Boas Vindas ao Alexandre (já
graduado), Talita (4º semestre) e ao Leonardo (já graduado).
TEXTO: LIBERMAN,
Flávia et al. Práticas corporais e
artísticas, aprendizagem inventiva e cuidado de si. Fractal: Revista de
Psicologia, v. 29, n. 2, p. 118-126, maio-ago. 2017.
Sugestão audiovisual: Filme “Gênio Indomável” (1997).
O encontro de hoje foi coordenado pelo
Vitor-Moska, que iniciou dizendo que o texto trás a abordagem do Corpo e a Arte
na prática e o resumo realizado sobre o texto foi elencado duas provocações:
Provocação 1: “Tendo em mente que para Foucault
o cuidado de si é um conjunto de práticas e técnicas que não se restringem a
uma relação individual, mas, neste movimento, a relação com o outro, é possível
identificarmos a leitura dos textos, debates e reflexões propostas no
território do grupo como práticas de cuidado de si? Se sim, conseguiríamos
aferir essa postura para além do momento do grupo? Ou seja, fora do espaço
tempo/geográfico que o grupo acontece, poderíamos aferir vestígios dessa
prática na nossa relação com os outros? ”.
Respondendo a primeira provocação, Elder
iniciou falando que o pensamento acontece constantemente, que ele veio de uma
educação de reprodução. A grande inquietação sobre esse cuidado de si que esta na
extensão do contato com o outro, e Rubens diz que o que pensamos está na
relação com o social, a criação a partir do externo/o, do fora.
Partindo para a visualização do texto em si, as
autoras são da área da saúde e a problematização esta no relacionar com a nossa
área, podendo visualizar a recognição como um processo didático e a
aprendizagem inventiva sendo um momento que acontece. E o decorrer do texto se
da por meio de relatos.
E para dar sequência Vitor menciona a
Provocação 2: “Pensando nas experiências de cada um e uma ao ministrar (ou
participar de) aulas de Educação Física no contexto escolar, a partir dos
relatos apresentados pelas autoras, como seriam as propostas para a Educação
Física alinhadas a essa perspectiva de aprendizagem?”.
João diz que ao ver através dos encontros,
pensando no propiciar e deixarem acontecer. E Monique continua, mas se vai
haver os encontros como ter e ser programado uma aula? E daí elencasse que não
dá e não tem como didatizar a subjetividade de alguém. Se aproximando com um
dos referenciais das autoras, Vitor diz que quando relacionamos a Educação Física
com o habito podemos ter como exemplo uma atividade: o propor para “alguém” que
faça uma mímica e os outros, reconhecer a prática corporal que ela está
gesticulando. Exemplo, futebol, chutando uma bola, e como resposta de todos a mobilização
para sensibilizar esse habito e o processo de reconhecer essa prática entra
como a recognição, a partir de reconhecer a prática e Rubens, o habito esta na
observação que gera um comportamento em mim que é o habito. O que é cabível
observar, que se existisse duas ou mais pessoas simularia de formas diferentes,
e se é construído e passível de uma desconstrução.
Observando assim que o tabular como ser,
congela o que desejaria. Próximo exemplo foi o futebol de cabeça, mostrando
somente o vídeo (A bola jlkunahaty- futebol de uma etnia indígena) para a
pessoa que iria realizar a mímica, analisando assim que isso não é um habito
nosso e esses hábitos constroem os sujeitos pertencentes ao meio.
No desenvolver do texto e dentro de um relato,
ocorre a utilização do mercado como a quebra da aprendizagem inventiva,
deixando de ter a potência de si, continua Rubens, se discute cultura
generalizou e quanto a aprendizagem ela é singular, ou seja, ao ver o que é
afetado e a escola faz o inverso, querendo uniformizar/automatizar, não que que
de alguma maneira isso não seja importante “cultivamos e compartilhamos... da
humanidade” , mas impede o afeto para que produza novas formas de ser sentir.
Para dar continuidade sobre a automatização e o afeto, Vitor faz a pergunta: em
que momento você aprendeu a ler? E dá o seu relato, de que aprendeu a ler na
placa do cemitério que viu na rua, ou seja, a partir do contato com aquilo, que
faz parte da aprendizagem inventiva que foi um momento. O entender que na
escola havia uma repetição mecânica para que houvesse a leitura, mas não sabia
e quando se viu na situação aprendeu/aconteceu que foi o momento.
