segunda-feira, 29 de junho de 2020

20/06/2020 - Uma análise da mulher no esporte na perspectiva dos Estudos Culturais – Defesa de Iniciação Científica – Andressa Furquim




Iniciamos a reunião do grupo de estudos GEPEF FEFISO, sábado, dia 20 de junho, às 9:00, para a defesa de iniciação científica de Andressa Furquim, com a banca composta por: Maísa Ferreira da FEF UNICAMP e Nara Montenegro da FEF UNICAMP. Como o encontro foi gravado e está no YouTube, destacaremos aqui, alguns pontos mais pertinentes da defesa. Começamos com a Andressa fazendo uma breve apresentação de sua pesquisa, ela apresentou a aliança com o referencial teórico que fez, com os Estudos Culturais, para investigar sobre a mulher no esporte. O grande potencial dessa área de estudos, é que o foco é voltado para a cultura, por essa via, como Andressa coloca junto o circuito da cultura, compreender a cultura e como ela é regulada foi uma possibilidade para investigar a mulher no esporte.
A pesquisa teve o foco de ver sobre a representação na mulher na copa do mundo de 2019, no programa de televisão da Rede Globo, o Esporte Espetacular, e a partir deles, foi direcionado aos comentários acerca da temática. Em meio a essa investigação, Andressa notou como a mulher é sempre excluída e deixada em segundo plano, uma vez que, os parâmetros da mulher no futebol são sempre exemplos comparados com homens. Essa é uma maneira de regular e representar certos discursos que reverberam diretamente nos corpos, pois, se crescemos escutando e vendo certos modos de como as coisas funcionam, isso vai se ganhando performatividade e se tornando habitual, logo não questionamos. Para concluir, Andressa elenca algumas formas de resistência, uma delas a partir da representatividade, e menciona o a sensação que teve ao ver em um domingo de manhã no jogo de futebol, uma mulher com seu nome.
Feito a apresentação, entremos nos comentários e parecer da banca. Nara dá início e parabenizar a Andressa e Rubens por essa fase, e os agradece pelo convite. Dando sequência, Nara enaltece o trabalho, pois, Andressa se coloca no local de escrita e de vida, e que partiu de uma experiência, uma virtude. Contudo, a mesma nota problemas no título, a palavra “esporte” contempla significados bastantes amplo e vários esporte e acontecem de formas diferentes, sendo que Andressa analisou somente o futebol, teria de ficar mais específico com seu objeto.
Outro ponto que Nara destaca, ainda na introdução, é o erro de uma palavra, mas que muda o sentido da pesquisa, pois o objetivo da pesquisa não foi analisar as mídias digitais e seus comentários, como Andressa expos na introdução, mas foi seu recorte analítico. Na mesma toada, é importante, já no início do trabalho apontar de qual copa do mundo a análise foi feita. Ao decorrer do texto Nara faz um comentário pontual, quando Andressa utiliza o termo “população feminina”, Nara ressalta para evitar isso, pois o feminino diz questão a fêmea, fêmea remete a uma essência biológica, e não é por essa via que o texto sucede.
Em uma parte específica do texto, é feito uma afirmação e generalização dos ataques que as mulheres sofrem, e está junto a mulher musculosa com a mulher no futebol, Nara pensa que as mulheres não passam pelas mesmas coisas, e que o corpo musculoso, sarado é tido como o ideal para a mulher. Por último, pensando na transformação para artigo, seria interessante dar mais atenção as curtidas e se atentar as mídias, de como elas funcionam. Em sequência, Andressa agradeceu a leitura atenta, ao tempo investido por estar ali e esses comentários serão todos trabalhados e pensados para as modificações posteriores.
Após isso, Maísa, dando continuidade, agradece a oportunidade, e seus comentários seguirão por três vias: estrutural, conteúdo e sugestões. Maísa tem bastante proximidade com o referencial dos Estudos Culturais, e, elenca que seria interessante colocar no correr do trabalho e título o uso de mulher no plural, ou seja, mulheres, pois são sempre lutas e motivos diferentes de uma coletividade. Como dica estrutural, e tendo em vista que Andressa está fazendo uma iniciação científica, aprendendo a fazer pesquisa e na formação inicial, Maísa destaca que, nas palavras-chaves é importante colocar Educação Física, por conta de futuras pesquisas de artigos, assim já é mais direcionado a isso. Outro ponto pertinente, é que, na escrita acadêmica é importante evitar parágrafos de duas linhas, o ideal seria uni-las, e colocar um só, até porque, tem parágrafos soltos, mas de um mesmo assunto, ou complementação.
