sexta-feira, 6 de setembro de 2019

31-08-2019: 2º Capítulo de Nietzsche de Deleuze - Ativo e Reativo


Começamos nosso encontro com a apresentação de Rubens, explicando como o grupo funciona, demos também as boas-vindas à Sphepanie e Alexandre, alunos da faculdade do 1º semestre. Na reunião deste sábado, contamos também com a presença de Fidel Machado, doutorando pelo programa e pós-graduação e bolsista pela Unicamp, e a ênfase de suas pesquisas é Friedrich Nietzsche. E, como estamos lendo o livro Nietzsche e a Filosofia” de Gilles Deleuze, aconteceu a ideia de chamar pessoas para corroborar com o acontecimento, sendo que, já foi pensado isto antes, mas, somente agora que bateu a data. Assim, realizamos o contato com Fidel via Skype, bebendo do uso das tecnologias. Ainda como algo simples, mas um tanto quanto potente, levamos um café e algumas bolachas para petiscar.
Após essas apresentações, surgiu propostas de dinâmicas de como tocar o encontro, dentre todas propostas, o grupo optou por ouvir Fidel falar um pouco de Nietzsche sendo algo básico para que, todos possam ter uma visão sobre e também aberto para dúvidas, críticas, indagações e tudo mais. Demos início então na abordagem a Nietzsche com Fidel, onde ele começa expondo um pouco sobre a vida e história de Nietzsche e alguns dos autores que ele se inspirou, sendo, dentre deles o que mais se destaca é Arthur Schopenhauer. Um autor trágico, que afirma que na vida todos os caminhos nos levam a sofrer, e traz o corpo como elemento central para pensar, que naqueles tempos, o corpo era deixado de lado.
Continuando, Fidel coloca a moral e ética para pensarmos, e argumenta com alguns exemplos, trazendo à tona a imagem de Jesus de Nazaré, pois, pessoas que não tem conhecimento sobre Nietzsche, o associam com demoníaco, ateu, etc. Assim, Nietzsche não crítica Cristo, mesmo em seu livro “o anti-Cristo” ao contrário, diz que ele foi uma pessoa exemplar, mas o erro foi fazer dele diversas religiões que pregam determinadas morais à serem seguidas. Por esta lógica do pensamento, a moral julga, rotula, puni corpos, sendo um movimento vertical. Já a ética em Nietzsche, é afirmar a vida, ou seja, fazer coisas que você gosta de fazer, dentro de seus valores, seguindo rumos de linhas transversais.
Rubens diz para Fidel explicar um pouco mais sobre o porquê Nietzsche romper com Schopenhauer. Fidel comenta que Schopenhauer convida para vida, mas de certa forma dá a entender que é preciso suprir a vida, e pega o termo vontade e a faz de vontade de poder, vontade no verbo, vontade de suprir. Deste modo, Nietzsche rompe por ele negar à vontade, pois, negar à vontade é negar a vida. Rubens coloca outro ponto para pensar, diz que: e se ao afirmar a minha vida e ferir a vida do outro. Fidel argui que Nietzsche, em determinado momento usa o conceito de força para falar do homem, e o homem para se tornar forte é preciso compreender a dinâmica de valores, se aniquilar todos não vai ter mais conflitos. Ou seja, ele precisa do outro para viver, sem o outro não seriamos nada.
Ainda com Rubens, ele pergunta: a afirmação da vida constante não pode gerar uma autodestruição? Fidel o responde dando exemplo de Apolo e Dionísio, que um não vive sem o outro, eles coexistem e em certos momentos um alta com mais intensidade que outro, caminhando juntos em uma balança. Ainda complementa citando Scarlet Marton quando fala sobre a sociedade rebanho, e o primeiro passo para fugir disso é perceber que fazemos parte do rebanho, rebanho no sentido de sempre estarmos subjetivados e influenciados por outras pessoas.
Voltando na questão de ética e moral, Elder pergunta se é possível ser cristão e nietzschiano? Fidel diz que antes é preciso elencar alguns fatores para pensar sobre a filosofia dele. Os elementos já são por si pouco convidativos. Afirma que ser cristão hoje, tem pouca ou quase nada dos ensinamentos deixado por Cristo, então, seria difícil ter um cristão “puro”. Mas, com isso, sendo apenas um comentário dele, dizendo que são sempre singulares os gostos e as intensidades, afirma que sim, e que Cristo foi uma pessoa que afirmou a vida.
Com isso e dando sequência ao encontro, Paulo coloca uma questão: nós estamos se construindo em um projeto moderno em que Nietzsche, vem reverter, Nietzsche chama de niilista aquele que nega a vida, como você vê a transcendência em Nietzsche, se antes era vista como algo a se atingir, qual é a transcendência que Nietzsche trás? Fidel diz: tem o niilismo ativo (cristão) e passivo (larga tudo, vira um ressentido) e o afirmativo para ter a vida como o valor dos valores. A vida aqui e agora, uma vida imanente. Ainda Fidel da coloca o exemplo da vida como passar na corda da vida, onde diz que a vida e como passar em uma corda, alguns passam com medo, outros nem tentam, alguns passam dançando, correndo, pulando, outros passam bem devagar.
Entrando mais especificamente no texto, Fidel fala sobre o texto de vivência e experiência, a vivência para Nietzsche é sentir sem saber que sente, não racionaliza. E na lógica moderna isso gera sinônimo com experiência com determinado fim já posto a priori. A experiência na lógica moderna já tem todo um fim pré-concebido. Rubens, aponta isso agora no currículo cultural, mas nos antigos 10 anos, se nega o que foi falado. O currículo cultural, como qualquer outro currículo, é uma maneira de que governar condutas, um problema é fazer do currículo cultural uma nova tábua de valores, seria virar um novo modelo. A grande dificuldade é não ter esse modelo, ao assumir múltiplas saídas é não se debruçar em um modelo.
Sofia, comenta sobre alguns conceitos do texto onde teve algumas dúvidas, como o conceito de força, eterno retorno uma força reativa e o devir reativo da força. Assim, Fidel fala sobre o eterno retorno em Nietzsche e diz que a dialética não é hegeliana é perspectivista, não é binária é múltipla, e sobre o eterno retorno disse se você volta-se mil vezes no mesmo dia, você seria feliz? Mas, o mesmo fazendo a ressalva de que sempre voltamos na diferença. Rubens aponta que a filosofia deleuze-guattariana tem um devir Nietzschiano, e a grande moral que nos limita a vida é o capital, e Deleuze e Guattari se propõem a pensar isso, em alguns momentos se sujeitar para que outras se afirmar, encerre perguntando à Fidel como ele vê isso com Nietzsche. Fidel diz: ao contrário do ócio é negócio, para Nietzsche a vida é uma guerra, mas, entende que ele começou a rasgar o caos, todavia não se debruçou muito nessas questões, seus leitores sim.
Caminhando para reta final do encontro, agradecemos pela presença do Fidel e deixando o convite para quando quiser participar mais vezes e a importância de sua presença no grupo. E, Rubens para finalizar conta que fizeram o exemplo do burro de maneira equivocada, pois, quando o burro cansa de ser violentado, ele empaca e ninguém tira do local, ele não é fácil de ser domado e nem tão produtivo. Diferente do cavalo e camelo, que trabalham até morrer, sempre produzindo, e são passíveis de adestramentos. Assim, encerramos nosso segundo encontro do semestre, no sábado dia 31 de agosto, de 2019, às 12:00.