Mas a necessidade de cautela com o tema
aprendizagem inventiva, que o grupo esta apenas no inicio e Rubens diz que constroem
conceitos para operar, inventando como queremos para que as coisas aconteçam,
mas tudo é um caos, e na área acadêmica, entra com as palavras jogadas ao vento
e a linguagem ser diferente, caindo assim no congelamento de si próprio de cada
coisa que se criou.
E Vitor salienta que usou a leitura como o
efeito do texto nele e foi conectando com momentos. Para dar continuidade nas
problematizações práticas e o lançar questões que potencializam a questão de
desconfiar, Vitor passa o vídeo redball, é praticado na Europa central, um esporte
que todo gol é de “bicicleta”. E com esse momento Leonardo recapitulou alguns
momentos, nas ações que não são direcionadas está os encontros, assim mudando o
foco, a criança esta em outro meio/mundo, exemplo, no horário do intervalo é o
momento que se expressam, que existe a interação, uma movimentação.
Havendo a conexão Rubens diz o como colocar em
prática que vem do controle e da experimentação, o professor vai escrevendo em
vida de acordo com uma serie de coisas que vai se dando nos acontecimentos, uma
hora é controlador e a outra propiciando experimentações e encontros, mas não
podemos esquecer que a recognição é necessária, mas que não seja permanente.
Com mais especificidade o cartografar os
movimentos, mas não a realidade em si, um guia para si, no seu raciocínio, não
uma verdade e sim como você vê, nem a própria pessoa pode ter o controle de
tudo que esta em ação/nos mesmos, impossível padronizar, só diz como nos vemos
e como se assemelham as coisas, um processo da ordem do imprevisível. Continua Vitor
só o buscar pistas, e propostas que desafiem o que já possuímos como o
aprendido e afinal tudo está em uma cultura.
Mas o desafio maior encontra-se, quando você
lança a experiência para quem quer, tem o prazer, mas existem aqueles que não
querem, tem crianças que já foram capturados pela máquina social e está na
recognição existente e romper com esse domínio, eles não aceitam. E o problema
esta no como sair desse NÓ?
Um grande dilema pedagógico. Por exemplo, o ato
de escrita é um efeito que vai modificando a própria subjetividade/enquanto
composição de subjetividade e possuem discursos que afetam tudo sendo uma
ficção e nada corresponde a verdade. Associando o todo com o filme, destaca-se
“viver é diferente de ler sobre”, a liberdade como a potencia de vida e as
ações nas escolas as que matam. Entendendo que a ação de relacionar o texto com
o filme esta na pergunta: Quais os efeitos que o filme produz em você? O
semear, jogar as coisas e ver o que acontece, não é aprender como e sim com,
colocando pistas, sinais, signos para que haja o contato. Não há controle e sim
ideais de como trabalhar nessa área, quanto a áreas que matam a potencia e
outras favorecem a potencia. O aprender de forma aleatória sem haver uma ordem.
Para finalizar o grupo, Rubens elencou:
- Quais seriam os limites para aprendizagem inventiva, ou seja, que não
há ferramentas para utilizar, 1- desenvolvimento motor baseado na filosofia da
diferença/respostas motoras (pensamento e corpo = uma mesma coisa); 2- a
memória; 3- qual papel do corpo?; 4- inteligência; .... Entendendo que está
ocorrendo o desbravamento de uma aprendizagem que não é muito estudada nem por
psicólogos.
- O TEXTO SUGERIU FORMAS DE FAZER A RODA GIRAR!!!:
APRENDIZAGEM
PROBLEMATIZAÇÃO CORPO HÁBITO (um ciclo contínuo)
ENCONTRO (fora-dentro, contemplação/ação)
SIGNOS
- Princípios Didáticos:
·
Experimentação (fluxos/atravessar de outras
maneiras);
·
Modulação do controle (um momento controla e
outro não);
·
Sensibilidade as potências (passagem para
criação de vida/novas ideias);
·
Articulação macro-política com as máquinas
sociais instituições (problema ou princípio? - Limite o que fazer com isso);
Práticas corporais e artísticas, aprendizagem inventiva e cuidado de
si.
