O encontro de hoje, foi
baseado em um modo de entrevistas, com referencias da Educação Física, para
tanto, como convidado teremos a participação do professor Mário Nunes. Para
iniciar, Rubens propôs o Mário se apresentar e falar um pouco de sua trajetória
relacionada com a cultura corporal. Mário, então, inicia destacando a presença
do João, um aluno da sua primeira turma no Ensino Superior, que se destaca por,
em meio sua formação, tendo as aulas com Mário, conversava muito com seu amigo
no estágio sobre a proposta de uma perspectiva cultural da Educação Física. Uma
coisa muito específica que Mário destaca em sua trajetória é o acaso. Pois, foi
morar em Santos aos cinco anos, e lá, ambiente de praia, ele e seus amigos, uma
das práticas comuns na beira da praia era o futebol. E em sua adolescência foi
jogar na base do Santos, tinha um contato muito forte com o futebol e sempre ia
aos jogos da Portuguesa.
Em meio a isso, urge uma
pergunta sobre como foi a formação do Mário, como estava a Educação Física
predominante naquela época? Mário aponta que, naquele momento específico, a
Educação Física que predominava era a proposta Esportivista, logo, para
ingressar na faculdade era necessário fazer prova de avaliação física, e no
discorrer o que era requerido era o saber fazer as práticas corporais.
Outro ponto interessante que Mário destaca é que, o Marcos Neira estudou na
mesma faculdade que ele, e ainda foi bicho dele, mas nunca tiveram um contato
por lá.
Em meio a isso, perguntamos
– como foi seu contato com a área pós formado? Mário diz que, começou a
trabalhar como professor na escola que estudos e também a dar aulas em escolas
públicas. Aos 23 anos assume como coordenador esportivo, e um tempo depois como
coordenador num âmbito mais geral da escola. Todavia, sempre continuou dando
aula em escolas públicas de São Paulo. Naquela época, estava muito forte na
Educação as propostas de Piaget e a perspectiva psicomotora. Contudo, ao
frequentar uma feira de livros, um professor amigo, indica para ele um livro,
“A Educação Física cuida do corpo e... ‘mente’”, na qual o autor anuncia uma
crise da Educação Física e a importância de tal crise. Com isso, surge as
propostas renovadoras para a Educação Física. E após esses movimentos, Mário
passa a ter um contato mais próximo e intenso da universidade. Lá se inscreve
como aluno na USP, nas aulas com Katia Rubio, que passado um tempo, viria a ser
sua orientadora de mestrado.
Em conjunto a isso, vale
destacar que foi nas aulas com a professora Katia que Mário teve o contato com
o referencial dos Estudos Culturais. E que, também, se inscreveu num curso,
onde Marcos dava aula, e logo na primeira aula, Mário começa a questionar algumas
coisas aceca de o curso estar pautado nas teorias psi e do
multiculturalismo. No intervalo do curso, Marcos convida Mário para tomar um
café e conversar mais sobre, e esse foi o primeiro contato dos criadores Marcos
Neira e Mário Nunes da perspectiva cultural da Educação Física. Com isso,
Marcos já era professor na USP, e cria em conjunto com Mário o grupo GPEF.
Para
finalizar, Mário apresentou seu processo acadêmico, na pesquisa de doutorado,
sobre o que estudou e como foi, assim como no pós-doutorado, o que vem
estudando, o que pretende e como se deu seu ingresso como professor na FEF
UNICAMP e a fundação do grupo Transgressores. Para encerrar, agradecemos a
participação e colaboração do professor Mário Nunes.
Resumo:
Mário
estudou no ensino básico num país que enfrentava a ditadura militar, e a
Educação Física estava bastante associada ao Esportivismo. Se formou em
Educação Física na mesma perspectiva. No inicio dos anos 2000, criou em
conjunto com o Marcos Neira uma perspectiva cultural / pós-crítica da Educação
Física, em conjunto com o grupo GPEF, que um dos grandes diferenciais essa
proposta é o vinculo dos professores e professoras do chão da escola para com
as produções e teorias acadêmicas. E que nos dias de hoje, Mário é professor na
FEF UNICAMP, na qual ministra aulas na graduação e pós-graduação, e orienta
pesquisas de monografia, iniciação científica, mestrado e doutorado. Junto a
isso, se dedica a estar sempre pesquisando/estudando/atualizando/repensando
junto com os grupos a potente proposta cultural da Educação Física, pois,
fazendo jus a seu referencial, é algo que está em constante movimento e
transformação. Não é uma teoria fechada, estática que explica e dá respostas
para tudo, mas que, se dedica a estar em constante metamorfose. Essas são
algumas das contribuições do professor Mário Nunes para a Educação Física.