Iniciamos a reunião do grupo de estudos GEPEF FEFISO,
sábado, dia 20 de junho, às 9:00, para a defesa de iniciação científica de
Andressa Furquim, com a banca composta por: Maísa Ferreira da FEF UNICAMP e
Nara Montenegro da FEF UNICAMP. Como o encontro foi gravado e está no YouTube,
destacaremos aqui, alguns pontos mais pertinentes da defesa. Começamos com a
Andressa fazendo uma breve apresentação de sua pesquisa, ela apresentou a
aliança com o referencial teórico que fez, com os Estudos Culturais, para
investigar sobre a mulher no esporte. O grande potencial dessa área de estudos,
é que o foco é voltado para a cultura, por essa via, como Andressa coloca junto
o circuito da cultura, compreender a cultura e como ela é regulada foi uma
possibilidade para investigar a mulher no esporte.
A pesquisa teve o foco de ver sobre a representação na
mulher na copa do mundo de 2019, no programa de televisão da Rede Globo, o
Esporte Espetacular, e a partir deles, foi direcionado aos comentários acerca
da temática. Em meio a essa investigação, Andressa notou como a mulher é sempre
excluída e deixada em segundo plano, uma vez que, os parâmetros da mulher no
futebol são sempre exemplos comparados com homens. Essa é uma maneira de
regular e representar certos discursos que reverberam diretamente nos corpos,
pois, se crescemos escutando e vendo certos modos de como as coisas funcionam,
isso vai se ganhando performatividade e se tornando habitual, logo não
questionamos. Para concluir, Andressa elenca algumas formas de resistência, uma
delas a partir da representatividade, e menciona o a sensação que teve ao ver
em um domingo de manhã no jogo de futebol, uma mulher com seu nome.
Feito a apresentação, entremos nos comentários e
parecer da banca. Nara dá início e parabenizar a Andressa e Rubens por essa
fase, e os agradece pelo convite. Dando sequência, Nara enaltece o trabalho,
pois, Andressa se coloca no local de escrita e de vida, e que partiu de uma
experiência, uma virtude. Contudo, a mesma nota problemas no título, a palavra
“esporte” contempla significados bastantes amplo e vários esporte e acontecem
de formas diferentes, sendo que Andressa analisou somente o futebol, teria de
ficar mais específico com seu objeto.
Outro ponto que Nara destaca, ainda na introdução, é o
erro de uma palavra, mas que muda o sentido da pesquisa, pois o objetivo da
pesquisa não foi analisar as mídias digitais e seus comentários, como Andressa
expos na introdução, mas foi seu recorte analítico. Na mesma toada, é
importante, já no início do trabalho apontar de qual copa do mundo a análise
foi feita. Ao decorrer do texto Nara faz um comentário pontual, quando Andressa
utiliza o termo “população feminina”, Nara ressalta para evitar isso, pois o
feminino diz questão a fêmea, fêmea remete a uma essência biológica, e não é
por essa via que o texto sucede.
Em uma parte específica do texto, é feito uma
afirmação e generalização dos ataques que as mulheres sofrem, e está junto a
mulher musculosa com a mulher no futebol, Nara pensa que as mulheres não passam
pelas mesmas coisas, e que o corpo musculoso, sarado é tido como o ideal para a
mulher. Por último, pensando na transformação para artigo, seria interessante
dar mais atenção as curtidas e se atentar as mídias, de como elas funcionam. Em
sequência, Andressa agradeceu a leitura atenta, ao tempo investido por estar
ali e esses comentários serão todos trabalhados e pensados para as modificações
posteriores.
Após isso, Maísa, dando continuidade, agradece a
oportunidade, e seus comentários seguirão por três vias: estrutural, conteúdo e
sugestões. Maísa tem bastante
proximidade com o referencial dos Estudos Culturais, e, elenca que seria
interessante colocar no correr do trabalho e título o uso de mulher no plural,
ou seja, mulheres, pois são sempre lutas e motivos diferentes de uma
coletividade. Como dica estrutural, e tendo em vista que Andressa está fazendo
uma iniciação científica, aprendendo a fazer pesquisa e na formação inicial,
Maísa destaca que, nas palavras-chaves é importante colocar Educação Física,
por conta de futuras pesquisas de artigos, assim já é mais direcionado a isso.
Outro ponto pertinente, é que, na escrita acadêmica é importante evitar
parágrafos de duas linhas, o ideal seria uni-las, e colocar um só, até porque,
tem parágrafos soltos, mas de um mesmo assunto, ou complementação.
A partir disso, Maísa pensa que na iniciação
científica, seria interessante colocar o que apareceu de primeira na busca da
pesquisa. Já no jargão do feminismo, Maísa bem aponta que é preciso saber que
existe vários feminismos, e um não nega o outro, mas são propostas diferentes.
Defender a igualdade dentro do feminismo como Andressa coloca na pesquisa, está
bastante associada a uma lógica de mulher enquanto segundo plano, reforçando a
identidade brasileira, homem, branco, heterossexual e cristão.
Maísa chama atenção sobre o uso do termo “futebol
feminino” que, novamente reverbera esse discurso nacionalista que coloca a
mulher como segundo plano. Assim, ela dentro de uma perspectiva de estudos,
sugere o uso de futebol de mulheres. Maísa reafirma a parabeniza a coragem de
estudos isso, e diz que, estudar isso é ir contra a onda, nadar contramaré, e
precisando de qualquer coisa ela está à disposição. Para finalizar, Maísa
encerra com uma pergunta: o que você falaria para a Andressa de quando queria
começar o futebol? (Sobre o acontecimento que relatou em sua pesquisa).
Andressa agradece a análise feita, e bem pontua que,
foi gasto bastante tempo para entender o funcionamento dos Estudos Culturais, e
em uma das etapas da iniciação, ele trancou, o texto ficou parado. Ainda coloca
que, quando foi ler estudos sobre o feminismo, ela se sentia sozinha, pois com
os Estudos Culturais tínhamos reuniões semanais para discutir sobre.
Respondendo à questão, Andressa diz que pensaria o que ela pode fazer hoje, nas
suas relações com as pessoas e seus familiares e futuramente como professora,
com isso cita um exemplo de sua prima de 10 anos que queria jogar bola, mas a
família não deixava, pois ela é menina. Mas, que ela dentro dessa relação, pode
ajudar sua prima, uma vez que já passou por algo parecido, assim, está mais
sensível a essas questões.