segunda-feira, 28 de agosto de 2017

26-08-2017 Segundo Encontro do 2º Semestre de 2017 - BORGES, C. C. O. Circulação de Saberes Psi e Controle das Condutas em Currículos da Educação Física.

Segundo encontro:

Dia 26 de Agosto de 2017, segundo encontro do semestre para o Grupo de Pesquisa em Educação Física escolar da FEFISO, o GEPEF. Estivemos responsáveis pela escrita da ata Monique e eu, João Pedro. Pela primeira vez, testaremos esse formato em que duas pessoas escrevem a ata de um mesmo encontro. Podem ser enriquecedoras para o debate as concordâncias ou contraposições que nascerem de duas escritas diferentes. Lembrando que, como dado no início da primeira iniciação científica, o responsável pela ata é sempre o pesquisador que desenvolve este tipo de trabalho no grupo, porém, ainda não temos um resultado “oficial”. Enquanto isso, alegro-me de poder, junto com a Monique, registrar os acontecimentos.
Em primeiro lugar, fato que chamou atenção, foi a grande quantidade de presentes no grupo. Como de costume, demos as boas-vindas aos novos participantes que foram identificados por Rubens: Débora, Leonardo, Elder, Adriano e Lucas. Este, aproveitando o momento, explicou um pouco sobre o grupo, sobre as atividades, as redes sociais, os projetos de pesquisa e como costumamos agir. Também pediu, publicamente que o integrante Leandro estivesse presente no próximo encontro, pois seu texto, produção publicada, é que será debatido.
Também foi apresentada a nova ideia de estrutura para os debates deste semestre: o texto produzido por algum integrante do grupo, um livro referente ao assunto para aqueles que desejam aprofundar-se no tema estudado, e um vídeo ou filme como terceira opção. É importante ressaltar que nenhuma das três opções precisam necessariamente estarem interligadas ou fazerem algum sentido entre si. Aquele que optar pelo vídeo, não estará vendo-o como uma forma de entender o texto publicado ou o livro escrito e vice e versa. Estes servem apenas como gatilho para a discussão. Os textos escolhidos também foram uma forma de abordar os quadros teóricos ou autores que o grupo costuma concentrar-se e que tem mais familiaridade: Bauman, Foucault, Marcos Neira, Mário Nunes, Estudos Culturais, Pós Estruturalismo, Pós Modernidade, etc.

1.                  BORGES, C. C. O. Circulação de Saberes Psi e Controle das Condutas em Currículos da Educação Física. (no prelo).
2.                  HUNTER, I. Subjetividade e governo. In: SILVA, Tomaz Tadeu (org.). Pedagogia dos Monstros: os prazeres e os perigos da confusão de fronteiras. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.
3.                  Opção em filme: “Foucault contra ele mesmo”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=FVKw8V-CgXk

Nosso colega Clayton, iniciou o debate de forma bastante singular e diferente do que havíamos feito no encontro passado. Falou um pouco sobre sua caminhada pelo mestrado, sua primeira ideia de produção para os textos que viriam a seguir e suas inspirações. A saber, no início de seu trabalho, o objetivo principal era “entender quem seriam as pessoas que construiriam o documento curricular? Quais seriam as pessoas que teriam autoridade para isso?”. Também dedicou grande parte da sua introdução à exposição do principal teórico base do seu trabalho: Michel Foucault.
Dedicou-se também a expor alguns conceitos que foram utilizados no decorrer do trabalho. Um deles, atributo central da obra foucaultiana “Arqueologia do Saber” para entendermos o discurso: o enunciado.

“(...) mobilizando algumas estratégias analíticas forjadas por Foucault, sobretudo em A arqueologia do saber, este estudo é uma tentativa de examinar enunciados nos currículos investigados que se apoiam, por sua vez, em uma prática discursiva específica – o discurso curricular da Educação Física.” (BORGES,s/d, pág. 4)

