uma coisa que está sempre nesse desejo fantasma para se
afirmar. É um homem de status que tem a necessidade de estar provando tudo e o
tempo todo, preso em suas amarras, e com as novas tecnologias isso fica mais
visível e também mais subjetivado. Vemos no ciclo de Zaratustra a importância
de viver cada etapa, mesmo a tristeza, pois é preciso viver no niilismo, na
tristeza para poder aprender com isso e continuar fazendo o ciclo dar
continuidade.
Rumando para o fim do encontro, dedicamos um tempo para ver quais
caminhos seguir para o próximo semestre. Foram feitas algumas sugestões de
leituras, porém, foi colocado também outros modos de operar com o grupo. Que,
seria no caso como um grupo-evento, onde poderíamos abranger um público maior,
convidar pessoas de fora para falar sobre determinado assunto, podendo ser da
Educação Física ou não. Ou também, seguir como estamos habituados e a partir de
cada encontro veremos o que vamos ler para o próximo. Assim, concluímos mais um
semestre intenso de muita produção e aprendizagem!