Neste
Sábado, 16 de Junho, ocorreu o último encontro do semestre. Como de costume, foi
realizada uma confraternização que reuniu membros(as) que permaneceram durante
todo esse semestre, marcando o retorno de alguns/algumas e o início de outros:
aproveitamos e damos as boas-vindas à Jurema. Aproveitando a presença de todos(as),
lembramos a grande importância de haver pessoas no grupo que pertencem a
interesses distintos - ingressar no mestrado; experiência escolar; graduandos;
bacharel; e etc.
Foi
formalizado o convite para os(as) interessados(a) sobre o Colóquio Michael
Foucault (http://coloquiofoucault.sites.ufsc.br/) que acontecerá em
Setembro; o SEMEF (http://www.gpef.fe.usp.br/semef2018/informacoes.htm
) em Julho; e Curso de Extensão do Neira (http://facsaoroque.br/curso-de-extensao-em-educacao-fisica-escolar)
em Junho.
Texto:
LOMBARDI, J. C.; SANFELICE,
J. L. Liberalismo e educação em debate.
Campinas: Autores Associados, 2007.
Iniciou-se com a fala de Rubens
explicando o porquê da escolha do referido livro e em que contexto dava-se a
opção por ele. João complementou a fala pontuando que havia pedido a abertura
desse espaço para que o texto fosse trabalhado como uma forma de ampliar nosso
repertório crítico. O grupo e uma maioria dos(as) membros(as), certamente, não
utiliza da filosofia liberalista para fazer análises sobre as dimensões
educacionais ou sociais, mas é dito que parece importante conhecermos ideias
outras para que possamos construir argumentações mais consistentes e disferir
críticas justas quando necessário.
Utilizamos do primeiro capítulo do livro
que realiza uma imersão bastante introdutória na filosofia liberalista e que
faz distinções importantes que nos pareceram bastante úteis – por exemplo: a
filosofia liberalista apresenta várias dissonâncias em relação ao conservadorismo
visto que seu bem maior é a liberdade e não a conservação; o liberalismo não se
dá apenas no âmbito econômico, mas é uma ética que perpassa por diversas
dimensões da vida em sociedade; uma educação liberalista não estaria voltada
apenas para o desenvolvimento do incentivo a livre iniciativa mas, em tese,
deveria contemplar uma diversidade de objetivos e metodologias. Contudo, o que
temos acesso hoje, principalmente nas mídias sociais, são polarizações
simplistas que dificilmente são revistas de forma crítica; hibridizações
conceituais que descaracterizam as bases fundamentais de qualquer filosofia. Somos
lembrados do fosso que existe entre a leitura e compreensão de uma obra
completa e um vídeo de cinco ou seis minutos no You Tube que alicerça esse tipo
de distinção, e que alcança milhões de visualizações em poucas horas - é
preciso que estejamos atentos à essas relações e que evitemos qualquer tipo de
análise ou conclusões rápidas, baseadas em causa e efeito.
No decorrer do texto, o autor considera
diversas “bases”[1],
“princípios” daquilo que chama de liberalismo – contudo, para que possamos nos
posicionar, faz sua ressalva: o liberalismo apresentado por ele é uma possibilidade de liberalismo, outras
visões podem existir e outros liberais ou filósofos políticos podem discordar.
A(o) primeira(o), como já denuncia o próprio nome, é a(o) mais fundamental: a
liberdade do indivíduo. Nada nem ninguém deverá ter ação direta sobre a nossa
liberdade de escolha ou ação, e isso traduz-se sobre todos os outros
“princípios” – desde que terceiros não interfiram na sua liberdade, e nem você
na de terceiros, todos os seus “direitos” e dos(as) outros(as) estão
garantidos. Alguns derivados são elencados e nos permitem enxergar na prática:
direito a integridade da pessoa (ou seja, não ser coagido por terceiros);
expressão do pensamento (não ser impedido por terceiros de se expressar);
direito de locomoção (não ter o direito de ir e vir barrado por terceiros); e
assim por diante. Ao Estado, ainda presente, restam apenas funções mínimas
relacionadas à burocracias e segurança.