Flavia Liberman; Elizabeth Maria Freire de Araújo
Lima; Viviane Santalucia Maximino; Yara Maria de Carvalho
Resumo de Vitor de
Castro Mello
Na esteira das discussões
propostas nos encontros anteriores, o texto traz à baila o tema aprendizagem
buscando, a partir de 3 fragmentos de relatos de prática, tecer possibilidades
de se olhar para a formação na área de saúde, empreendendo no desafio de desarticular
uma determinada função social de “tratamento de pessoas” para um lugar de
escuta, produção de conversa e, em última instância, produção de afetos,
inspiradas pelas proposições de Kastrup (2010) com a Aprendizagem inventiva,
Foucault (2006) e o cuidado de si e Dewey (2010) acerca da experiência estética.
Vale
ressaltar que o texto não se resume a esses autores e autora tão pouco aos
conceitos descritos, entretanto, na leitura que fizemos, acreditamos serem tais
conceitos balizadores do entendimento acerca das proposições apresentadas pelas
autoras.
Aprendizagem
Inventiva, experiência estética e cuidado de si
Assim como
descrito por Kastrup (2010), a aprendizagem inventiva se trata de uma concepção
de processos que levam a uma aprendizagem. Difere-se do processo de recognição
(como vimos em Gallo (2017) e Kastrup (2001)) justamente por não pressupor um
reconhecimento, caracterizado pela assimilação do conhecimento anterior
(prévio) e sua possível utilização na vida prática. Trata-se, portanto, de uma experiência
problematizadora, instigando o sujeito a criar situações e pensamentos ao invés
de apresentar respostas a problemas já existentes.
A
experiência da problematização é aquela que acontece quando os esquemas da
recognição são inadequados ou impotentes para assimilar o que se nos apresenta,
trazendo um intuito cognitivo, pois pode produzir deslocamentos, suspendendo
atitudes naturais e produzindo um processo de Aprendizagem Inventiva
(SANCOVSCHI; KASTRUP, 2013).
O conceito
de experiência estética de Dewey também nos ajuda a pensar o lugar da arte na
Aprendizagem Inventiva. Associando os processos artísticos a situações
cotidianas, Dewey traz a concepção de arte como experiência e afirma que,
embora muito do que é vivido no cotidiano possa ser perdido, quando a
experiência não é interrompida, um fluxo de pensamentos e sensações conduz a
pessoa a um estado distinto do estado anterior, fazendo com que esta seja uma
experiência estética, marcada por emoções e sensações intensas, que não se dissipam
e não são facilmente esquecidas (DEWEY, 2010). A experiência faz aparecer uma
nova configuração que é produção de território existencial com as matérias do
mundo, gerando processos formativos.
As
experiências estéticas e os processos de criação são próprios da vida e dos
corpos e podem acontecer nas situações cotidianas, mas nosso modo de existência
produz distâncias entre o corpo e o que ele pode, sua potência e seus
processos. O contato com as práticas artísticas e corporais recoloca o problema
da aprendizagem sob a perspectiva da invenção:
[...] a arte não é um alvo, mas um
atrator caótico, um ponto que é tendencial, sem ser fixo e sem possibilitar
falar em regimes estáveis ou em resultados previsíveis. Colocar o problema da
aprendizagem do ponto de vista da arte é colocá-lo do ponto de vista da
invenção. A arte surge como um modo de exposição do problema do aprender
(KASTRUP, 2001, p. 20).
Na Aprendizagem Inventiva, a
invenção não é vista como algo raro e excepcional, privilégio exclusivo de
artistas ou cientistas, está em nosso cotidiano e permeia o funcionamento
cognitivo de todos nós. Sendo assim, concede a aprendizagem uma dimensão
ético/moral e política, pois não negligencia aspectos afetivos, emocionais,
sociais, políticos, etc.
Para Foucault (2006), os sujeitos
não são uma substância, mas formas produzidas por jogos de poder e saber e se
encontram em relações de produção e de significação que são complexas.
Pesquisando as relações entre sujeito e verdade, o autor explorou as práticas do
sujeito consigo mesmo, o cuidado de si e sua emergência no mundo grego.
Trata-se de práticas e ações
pelas quais o sujeito, ele mesmo, se coloca em movimento, atuando daquilo que
constitui os modos de subjetivação. Segundo Deleuze (2000, p. 123), Foucault
estava se perguntando sobre a possibilidade da resistência: “transpor a linha
de força, ultrapassar o poder, [...] seria como curvar a força, fazer com que
ela mesma se afete, em vez de afetar outras forças: uma ‘dobra’, uma relação de
força consigo”.
