Iniciamos
nosso encontro de hoje, sábado, dia 26 de novembro de 2019, às 9h na
FEFISO/ACM. Iniciamos com a fala de Rubens comentando sobre a dinâmica, sobre
como seria o encontro, e, como combinado na reunião passada, combinamos de
Paulo (iniciante científico e membro do grupo) fazer uma abordagem sobre o 2º
capítulo e Elder (iniciante científico e membro do grupo) do 3º capítulo do
livro Nietzsche e a Filosofia, do
autor Gilles Deleuze. Lembrando que, entramos neste acordo, pois, nos dois
últimos encontros houve convidados via Skype e o texto ficou um pouco
deslocado.
O
segundo capítulo que Paulo apresentou fala sobre as forças ativas e reativa.
Assim, além de fazer esta devida apresentação o intento do grupo é relacionar
com a aprendizagem e Educação Física. Caminhando nesta via, Paulo nos traz um
vídeo sobre a vida, um rapaz que vive 100 anos e a repórter pergunta à ele qual
é o segredo de viver tudo isso, ele de maneira simples responde: é só não
morrer! Ora, isso soa um tanto quanto estranho. Podemos nos perguntar, como
assim não morrer? Em qual sentido? O morrer está explícito, mas em qual sentido
isto é colocado? Fica ai, uma primeira pergunta, um convite para pensar...
Paulo
coloca: as forças para Nietzsche estão para além do bem e do mal, não é uma
dialética, uma não é melhor que a outra, elas coexistem, se completam neste
paradoxo. Deslocando para o escopo da aprendizagem, vemos que a aprendizagem
com Kastrup (2007) a partir da recognição e invenção, que as forças reativas
possuem relações com a aprendizagem como recognição, e as forças ativas com
invenção, sendo que, elas acontecem juntas, porém com mais ou menos
intensidade, uma não nega a outra.
Vemos
que as forças reativas são as que decidem preservar o corpo, fazer o certo
(certo de acordo com a moral), seguir as normas. Então notamos aqui que as
forças reativas são as que somos atravessados e nos fazem segui-las, por
exemplo: no trabalho temos horário para chegar, bater o ponto, trabalhar
determinadas horas, acordar cedo etc. Realçando que, a força reativa não está
no ato e que colocamos o exemplo para movimentar o pensamento e deixar mais
didático para entender, vocês podem criar seus próprios exemplos. A força
reativa não está no ato. Existe pessoas que adoram acordar cedo, trabalhar, ser
pontual etc., nos atentemos aqui para não moralizar os exemplos.
Notamos
a conexão da força reativa com a queda da potência, e a força ativa com a
elevação de potência. Potência enquanto o querer, vontade de fazer algo, o que
nos move, nos motiva. Observamos com Deleuze que possui uma agonistica entre as
forças e que elas não são fechamentos, mas abertura, logo, para me afirmar
parar exercer determinada força preciso do outro. Rumando à outros platôs,
Paulo traz mais dois conceitos: quantidade e qualidade. Quantidade e qualidade
de forças. Assim, podemos entender a quantidade enquanto número de forças,
quanta existem e seguem neste atrito, e a qualidade como a maneira que somos afetamos.
Rubens
faz um comentário e coloca que as forças reativas tentam conservar as coisas
enquanto as formas ativas querem movimentar, mudar. Bia (professora da rede de
Boituva) coloca que a instituição escolar é reativa por natureza, comenta que
tenta realizar diversas coisas diferentes, todavia é submetida em relações de
poder e, que a coordenação e direção não a apoiam e vetam isso. Entretanto,
intenta fazer isso em suas aulas. Vemos também que, quem determina a qualidade
das forças é o corpo, não o professor. Nisso, Rubens vê uma conexão com Rene
Schérer (2005) quando ele fala sobre a paixão, em tornar a força reativa em
ativa.
Ainda
com Rubens, ele coloca um pergunta explicitamente à João Pedro (mestrando na
UFSCar-So) que está estudando formação de professores no âmbito da linguagem.
Nesse sentido, Rubens coloca João para pensar, se a linguagem não é uma luta
reativa? João coloca que em alguns momentos pode ter uma intensidade mais
reativa, pois, a linguagem é estruturada e cessa novas possibilidades,
entretanto, em outros momentos é afirmação, passagem à outras forças.
A forte
potência da escola é em receber os mais diferentes tipos de corpos, pois é uma
instituição diferente de outras. Por exemplo, podemos escolher em quais espaços
querermos frequentar, clubes, igrejas, bares, festas... Já a escola todos devem
ir.
Dando
continuidade, Elder comenta quem foi Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844 – 1900)
aponta algumas de suas obras e a importância desta obra de Gilles Deleuze que
“salva” Nietzsche, pois seu pensamento estava sendo usado para afirmar o
fascismo. Assim, Elder traz uma passagem do livro “pensar significaria
descobrir, inventar novas possibilidades de vida” (DELEUZE, 2018, p. 98).
Valendo lembrar que Elder comenta sobre o 3º capítulo e o nome dele é a crítica, sendo a crítica a sociedade,
ao sujeito, ao conhecimento, à ciência e... e... Vemos com Nietzsche que todo
fato é uma interpretação. Por essa via, ele coloca a ciência moderna em xeque,
pois ela defende a ideia de uma verdade única e absoluta.
Para
alimentar mais a discussão, Deleuze coloca o conceito de vontade de potência e
vontade de verdade, e recorremos a mitologia grega para entender melhor isso,
pois existe Apolo e Dionísio, ambos filhos de Zeus. Apolo é o deus da razão,
logo, é racional, Dionísio é o deus da loucura, do caos. Observamos como as
coisas vão se conectando, para falar de vontade de potência e vontade de
verdade, conceitos pesados ao pensamento nietzschiano, sem abordar as forças
seria de extrema dificuldade, pois uma complementa o outro. Vemos que, Apolo
possui relações próximas com as formas reativas, que passa por devido crivo
racional, e Dionísio com as forças ativas, onde o importante é fazer coisas que
nos aumente a potência, que afirme a vida, logo, vemos intersecções com o caos,
o imprevisível.
Elder vê
com Guimarães Rosa que “felicidade se dá em horinhas de descuidos”, com
bastante frequência vivenciamos que é difícil ficar planejando momentos de
felicidades, eles simplesmente acontecem, no acaso da vida. Assim como a
aprendizagem, nunca sabemos quando estamos ensinando alguém, mas, isso
necessita de um esforço, porém é sempre imprevisível. A vontade de verdade é o que determina como
as coisas devem ser, impõem uma única verdade, verdade fixa e inabalável, e, em
bastante momentos de nossas vidas passamos por isso, esta vontade de afirmar
como uma coisas dever ser. Quando afirmamos o que dever ser, matamos a
diferença, o que pode ser, entendemos isso na Lógica do rizoma com Deleuze e
Guattari, a lógica da multiplicidade do mais, do e... e... e...
Rumando
para o fim do encontro, finalizamos a reunião às 12h, e, ainda contamos com um
lindo café coletivo durante a discussão que foi passada a fio aqui. Seguimos no
próximo encontro, encontro qual terminaremos a discussão sobre o livro e
veremos possibilidades para o próximo semestre. Também, foi feito o convite
para irem nos eventos que os membro do PIBIC (grupo de iniciação científica)
irão apresentar, no seminário na UFSCar-So, Semef na USP, conexões na UNICAMP e
CONIC.