O que seria, de fato, o enunciado? Não é possível afirmar pois o próprio criador do conceito define-o de várias formas diferentes, porém, para Clayton, é algo que tenha uma função enunciativa, enquanto algo que deva fazer algum sentido, não propositando fazer alusão à lógica, mas sim em relação aos significados. Ou seja, quais os enunciados que significam o discurso saudável do documento, ou psicomotor, ou o próprio professor de Educação Física enquanto um “docente”? O que ele deve fazer, como deve fazer, para que ele mesmo faça sentido dentro dos enunciados que o enquadram?
Utilizou-se também da arqueologia, preocupado com as questões do saber, diferente da genealogia, preocupada com as questões do poder. Deixou-nos claro que o objetivo de Foucault era entender como as coisas da contemporaneidade emergiram, não pensando em origem, como exatamente surgiu, mas quando algo começou a ser falado, ou quando começou a circular. Ao identificar esses propostos nas obras do autor, tenta trazer para a sua dissertação em relação à produção do documento e a produção dos sujeitos. Sob o formato de uma “micro-análise”, poderíamos dizer que a pesquisa sugere questões também como: onde estaria dito que as aulas deveriam seguir de tal maneira, formar este tipo de aluno ou aluna? Onde surge a forma de pensar como o professor deveria prosseguir com as suas aulas?
Para que essa produção ocorresse, conta-nos que deveria ter acesso aos documentos criados, aos anteriores, aos depoimentos coletados e procurar descobrir quais os enunciados eram criados, quais os discursos hegemônicos, quais saberes eram produzidos e etc., porém, não com o objetivo de interpretar de forma definitiva tudo aquilo que ali estava escrito, mas sim, tentar entender como determinadas ideias surgiram, de onde surgiram, assim como fazia Foucault: seu interesse não projetava-se na ação mas, ao contrário, no que tangia a realização daquela determinada ação – por que agir de tal forma? Por que classificar de certa forma? Ou, então, quem teria o poder para classificar as formas de se agir, como tinha por objetivo o início da pesquisa.
De forma a não chamar para si a autoridade sobre aquilo que estava escrito e que nos foi compartilhado, ou então “binarizar” entre comentários certos e errados, pediu para que abríssemos a discussão com as impressões daqueles que haviam lido o texto.
Monique: o desenvolvimentismo mostra-se separado do psicomotor ou está tudo interligado?
Clayton: a construção do currículo parece mais um mix de propostas, como se o autor lavasse as mãos em relação aos que os professores poderiam fazer ou não. Foram todas as propostas expostas e aqueles que se identificarem mais com determinadas poderiam utilizar-se delas e o mesmo valia para outras. Tudo parecia estar bastante misturado sem nenhum tipo de discriminação ou apontamento sobre suas concordâncias e divergências, pelo contrário, ao que parecia, aqueles saberes eram confirmados enquanto verdadeiros.
Rubens: reforça a importância do trabalho e da diferenciação que ele faz de cada currículo que compõe a estrutura do documento analisado, pois, em um exercício difícil de ser realizado, podemos identificar por quais discursos somos subjetivados e tentarmos, se assim julgarmos necessário, identificar potência de vida em outros discursos.
Wellington: o discurso meritocrático, assim como é usado no esporte, também pode ser usado no currículo saudável, pois tem total espaço para esse tipo de intervenção.
Clayton: concorda com a assertiva de Wellington e problematiza o discurso saudável para os trabalhadores de baixa renda, por exemplo.
João: com essa pesquisa, o que esperava do documento, o que achou que teria e qual seria a sua contribuição para ele?
Clayton: explica que é adepto de determinadas visões e concepções para a educação, Educação Física e para a vida. Logo, tendo a oportunidade de contribuir para a criação do currículo, tentaria construir a validação dos saberes que ele acessa discursivamente.
Vitor: é dito, em “A ordem do discurso”, que este não pode circular livremente, em qualquer lugar, sob qualquer hipótese ou por qualquer pessoa. Da parte daqueles que contribuíram para a construção, ou que foram entrevistados, foi visto que sua prática enquanto ação, difere da sua prática discursiva?
Clayton: acredita que assim como os discursos são hibridizados, a prática também não será “pura”. É de difícil explanação a prática de cada um, porém, talvez não esteja tão distante prática e discurso.
Caminhando para o final do debate, foi levantada a dúvida: existe a hibridização “identidária” curricular, da qual falamos incessantemente, base de tantas produções, ou podemos entender como uma problemática da diferença pura, onde o sujeito assimila e produz alguma forma do seu próprio jeito?
Contudo, ao meu ver, a ideia que mais me chama a atenção: não há uma proposta central. Entre esquerda, direita, centro, o que há são governos de condutas. Como bem lembrado pelo companheiro Clayton, a “educação”, passa pelo governo, ou vice e versa: governo de corpos, mentes, convicções – sua sugestão é a de um “governo sutil”. No momento, compartilho desta ideia.
Encerrada a discussão, Rubens recomenda para aqueles que tiveram interesse no assunto não começarem diretamente por Foucault, pois são livros complexos, com quantidades expressivas de páginas e de difícil entendimento, mas sim, por artigos e livros introdutórios. Contudo, para os mais curiosos, que ignorarão as palavras ditas e documentadas aqui, recomendo o vídeo a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=dpn1JL15AXA&t=2s