A partir disso, Maísa pensa que na iniciação científica, seria interessante colocar o que apareceu de primeira na busca da pesquisa. Já no jargão do feminismo, Maísa bem aponta que é preciso saber que existe vários feminismos, e um não nega o outro, mas são propostas diferentes. Defender a igualdade dentro do feminismo como Andressa coloca na pesquisa, está bastante associada a uma lógica de mulher enquanto segundo plano, reforçando a identidade brasileira, homem, branco, heterossexual e cristão.
Maísa chama atenção sobre o uso do termo “futebol feminino” que, novamente reverbera esse discurso nacionalista que coloca a mulher como segundo plano. Assim, ela dentro de uma perspectiva de estudos, sugere o uso de futebol de mulheres. Maísa reafirma a parabeniza a coragem de estudos isso, e diz que, estudar isso é ir contra a onda, nadar contramaré, e precisando de qualquer coisa ela está à disposição. Para finalizar, Maísa encerra com uma pergunta: o que você falaria para a Andressa de quando queria começar o futebol? (Sobre o acontecimento que relatou em sua pesquisa).
Andressa agradece a análise feita, e bem pontua que, foi gasto bastante tempo para entender o funcionamento dos Estudos Culturais, e em uma das etapas da iniciação, ele trancou, o texto ficou parado. Ainda coloca que, quando foi ler estudos sobre o feminismo, ela se sentia sozinha, pois com os Estudos Culturais tínhamos reuniões semanais para discutir sobre. Respondendo à questão, Andressa diz que pensaria o que ela pode fazer hoje, nas suas relações com as pessoas e seus familiares e futuramente como professora, com isso cita um exemplo de sua prima de 10 anos que queria jogar bola, mas a família não deixava, pois ela é menina. Mas, que ela dentro dessa relação, pode ajudar sua prima, uma vez que já passou por algo parecido, assim, está mais sensível a essas questões.



18/06/2020 - Defesa de Iniciação Científica da Gabriela Andreotti - Aprendizagem inventiva: Ensino de Ballet Clássico

Demos início a defesa de iniciação científica, da Gabriela Andreotti, membra do grupo de Estudos GEPEF FEFISO, quinta-feira, dia 18 de junho, às 14:00, com a apresentação remota, via Skype. A banca foi composta por: Adriane Gehres da Universidade de Pernambuco e Íris Santoro da FEFISO. Assim, começamos com uma exposição da Gabriela acerca de sua pesquisa, e ela inicia falando de sua breve trajetória com o contato com o Ballet clássico e a imersão nos estudos de Filosofia da Diferença, cursando Educação Física. Gabriela aponta que utilizou esses estudos como uma ferramenta para aprimorar e lhe ajudar a pensar a sua prática no ballet, mas que, consequentemente dobra em sua vida. Ela percebeu que nessa perspectiva, de aprendizagem inventiva, o foco passa a ser na aprendizagem e não somente no ensinar (papel do professor/a), e que uma das características que ela vê nisso é a experimentação, mas, como estar aberto à experimentação, uma vez que os movimentos no ballet já estão moldados e bem definidos e há uma cobrança excessiva na técnica?
Essa cobrança de um movimento já estruturado e esperado nas provas e sistemas avaliativos, Gabriela relata que teve bastante dificuldades, e, ainda mais, esse modo como o único mata as singularidades e acaba moldando os alunos e alunas e também as professoras e professores. Ciente de tais problemas, Andreotti faz alianças com o método de cartografia para fazer pesquisa o seu cotidiano, a sua prática diária, e com isso, elenca uma diferença da concepção dos membros avaliativos no ballet, entre a técnica e criação, ou, como ela escreve em seu trabalho, cognição e criação. Por fim, sugere e pretende dar aulas com o foco nas individualidades de seus alunos e alunas, mesmo dentro de métodos rígidos, elenca que uma via possível é criar pequenas rachaduras, como vem experimentando em suas aulas, um ensino que priorize as potencialidades do que o corpo pode, e não apenas dizer o que ele deve.