Em
relação à educação, tema pouco abordado no capítulo todo, o autor apresenta
como princípio fundamental que ela não seja oferecida pelo Estado, mas sim pela
iniciativa privada.
Particularidade interessante é que os(as) liberais não defendem a
obrigatoriedade da educação, sendo esta opcional em relação à sua execução ou
local – não haveria qualquer impedimento de que a alfabetização fosse feita em
casa, por exemplo. Defende também a pluralidade educacional, não se definem
bases e nem consensos, cada escola opta por seu modo de fazer educação e cada
indivíduo opta por onde matricular seu/sua filho/filha ou, eventualmente,
matricular-se.
Mais perto do fim do capítulo, uma figura
é apresentada conceituando diferentes filosofias dentro de um espectro definido
por “direita e esquerda”, onde, dependendo do posicionamento, suas
características estariam mais próximas de determinado oposto.
Enfatiza-se o governo mínimo do
liberalismo – diferente de ausência de governo – e suas funções essenciais:
legislativo, judicial e militar.
Houve um questionamento sobre em qual
desses “o grupo” estaria localizado, ou qual teríamos por opinião que fosse o
mais adequado. Rubens defende da ideia de que não seria possível responder por
todos(as) pois cada qual poderia ter sua concepção de sociedade diferente. No
entanto, a partir da sua particularidade, diz que não se encaixaria em nenhum
desses enquadramentos correspondentes à filosofia política. Traz Michel
Foucault para justificar sua fala e lembra que sua luta maior é sempre contra
seus próprios processos de subjetivação e não em consonância com militâncias de
“revoluções-macro”.
Dentro disso, expomos aquilo que vemos
como um possível crítica ao Liberalismo: sua pretensão de metanarrativa. Como
toda boa filosofia que nasce à luz da modernidade, o Liberalismo pretende-se
uma resposta universal. Seus princípios deixam claro sua característica
infalível e, talvez, presunçosa. Vemos que, aparentemente, onde for implantado
ou aceito, o Liberalismo causará mudanças drasticamente positivas e
corresponderá a desenvolvimentos sem precedentes: isso pode ser confirmado
pelas falas do autor que remete qualquer sistema fascista, negativo, ditatorial
“ao lado esquerdo” (ou centro esquerdo) da figura. No entanto, essa relação de
desconfiança das metanarrativas modernas já foi exaustivamente discutida por
nós e pelos autores que comumente citamos – apenas foi enfatizada na fala
final.
Por
fim, como prática que repetimos, abrimos a discussão para sugestões de
leituras, avaliações, conduções, indicações de filmes e etc., para o próximo
semestre. Deixaremos em tópicos finais o que foi dito e defendido para o
calendário.
1. Defesa
da Iniciação Científica da Monique.
2. Diferentes
possibilidades de conduções dos textos.
3. Utilização
de outros materiais além de textos escritos.
4. Focarmos
em objetos de estudo (corpo e aprendizagem).
5. Insistirmos
em leituras “críticas” (Marxismo ou projeto Escola sem Partido).
6. Realizar
uma produção científica.
Aproveitamos
esse último parágrafo para agradecer a presença de todos(as) nesse primeiro
ciclo do ano: convidados(as) e membros(as), tivemos discussões muito produtivas
e vemos um grupo cada vez maior e mais solidificado! É com grande alegria que
continuamos trabalhando pelo GEPEF/FEFISO! Esperamos todos(as) para um segundo
semestre ainda melhor!
[1] Utilizaremos
aspas porque, como dito, baseamo-nos em apenas um autor que admite que possam
haver contestações ao seu pensamento. Logo, admitir bases ou princípios a
partir de um pensamento poderia ser inadequado da nossa parte.