quarta-feira, 18 de maio de 2016

2016 – Quarto Encontro GEPEF – 07 Maio

1 – Foram apresentados dois novos participantes do grupo no dia de hoje, assim como foram apresentadas as propostas, os objetivos e os trabalhos do grupo: Hemerson Patriarca e Tiago Guilardi.

2 – Alguns apontamentos para a condução do debate foram expostos:

  • ·         Crítica as propostas progressistas
  • ·         Principais problemas que envolvem o esporte moderno
  • ·         Crítica marxista a Educação Física
  • ·         Esporte no ensino de Primeira à Quarta série
  • ·         Crítica da Psicomotricidade à Educação Física
  • ·         Diferença entre as duas críticas
  • ·         Crítica ao modelo de aula aberta
  • ·         Crítica ao conceito de cultura corporal
  • ·         Crítica ao currículo crítico
  • ·         Análise de sentido no esporte
  • ·         Crítica à ciência esportiva
  • ·         Alienação do homem na sociedade e no esporte
  • ·         Função ideológica dos esportes
  • ·         Estrutura básica para o ensino do esporte emancipador
  • ·         Ação didática comunicativa
  • ·         Transformação pedagógica do esporte


3 07/05 - Tema: Abordagem crítica emancipatória (currículo cultural?)
Leitura principal: KUNZ, E. Transformação didático-pedagógico do esporte. 6 ed. Ijuí: Ed. Unijuí, 2004. Páginas 11-45.
Leitura complementar: NEIRA, M. G.; NUNES, M. L. F. Pedagogia da cultura corporal. São Paulo: Phorte, 2006 (Currículo e Educação Física, páginas 115-120).
Objetivo: compreender os fundamentos básicos desta visão curricular, questionando a relação desta visão com o currículo cultural do coletivo de autores.

O debate foi iniciado com a exposição do posicionamento contrário do autor em relação ao esportivismo e ao marxismo, algo que foi, no mínimo, bastante inovador, tomando como ponto de princípio de sua base metodológica a fenomenologia. Digo inovador pois, tratando-se da época em que o livro foi publicado, aqui no Brasil, posicionar-se de maneira crítica a “febre” marxista em relação à Educação Física, era um ato de coragem. Contudo, como discutido, o autor apresentou uma base teórica muito boa para fundamentar a sua prática.
Para iniciar, é interessante a exposição das críticas de Kunz sobre como a Educação Física vinha sendo vista: de um lado, o esportivismo, buscando atletas e a formação de sujeitos vencedores e perdedores, fundamentados no sonho ditatorial de propaganda e alienação governamental que, no debate de hoje, encaixa-se muito bem na questão de emancipação; de outro, a ideia de cultura corporal, proposta pelos representantes marxistas, onde Kunz busca romper com - segundo ele – a dicotomização entre corpo e mente proposta, baseando-se em que “todo corpo é um ser no mundo”. Apesar dos apontamentos, o objetivo do grupo não era o de discutir sobre os fundamentos da crítica de Eleonor Kunz ao marxismo (mais precisamente ao coletivo de autores), mas sim, discutir a ideia de emancipação proposta pelo autor, que se mostrou bastante interessante.
Como exemplo, pegaremos a “clássica” dinâmica da corrida no atletismo, onde é presa uma fita na cintura do aluno e este deve correr de forma que a fita permaneça sempre na horizontal e não seja vencida pela força da gravidade. Qual a ideia? Em geral, é a de que o aluno se concentre em seu objetivo para com a fita e não seja exposto ao mecanismo da competição, criando assim a oportunidade de que não haja vencedores e perdedores, mas apenas participantes. Para Kunz, a emancipação consiste em libertar-se das amarras ideológicas impostas, talvez não de forma completa, mas ao menos reconhece-las. Em outras palavras, o aluno se perguntar o porquê da sua “sede de vitória”; por que ele deve chegar primeiro? Entender que essas ideologias engendram o seu pensamento de uma forma não essencial, ou seja, ninguém nasce precisando vencer, mas sim, somos expostos a essa realidade desde o nascimento. A proposta de emancipação de Kunz, é a proposta de “emancipar-se de si mesmo”.

Contudo, como nem tudo são flores, reconhecemos as bases teóricas do autor como muito boas, assim como a sua apropriação teórica, sua coragem à crítica do marxismo e uma possível introdução a visão de que todos os problemas do mundo não se resumem aos problemas classistas propostos por Marx. Porém, qual o real potencial de libertação dessas aulas “isoladas”? Será que o indivíduo reconhecer que não precisa chegar em primeiro, pode liberta-lo dessas amarras ideológicas transformando-o em um ser crítico em relação ao mundo em que ele está imerso? Sua crítica ao coletivo foi justamente a de criticarem tudo e todo o sistema vigente, não fortalecendo a discussão metodológica.

2016 – Terceiro Encontro GEPEF – 23 Abril

Na data de hoje, o encontro foi aberto de uma forma diferente do que estamos acostumados, começando direto pelo debate do texto. Contudo, apenas por motivos de padronização, apontarei os “recados” primeiro:

1SEMEF FEUSP em Julho, dias 24 e 25. Trabalhos devem ser enviados até 01 de junho.

2 – Nomes sugeridos para compor as mesas de manhã e de tarde, onde serão expostas as ideias (não citarei nome daqueles que deram sugestões pois falhei com o amigo Moska da última vez, como bem lembrado por ele mesmo):
- João Batista Freire
- Marcelo Hungaro
- Mario Nunes
- Marcos Neira
- Marcílio de Souza Júnior
- Jocimar Daolio
- Valter Bracht
- Oswaldo Luis Nunes
- Walter Roberto Correia.