Após a apresentação, Adriana inicia sua fala a respeito ao trabalho, ela começa parabenizando a Gabriela e Rubens (orientador) pelo trabalho e o convite para participar da banca. Em sua fala ela buscaria elencar algumas perguntas à Gabriela, pois os comentários e sugestões ela deixou no texto e se comprometeu em mandar a eles. Assim, Adriana, diz que é muito interessante, pois ao decorrer do texto é levantado várias perguntas, e diz que a potência do processo é criar questões e perguntar e não necessariamente dar uma resposta final a elas, como Gabriela bem elenca em seu trabalho. Pensar as questões enquanto gasolina que que propicia o movimento.
Ainda com as perguntas que Gabriela levando em sua pesquisa, Adriana questiona: que outras perguntas podemos fazer? O que podemos perguntar ao ballet? Gabriela responde que, em sua pesquisa, em vários momentos ela teve que fechar e focar em seu objeto, se não a pesquisa não termina. A partir disso, Adriana faz uma conexão com a apresentação, da cognição e criação, ela elenca que, algo relacionado com isso, circula na dança com outros conceitos de técnica e expressão, e a pesquisa da Gabriela contempla isso, pois ela se coloca a discutir sobre isso e também é uma discussão pertinente na dança.
Adriana chama atenção e uma parte do texto que fala sobre a liberdade e experimentação para além da técnica, que diz o seguinte: para minha surpresa, elas foram bem nas avaliações finais. Gabriela responde: o maior desafio era para mim enquanto professora, pois elas já estavam acostumadas com as técnicas. Mas nas apresentações pude perceber que elas estavam mais felizes e mais soltas. A isso, Adriana coloca: a dança por si só é expressão e não somente o sorriso. Como última questão, Adriana pergunta: a criação não pode ser treinável? Gabriela responde: penso que fugiria da proposta de aprendizagem inventiva, assim voltaria a representação, a imagens, mas, em minha prática trabalho certos momentos mais com um e em outros momentos, com uma predominância no outro.
Na sequência, Íris Santoro assume a fala, e inicia parabenizando, pois ela afirma que vê a Gabriela na pesquisa, imersa nesse turbilhão de coisas, e aos poucos vai tirando essa “capa de professor”. Íris pede para que Gabriela fale um pouco sobre o que ela encontrou na literatura, quais foram os choques e dificuldades, com esses encontros e desencontros de em um momento Gabriela-aluna na FEFISO, e em outros Gabriela-professora de ballet e como isso resultou em suas aulas? Gabriela responde: sempre foi um choque e se via numa dança muito fechada, com técnicas, modos predeterminados, estruturados e universais, mas com a filosofia da diferença, uma vez que elas não negam as técnicas, a imagem, um modo de se fazer, mas que preferência outros caminhos, o do devir, do processo, da criação, me senti aos poucos mais à vontade.
Enveredando dentro de uma proposta de uma pedagogia da diferença, Íris pergunta: se nessa perspectiva há uma valorização ao processo, por que muitas vezes você estava presa na avaliação? Gabriela elenca: onde eu trabalho a avaliação é cobrado dentro do projeto e no planejamento e logo pega bastante para mim, outro ponto é que as alunas e seus pais têm essa vontade, de passar de nível, de saber a técnicas. Como última pergunta, Íris coloca: o que você espera desse estudo? Da sua pesquisa? Gabriela: não espero chegar em algo pronto, único, fechado, e sim formas de trabalhar diferentes, nem que seja só para mim, nas minhas aulas, com as minhas alunas, vejo como o suficiente para mim.
Com isso, terminamos mais uma defesa de iniciação científica, com as palavras finais de Gabriela e Rubens, seu orientador e coordenador do grupo. Rubens ressalta que é muito rico e importante ver a banca fazendo perguntas à Gabriela e ele respondendo, se forçando a pensar, e os comentários, perguntas e críticas serão todos revisitados e trabalhados, pois o grupo pretende fazer um compilado de iniciação científica e publicar em forma de livro.