De início, o companheiro Rubens fez uma extensa introdução sobre o
objeto de estudo do atual encontro, pós-estruturalismo, focando grande parte de
sua fala no trabalho empregado por Nietzsche, conhecido, dentro da filosofia da
diferença (também muitas vezes usada como sinônimo de P.E., apesar de conter
diferenças), pela tentativa de romper com a tradição platônica de pensamento, aproximando-se,
ao final sua fala, de seu objeto de escrita: os intelectuais franceses
considerados “seus descendentes” e também impulsionadores do que se pode chamar
de P.E. Pela dificuldade do tema e de se construir explicações rápidas,
desencadeadas, isoladas sobre o que quer que seja relacionado, colocarei em
tópicos apenas algumas ideias que surgem após esta introdução:
·
A impossibilidade de pensar a prática descolada da visão
de mundo; e por isso toda prática é política.
·
No P.E. não existe o binarismo “pensamento x prática”;
“abstração x intervenção no real”; ambas estão intimamente ligadas
·
A partir dos tópicos anteriores, a impossibilidade de se
pensar o mundo neutro.
Logo após,
abriu-se para o debate e o desenvolvimento das ideias e das impressões
referentes ao texto. Neste encontro em especial, as intervenções ocorreram de
forma bastante ampla e aproveito para deixar aqui o meu pedido de desculpas
pois não pude registrar da maneira como gostaria a fala dos participantes.
Comprometo-me, na próxima data, voltar a utilizar do “tradicional” auxílio do
notebook (e desconfiar um pouco mais da minha capacidade de escrivão). Algumas
questões parecem ter nos ajudado a conduzir as discussões, portanto, nelas e em
suas respectivas possibilidades é que me concentrarei nesta segunda parte. Volto
a afirmar, quando troco “respostas” por “possibilidades” é porque tento
localizar aquelx que lê sobre a parcialidade deste texto, escrito, entendido,
pensado por aquele que escreve.
1.
O que seria o estruturalismo? O que são as estruturas do
estruturalismo?
Estruturalismo,
movimento anterior ao P.E., ganha maior projeção com a antropologia, procura
identificar dentro das culturas algumas “estruturas” que correspondem a todas,
como as religiões, as famílias e etc. Essas estruturas estariam associadas à
linguagem já que ela possibilitaria essas formações: estruturas, linguísticas,
determinantes de “centros” por onde toda cultura voltearia em torno. O
estruturalismo buscou cientificismo e universais, apesar de desconfiar do
sujeito moderno cartesiano ao dar centralidade à linguagem.
2.
No texto, são identificadas algumas bases do P.E.,
poderíamos repassa-las?
·
O movimento denominado P.E. rastreia os efeitos de um
limite definido como diferença. O problema do P.E. está em “descentralizar”
essa estrutura exaltada pelo Estruturalismo preocupado, prioritariamente, com a
diferença. Problema maior é identificar até onde pode ir a estrutura e a partir
de onde começa a diferença. O que escapa; como escapa; por que escapa? O que é
estrutura; como foi produzida assim; por que esta e não outra?
·
Os limites do conhecimento têm um papel inevitável em seu
âmago, ou seja, o limite é o cerne.
Se para o estruturalismo o centro estava na solidez da
constatação daquilo que permanece, para o P.E. o cerne está na diferença
justamente porque a partir dela podemos nos perguntar: por que o centro, a
identidade, é a identidade e a diferença é a diferença?
·
O limite não é definido por oposição ao anterior, é algo
positivo por si.
A diferença não é melhor e nem pior em relação à
identidade, mas é positiva, produtora em si mesma. Vejo também como uma crítica
à filosofia hegeliana onde encontrávamos uma tese, uma antítese, ou seja,
aquilo que ia de encontro a tese e produzia uma síntese: destruindo a tese, ou
submetendo-se à ela para obtermos uma resposta final. O P.E. compreende a
multiplicidade e não se prenderá ao “erro” ou a “exatidão” das afirmações, mas
ao poder criativo daquilo que surge.
·
O limite é uma coisa inapreensível que só pode ser
abordada por sua função de irrupção e mudança no âmago.
Não existe o arauto da diferença: ela só é apreensível a
partir da sua irrupção.
·
O P.E. não é contra ou a favor de determinado pensar de
forma definitiva, mas sim a afirmação de um poder produtivo inexaurível dos
limites de uma subversão de verdades. A preocupação não recai em “ser verdade
ou não” aquilo sobre o que se fala; mas sobre o poder produtivo a partir disso
– produtivo no sentido de produção: o que produz essa verdade? O que produz
essa diferença?
Por fim, no
limite do horário, as discussões tiveram de ser interrompidas por necessidade
de cumprir com nossa responsabilidade em relação ao tempo de grupo. A
intervenção que vem tendo andamento, citada com mais detalhes no texto
anterior, foi exposta mais uma vez e aberta novamente para todxs xs integrantes
que tenham disponibilidade e interesse em participar. Assim encerramos mais um
encontro, bastante satisfeitxs com os resultados (inconclusivos) e com as
possibilidades irrompidas.