          Dentro disso, Rubens sugeriu um novo nome para a mesa redonda: “Currículos da Educação Física e diferença”, não levando em consideração o conceito de filosofia da diferença, mas apenas as diferenças entre uma visão e outra. Vale lembrar que ainda estamos esperando uma ideia de nome que relacione Currículo e o Capitão América – qualquer sugestão é bem vinda.

3 – Rubens também comentou conosco que irá criar um grupo de email para que todos compartilhem seus trabalhos, ou seja, ao invés de mandar um artigo, por exemplo, apenas para o orientador revisar, poderemos mandar para todos do grupo revisarem, o que certamente aumentará significativamente a qualidade dos trabalhos!

423/04 - Tema: Currículo Desenvolvimentista
Leitura principal: MANOEL, E. J. A Abordagem desenvolvimentista da Educação Física Escolar – 20 anos: uma visão pessoal. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v.19, n.4, p.473-488, 4º trimestre 2008.
Leitura complementar: NEIRA, M. G.; NUNES, M. L. F. Educação Física, Currículo e Cultura. São Paulo: Phorte, 2009 (Teorização curricular e Educação Física, páginas 57-79).
Objetivo: compreender os fundamentos básicos desta visão curricular.

Abrimos os debates com a exploração proposta por Moska, da nossa concepção fechada sobre o desenvolvimentismo. Segundo a leitura, pudemos perceber que, pelo menos para esse autor, o desenvolvimentismo busca ir além do que apenas o motor; e ele deixa isso claro quando cita “a cultura” envolvida no desenvolvimento, algumas vezes no texto. Sobre isso, Clayton fez uma intervenção bastante interessante, quando diz entender que, para Manoel, a abordagem desenvolvimentista é um filho renegado, e que Go Tani, num artigo[1] com o mesmo nome do que lemos, defende até o fim a ideia de uma Educação Física e de um desenvolvimentismo voltado para o desenvolvimento motor.
Sabemos que, dificilmente, essa concepção da Educação Física vai levar em conta as questões filosóficas que envolvem o próprio ambiente da aula, voltando-se para o movimento como único meio e fim. Dentro disso, Rubens apontou que o sentimento de mágoa que o autor expressa no final, é o de nunca ter conseguido formular, de fato, um currículo do desenvolvimentismo e, por diversos fatores, ficaram apenas nas bases que se sustentam até hoje. Bases essas tanto atacadas pelos marxistas, que sem querer fizeram uma propaganda inversa dessa concepção. Anderson, um representante do grupo adepto ao desenvolvimentismo, nos lembrou que essa concepção não foi criada por esses autores, mas sim pelos professores no dia a dia escolar, na prática, eles apenas expuseram – e continuam expondo – as bases científicas dessas concepções, onde fica claro que o objetivo não é o de se enveredar pelos aspectos sociais que envolvem as crianças, o grupo, a escola, a comunidade etc., e sim, potencializar o movimento de cada um.
Uma das críticas propostas é a do afastamento da pedagogia. O desenvolvimentismo, por lidar muito com a “ciência de laboratório”, acaba por tornar-se fria, ou seja, preocupada com novas pesquisas e novas descobertas sobre novas fases entre um movimento e outro, o que poderá gerar um novo artigo em alguma revista médica. Se essa concepção possui versões e visões diferentes, ou possui visões distorcidas que são disseminadas, tanto que o autor ressalta isso quase o texto inteiro na dita “visão do senso comum”, por que nunca foi publicado um livro sobre a “pedagogia distorcida” que é aplicada?
Apesar da discussão de cultura, o texto mostra-se contrário a visão marxista ou toda intervenção que possa debater problemas mais complexos da sociedade em questão, que os educandos estarão inseridos. Neira e Nunes, na leitura complementar, “aproximam” o desenvolvimentismo do tecnicismo, deixando claro para nós a herança de uma concepção para com a outra. Dessa forma, podemos pensar que essa desapropriação da questão social do currículo desenvolvimentista seja uma forma de romper com o tecnicismo? Entendemos que não, pois – dificilmente – existirá neutralidade; muito menos tratando-se de concepções da educação e de currículo.
Como bem observado por Clayton, a Educação Física da finlândia tem uma concepção desenvolvimentista; porém, os contextos de desigualdade social são bem diferentes do Brasil. O desenvolvimentismo talvez funcionasse em uma sociedade perfeita, onde nada mais deve ser debatido e as maiores preocupações fossem com o aprimoramento das habilidades motoras. Até aqui, na nossa visão, a argumentação continua sendo pobre; de maior sucesso, de mais fácil aplicabilidade, porém, sem maiores intenções sociais.
Contudo, tivemos a oportunidade de acompanhar no texto uma trajetória diferente do que conhecíamos do desenvolvimentismo, o que permite uma familiarização maior com a concepção e, quem sabe, um olhar diferente sobre a mesma. Ficou claro, pelo que nos propõe o autor, que o desenvolvimentismo vai bem além daquilo que nós estamos acostumados a imaginar, ou até como ele mesmo cita: “o desenvolvimentismo não está concluído ainda”. É comum que na prática do dia a dia, ele seja voltado apenas para desenvolver o movimento, porém, Manuel, de certa forma, clamou por uma nova visão, menos restrita do que vem a ser essa concepção, contradizendo todas as nossas certezas. Uso das palavras do companheiro Moska para encerrar – também - o texto: “será que toda a nossa crítica não está embasada na visão do senso comum sobre o desenvolvimentismo? ”.