O cuidado de si remete ao conhecer em
sentido ampliado como movimento da existência, já que não há acesso ao
conhecimento sem uma transformação contínua de si mesmo. O cuidado de si é
certamente o conhecimento de si [...], mas é também o conhecimento de um certo
número de regras de conduta ou de princípios que são simultaneamente verdades e
prescrições. Cuidar de si é se munir dessas verdades: nesse caso a ética se
liga ao jogo da verdade (FOUCAULT, 2004, p. 269).
Entretanto, diferente do que
se sugere o termo, o cuidado de si não se trata de uma ação no isolamento, tão
pouco individualista, não se restringe a um exercício na solidão. O cuidado de
si constitui-se em uma prática social, nas relações complexas com o outro, já
que para os gregos “aquele que cuidasse adequadamente de si era, por isso
mesmo, capaz de se conduzir adequadamente em relação aos outros e para os
outros” (FOUCAULT, 2004, p. 271).
Assim, o cuidado de si torna-se
ponto de referência de uma estética da existência, constituição de um modo de
ser e de se conduzir, que se completa em uma dimensão de ação, por meio das
práticas de si. Essas práticas não são alguma coisa que o próprio sujeito
invente, mas “esquemas que ele encontra em sua cultura, sua sociedade e seu
grupo social” (FOUCAULT, 2004, p. 276); elas entram em conexão com a produção
da vida como obra de arte e envolvem a criação de parcelas, ainda que pequenas,
de mundos que se abrem em novas composições entre corpos. São outras
sensibilidades, pensamentos e ações que implicam na imersão em um campo de
experiências.
Fragmentos de relatos
de prática
As autoras nos apresentam 3
fragmentos de relatos com a expectativa de serem propositivas ao compor o
mosaico que abrange os conceitos propostos no texto.
Cada relato
tratará de uma dimensão possível, no sentido de práticas possíveis, no
cotidiano pedagógico.
O primeiro
fragmento nos apresenta a escrita como experiência de uma prática estética e o
cuidado de si.
A ideia é
propor aos estudantes diferentes experimentações com as práticas corporais e
estéticas, aqui especialmente as de escrita, explorando a mistura delas a fim
de problematizar a respeito do “corpo em arte”. Dos procedimentos cabe
mencionar que, inicialmente, agregam o acolhimento de todos, ou um modo de
apresentar os participantes que instigue a atenção e o cuidado com o outro e
consigo; depois, um aquecimento com exercícios de relaxamento e respiração para
prepararmos o corpo para o “encontro” com a escrita; em seguida, definir um
tema disparador para o trabalho da escrita – corpo e arte, por exemplo;
explorar a prática propriamente dita, com exercícios de escrita (solta,
sintética, objetiva, poética); observar sua escrita; olhar para e experimentar
as escritas dos outros; narrar, escutar, conversar e trocar a respeito das
diferentes experiências de escrita a fim de perceber o que cada um traz e
instigar a troca de impressões a respeito do que foi realizado.
Trata-se de uma prática nos
termos de uma “escrita de si” que não é uma prática descritiva do que
aconteceu, mas uma prática que movimenta o pensamento (FOUCAULT, 2006). A
formação aqui se transforma em uma prática estética, um campo de experimentação
de si, como arte de viver (FOUCAULT, 2006, p. 146). Nesse campo, os exercícios
de “escrita de si” produzem forças e funcionam como dispositivos capazes de
acessar o inusitado, o intempestivo, o inenarrável do cuidado de si. E para
perceber os fluxos que atravessam esta escrita, é preciso se deixar afetar, sem
apego.
O segundo fragmento relata um
trabalho de acompanhamento de um grupo de mulheres com diferentes desafios por
meio de práticas corporais e estéticas realizadas em um equipamento de arte e
cultura da região.
Durante o relato as autoras
destacam o encontro dos estudantes com a D. Zefa, uma das mulheres acompanhadas
durante o projeto.
“D. Zefa está com um xale amarelo,
presente de uma aluna. Produz um novo corpo para este encontro. Nem sempre foi
assim, nem há garantia de que seja nas próximas vezes. Há momentos em que é
necessário tirá-la da cama, dar banho e vesti-la. Ela entra na van e fala: eu
sou a mais nova aqui, sendo que ela é idosa e provavelmente nem sabe sua idade.