Lembramos que a participação de todos e todas é muito importante para a construção do caminho teórico do grupo, não podemos abrir para os mais diversos temas devido ao espaço curto de tempo, mas procuraremos sempre acatar as opiniões daqueles que se sentirem à vontade para opinar.
Foi sugerido pelo companheiro Clayton o vídeo a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=3eQgOy_5Ibg.

Foi sugerido também por Rubens o seu canal no YouTube, onde são tratados os mais diversos temas: https://www.youtube.com/user/rubensAgurgel/featured.

Aproveitando o gancho e essas novas propostas criadas no grupo sobre vídeos e filmes, eu, João, recomendo, para aqueles que tiverem interesse, a procura por um diretor de filmes chamado Gaspar Noé. Ao ter o primeiro contato com seu filme “Irreversível”, constatei uma forma bastante diferente de produção da arte cinematográfica, com histórias não lineares e câmeras dinâmicas. Talvez valha o conhecimento da diferença em diversas áreas que possam produzir potência.
Fomos incentivados à participação nos próximos congressos que virão como uma forma de crescimento pessoal, para o incremento de currículo para quem deseja vida acadêmica e para a socialização daqueles que viajam. Temos por objetivo o SEMEF E CONFEP ainda esse ano para os interessados.
Por fim, Rubens sugere como forma de participação e consideração com o autor, a leitura dos textos do dia e possíveis críticas. Apreciamos bastante a “porradaria” em detrimento de apenas elogios das produções realizadas.
Contamos com a presença de todos e todas para os próximos encontros! Até 30/09 com o texto do Leandro!




domingo, 13 de agosto de 2017

Encontro GEPEF 12-08-17

Texto:

1 – Educação Física Líquido Moderna – João Pedro Góes Lopes e Rubens Gurgel
2 – Modernidade Líquida – Zygmunt Bauman
3 – Filme: Eu, Daniel Blake.
Boas vindas a Matheus e Carlos Eduardo.

Discussão:

Beatriz: não é uma crítica aos currículos. Não seria interessante fazer uma crítica?
Monique: Percebeu que há diferentes visões entre os professores e também se pergunta o que é Educação Física.
Lourenço: relações curriculares e fora da escola com a modernidade líquida, que envolve vínculos humanos.
Beatriz: a construção curricular de Boituva está vivenciando a disputa curricular na construção de seus objetivos. As forças tradicionais estão vencendo.  Dificuldades de defender outras visões curriculares.
Clayton: a crise de EF se deu muito mais no campo epistemológico, no cotidiano escolar as forças hegemônicas ainda atravessam o campo curricular da Educação Física de forma mais sólida.
João: concorda com a dificuldade de sair do campo teórico, compartilhou a experiência pessoal de tentar dar aulas no currículo cultural.
Gabriel: os TCC’s como amostragem das mudanças curriculares no ensino superior.
Vitor: mesmo entre os professores recém-formados, não há muita incidência de novas visões curriculares.
TEXTO PARA SER ESCRITO: HÁ UMA CRISE? OU A CRISE JÁ FOI SUPERA DA E HO JE PREDOMINA A VISÃO DE SAÚDE?
Clayton: mesmo os currículos tradicionais fracassam nos seus objetivos.
Mariana: a pressão escolar, os vetores de força, a precarização e as dificuldades d o cotidiano limitam a função docente.
Wellington: a confusão curricular acarreta identidades docentes contraditórias que não é culpa do sujeito, mas sim consequências do contexto histórico do campo.