terça-feira, 5 de novembro de 2019

26/10/2019 - Releitura dos capítulos 2º e 3º de Nietzsche e a Filosofia – Deleuze.


Iniciamos nosso encontro de hoje, sábado, dia 26 de novembro de 2019, às 9h na FEFISO/ACM. Iniciamos com a fala de Rubens comentando sobre a dinâmica, sobre como seria o encontro, e, como combinado na reunião passada, combinamos de Paulo (iniciante científico e membro do grupo) fazer uma abordagem sobre o 2º capítulo e Elder (iniciante científico e membro do grupo) do 3º capítulo do livro Nietzsche e a Filosofia, do autor Gilles Deleuze. Lembrando que, entramos neste acordo, pois, nos dois últimos encontros houve convidados via Skype e o texto ficou um pouco deslocado.
O segundo capítulo que Paulo apresentou fala sobre as forças ativas e reativa. Assim, além de fazer esta devida apresentação o intento do grupo é relacionar com a aprendizagem e Educação Física. Caminhando nesta via, Paulo nos traz um vídeo sobre a vida, um rapaz que vive 100 anos e a repórter pergunta à ele qual é o segredo de viver tudo isso, ele de maneira simples responde: é só não morrer! Ora, isso soa um tanto quanto estranho. Podemos nos perguntar, como assim não morrer? Em qual sentido? O morrer está explícito, mas em qual sentido isto é colocado? Fica ai, uma primeira pergunta, um convite para pensar...
Paulo coloca: as forças para Nietzsche estão para além do bem e do mal, não é uma dialética, uma não é melhor que a outra, elas coexistem, se completam neste paradoxo. Deslocando para o escopo da aprendizagem, vemos que a aprendizagem com Kastrup (2007) a partir da recognição e invenção, que as forças reativas possuem relações com a aprendizagem como recognição, e as forças ativas com invenção, sendo que, elas acontecem juntas, porém com mais ou menos intensidade, uma não nega a outra.
Vemos que as forças reativas são as que decidem preservar o corpo, fazer o certo (certo de acordo com a moral), seguir as normas. Então notamos aqui que as forças reativas são as que somos atravessados e nos fazem segui-las, por exemplo: no trabalho temos horário para chegar, bater o ponto, trabalhar determinadas horas, acordar cedo etc. Realçando que, a força reativa não está no ato e que colocamos o exemplo para movimentar o pensamento e deixar mais didático para entender, vocês podem criar seus próprios exemplos. A força reativa não está no ato. Existe pessoas que adoram acordar cedo, trabalhar, ser pontual etc., nos atentemos aqui para não moralizar os exemplos.
Notamos a conexão da força reativa com a queda da potência, e a força ativa com a elevação de potência. Potência enquanto o querer, vontade de fazer algo, o que nos move, nos motiva. Observamos com Deleuze que possui uma agonistica entre as forças e que elas não são fechamentos, mas abertura, logo, para me afirmar parar exercer determinada força preciso do outro. Rumando à outros platôs, Paulo traz mais dois conceitos: quantidade e qualidade. Quantidade e qualidade de forças. Assim, podemos entender a quantidade enquanto número de forças, quanta existem e seguem neste atrito, e a qualidade como a maneira que somos afetamos.
Rubens faz um comentário e coloca que as forças reativas tentam conservar as coisas enquanto as formas ativas querem movimentar, mudar. Bia (professora da rede de Boituva) coloca que a instituição escolar é reativa por natureza, comenta que tenta realizar diversas coisas diferentes, todavia é submetida em relações de poder e, que a coordenação e direção não a apoiam e vetam isso. Entretanto, intenta fazer isso em suas aulas. Vemos também que, quem determina a qualidade das forças é o corpo, não o professor. Nisso, Rubens vê uma conexão com Rene Schérer (2005) quando ele fala sobre a paixão, em tornar a força reativa em ativa.
Ainda com Rubens, ele coloca um pergunta explicitamente à João Pedro (mestrando na UFSCar-So) que está estudando formação de professores no âmbito da linguagem. Nesse sentido, Rubens coloca João para pensar, se a linguagem não é uma luta reativa? João coloca que em alguns momentos pode ter uma intensidade mais reativa, pois, a linguagem é estruturada e cessa novas possibilidades, entretanto, em outros momentos é afirmação, passagem à outras forças.
A forte potência da escola é em receber os mais diferentes tipos de corpos, pois é uma instituição diferente de outras. Por exemplo, podemos escolher em quais espaços querermos frequentar, clubes, igrejas, bares, festas... Já a escola todos devem ir.
Dando continuidade, Elder comenta quem foi Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844 – 1900) aponta algumas de suas obras e a importância desta obra de Gilles Deleuze que “salva” Nietzsche, pois seu pensamento estava sendo usado para afirmar o fascismo. Assim, Elder traz uma passagem do livro “pensar significaria descobrir, inventar novas possibilidades de vida” (DELEUZE, 2018, p. 98). Valendo lembrar que Elder comenta sobre o 3º capítulo e o nome dele é a crítica, sendo a crítica a sociedade, ao sujeito, ao conhecimento, à ciência e... e... Vemos com Nietzsche que todo fato é uma interpretação. Por essa via, ele coloca a ciência moderna em xeque, pois ela defende a ideia de uma verdade única e absoluta.
Para alimentar mais a discussão, Deleuze coloca o conceito de vontade de potência e vontade de verdade, e recorremos a mitologia grega para entender melhor isso, pois existe Apolo e Dionísio, ambos filhos de Zeus. Apolo é o deus da razão, logo, é racional, Dionísio é o deus da loucura, do caos. Observamos como as coisas vão se conectando, para falar de vontade de potência e vontade de verdade, conceitos pesados ao pensamento nietzschiano, sem abordar as forças seria de extrema dificuldade, pois uma complementa o outro. Vemos que, Apolo possui relações próximas com as formas reativas, que passa por devido crivo racional, e Dionísio com as forças ativas, onde o importante é fazer coisas que nos aumente a potência, que afirme a vida, logo, vemos intersecções com o caos, o imprevisível.
Elder vê com Guimarães Rosa que “felicidade se dá em horinhas de descuidos”, com bastante frequência vivenciamos que é difícil ficar planejando momentos de felicidades, eles simplesmente acontecem, no acaso da vida. Assim como a aprendizagem, nunca sabemos quando estamos ensinando alguém, mas, isso necessita de um esforço, porém é sempre imprevisível.  A vontade de verdade é o que determina como as coisas devem ser, impõem uma única verdade, verdade fixa e inabalável, e, em bastante momentos de nossas vidas passamos por isso, esta vontade de afirmar como uma coisas dever ser. Quando afirmamos o que dever ser, matamos a diferença, o que pode ser, entendemos isso na Lógica do rizoma com Deleuze e Guattari, a lógica da multiplicidade do mais, do e... e... e...
Rumando para o fim do encontro, finalizamos a reunião às 12h, e, ainda contamos com um lindo café coletivo durante a discussão que foi passada a fio aqui. Seguimos no próximo encontro, encontro qual terminaremos a discussão sobre o livro e veremos possibilidades para o próximo semestre. Também, foi feito o convite para irem nos eventos que os membro do PIBIC (grupo de iniciação científica) irão apresentar, no seminário na UFSCar-So, Semef na USP, conexões na UNICAMP e CONIC.