Aquele corpo desdentado sorri quando diz: eu sou preta e você é minha filha
branca, trazendo sua ancestralidade e a história, e lugar dos negros. Faz um
gesto repetido de colocar as mãos no chão, com grande flexibilidade, para
espanto de todos: foi o trabalho na enxada, diz, lá na minha terra. Estes
gestos, também liberados pelas propostas realizadas, fazem surgir “asa
parições”, os vários corpos que habitam D. Zefa. São os corpos que existem e os
novos corpos que se tornam visíveis pelos dispositivos utilizados.”
No encontro do grupo de alunos e
docentes com cada mulher busca-se instaurar um clima curioso e receptivo,
exercitando um olhar que apreende o conjunto sem perder a singularidade nas
propostas mais variadas: explorar objetos, lembrar de uma música, contar
histórias, tocar outros corpos, brincar. Estas propostas são criadas a partir
dos desejos e participação de todos e visam a exploração dos corpos, a
ampliação da percepção e da sensibilidade, a instauração de um estado de
presença.
O terceiro fragmento relata uma
visita a uma exposição de artes e abordará os efeitos produzidos a partir das
obras no público de estudantes.
A obra de Sophie Calle, Cuide de
você, que esteve em exposição em São Paulo no Sesc Pompéia, coloca em foco as
relações entre o cuidado e a criação artística. O trabalho foi desenvolvido a
partir de uma mensagem de e-mail recebida pela artista, na qual seu namorado rompia
o relacionamento que havia entre eles. A mensagem terminava com um usual “cuide
de você” - take care of yourself ou, na língua da artista, prenez-soin de vous
-, como um “até mais” ou “nos vemos por aí”.
“Recebi um email de rompimento. E não
soube respondê-lo. Era como se ele não me fosse destinado. E terminava com as
palavras: Cuide de você. Levei essa recomendação ao pé da letra. Pedi a 107
mulheres, escolhidas por sua profissão, para interpretar a mensagem por um
ângulo profissional. Analisá-la, comentá-la, cantá-la, dançar com ela. Dissecar
a mensagem. Esgotá-la. Compreender por mim. Responder no meu lugar. Uma maneira
de ganhar tempo para romper. No meu ritmo. Cuidar de mim (CALLE, 2008, tradução
nossa).”
Ao
compartilhar o e-mail recebido, as autoras apontam que Sophie pluralizou-se,
reavivando em cada uma das receptoras do e-mail novas respostas, dores, que se
multiplicam: pode-se atirar na carta, num gesto de precisão e violência, que
quase nos provoca uma espécie de alívio; pode-se desabar sobre ela; pode-se
interpretá-la, corrigi-la, traduzi-la para outras línguas, transportá-la para
outros contextos; pode-se dançar com ela ou fazê-la desaparecer como num passe
de mágica.
No contexto
da disciplina ministrada pelas autoras do relato, as visitas a exposições de
arte e o contato com obras que encarnam, envolvem e desenvolvem um campo
problemático, visam favorecer a experiência estética, a intensificação de
desejo e a ativação da sensibilidade.
Aprendizagem é entendida aqui
como um processo movido por desejo, interesses e capacidades, que provoca
transformações e cria novas formas de ser, articulando a possibilidade de
compartilhar conhecimentos e saberes e de construir caminhos próprios e
singulares na pluralidade da existência humana.
Provocação 1:
Tendo em
mente que para Foucault o cuidado de si é um conjunto de práticas e técnicas
que não se restringem a uma relação individual, mas, neste movimento, a relação
com o outro, é possível identificarmos a leitura dos textos, debates e reflexões
propostas no território do grupo como práticas de cuidado de si? Se sim,
conseguiríamos aferir essa postura para além do momento do grupo? Ou seja, fora
do espaço tempo/geográfico que o grupo acontece, poderíamos aferir vestígios
dessa prática na nossa relação com os outros?
Provocação 2:
Pensando nas experiências de
cada um e uma ao ministrar (ou participar de) aulas de Educação Física no
contexto escolar, a partir dos relatos apresentados pelas autoras, como seriam
as propostas para a Educação Física alinhadas a essa perspectiva de
aprendizagem?