sexta-feira, 22 de junho de 2018

Sábado, 16 Junho de 2018 - LOMBARDI, J. C.; SANFELICE, J. L. Liberalismo e educação em debate. Campinas: Autores Associados, 2007 - Encerramento 1º Semestre 2018


Neste Sábado, 16 de Junho, ocorreu o último encontro do semestre. Como de costume, foi realizada uma confraternização que reuniu membros(as) que permaneceram durante todo esse semestre, marcando o retorno de alguns/algumas e o início de outros: aproveitamos e damos as boas-vindas à Jurema. Aproveitando a presença de todos(as), lembramos a grande importância de haver pessoas no grupo que pertencem a interesses distintos - ingressar no mestrado; experiência escolar; graduandos; bacharel; e etc.
Foi formalizado o convite para os(as) interessados(a) sobre o Colóquio Michael Foucault (http://coloquiofoucault.sites.ufsc.br/) que acontecerá em Setembro; o SEMEF (http://www.gpef.fe.usp.br/semef2018/informacoes.htm ) em Julho; e Curso de Extensão do Neira (http://facsaoroque.br/curso-de-extensao-em-educacao-fisica-escolar) em Junho.

Texto: LOMBARDI, J. C.; SANFELICE, J. L. Liberalismo e educação em debate. Campinas: Autores Associados, 2007.

Iniciou-se com a fala de Rubens explicando o porquê da escolha do referido livro e em que contexto dava-se a opção por ele. João complementou a fala pontuando que havia pedido a abertura desse espaço para que o texto fosse trabalhado como uma forma de ampliar nosso repertório crítico. O grupo e uma maioria dos(as) membros(as), certamente, não utiliza da filosofia liberalista para fazer análises sobre as dimensões educacionais ou sociais, mas é dito que parece importante conhecermos ideias outras para que possamos construir argumentações mais consistentes e disferir críticas justas quando necessário.
Utilizamos do primeiro capítulo do livro que realiza uma imersão bastante introdutória na filosofia liberalista e que faz distinções importantes que nos pareceram bastante úteis – por exemplo: a filosofia liberalista apresenta várias dissonâncias em relação ao conservadorismo visto que seu bem maior é a liberdade e não a conservação; o liberalismo não se dá apenas no âmbito econômico, mas é uma ética que perpassa por diversas dimensões da vida em sociedade; uma educação liberalista não estaria voltada apenas para o desenvolvimento do incentivo a livre iniciativa mas, em tese, deveria contemplar uma diversidade de objetivos e metodologias. Contudo, o que temos acesso hoje, principalmente nas mídias sociais, são polarizações simplistas que dificilmente são revistas de forma crítica; hibridizações conceituais que descaracterizam as bases fundamentais de qualquer filosofia. Somos lembrados do fosso que existe entre a leitura e compreensão de uma obra completa e um vídeo de cinco ou seis minutos no You Tube que alicerça esse tipo de distinção, e que alcança milhões de visualizações em poucas horas - é preciso que estejamos atentos à essas relações e que evitemos qualquer tipo de análise ou conclusões rápidas, baseadas em causa e efeito.
No decorrer do texto, o autor considera diversas “bases”[1], “princípios” daquilo que chama de liberalismo – contudo, para que possamos nos posicionar, faz sua ressalva: o liberalismo apresentado por ele é uma possibilidade de liberalismo, outras visões podem existir e outros liberais ou filósofos políticos podem discordar. A(o) primeira(o), como já denuncia o próprio nome, é a(o) mais fundamental: a liberdade do indivíduo. Nada nem ninguém deverá ter ação direta sobre a nossa liberdade de escolha ou ação, e isso traduz-se sobre todos os outros “princípios” – desde que terceiros não interfiram na sua liberdade, e nem você na de terceiros, todos os seus “direitos” e dos(as) outros(as) estão garantidos. Alguns derivados são elencados e nos permitem enxergar na prática: direito a integridade da pessoa (ou seja, não ser coagido por terceiros); expressão do pensamento (não ser impedido por terceiros de se expressar); direito de locomoção (não ter o direito de ir e vir barrado por terceiros); e assim por diante. Ao Estado, ainda presente, restam apenas funções mínimas relacionadas à burocracias e segurança.
Em relação à educação, tema pouco abordado no capítulo todo, o autor apresenta como princípio fundamental que ela não seja oferecida pelo Estado, mas sim pela iniciativa privada. Particularidade interessante é que os(as) liberais não defendem a obrigatoriedade da educação, sendo esta opcional em relação à sua execução ou local – não haveria qualquer impedimento de que a alfabetização fosse feita em casa, por exemplo. Defende também a pluralidade educacional, não se definem bases e nem consensos, cada escola opta por seu modo de fazer educação e cada indivíduo opta por onde matricular seu/sua filho/filha ou, eventualmente, matricular-se.

Mais perto do fim do capítulo, uma figura é apresentada conceituando diferentes filosofias dentro de um espectro definido por “direita e esquerda”, onde, dependendo do posicionamento, suas características estariam mais próximas de determinado oposto.
Enfatiza-se o governo mínimo do liberalismo – diferente de ausência de governo – e suas funções essenciais: legislativo, judicial e militar.
Houve um questionamento sobre em qual desses “o grupo” estaria localizado, ou qual teríamos por opinião que fosse o mais adequado. Rubens defende da ideia de que não seria possível responder por todos(as) pois cada qual poderia ter sua concepção de sociedade diferente. No entanto, a partir da sua particularidade, diz que não se encaixaria em nenhum desses enquadramentos correspondentes à filosofia política. Traz Michel Foucault para justificar sua fala e lembra que sua luta maior é sempre contra seus próprios processos de subjetivação e não em consonância com militâncias de “revoluções-macro”.
Dentro disso, expomos aquilo que vemos como um possível crítica ao Liberalismo: sua pretensão de metanarrativa. Como toda boa filosofia que nasce à luz da modernidade, o Liberalismo pretende-se uma resposta universal. Seus princípios deixam claro sua característica infalível e, talvez, presunçosa. Vemos que, aparentemente, onde for implantado ou aceito, o Liberalismo causará mudanças drasticamente positivas e corresponderá a desenvolvimentos sem precedentes: isso pode ser confirmado pelas falas do autor que remete qualquer sistema fascista, negativo, ditatorial “ao lado esquerdo” (ou centro esquerdo) da figura. No entanto, essa relação de desconfiança das metanarrativas modernas já foi exaustivamente discutida por nós e pelos autores que comumente citamos – apenas foi enfatizada na fala final.
Por fim, como prática que repetimos, abrimos a discussão para sugestões de leituras, avaliações, conduções, indicações de filmes e etc., para o próximo semestre. Deixaremos em tópicos finais o que foi dito e defendido para o calendário.

1.      Defesa da Iniciação Científica da Monique.
2.      Diferentes possibilidades de conduções dos textos.
3.      Utilização de outros materiais além de textos escritos.
4.      Focarmos em objetos de estudo (corpo e aprendizagem).
5.      Insistirmos em leituras “críticas” (Marxismo ou projeto Escola sem Partido).
6.      Realizar uma produção científica.

Aproveitamos esse último parágrafo para agradecer a presença de todos(as) nesse primeiro ciclo do ano: convidados(as) e membros(as), tivemos discussões muito produtivas e vemos um grupo cada vez maior e mais solidificado! É com grande alegria que continuamos trabalhando pelo GEPEF/FEFISO! Esperamos todos(as) para um segundo semestre ainda melhor!





[1] Utilizaremos aspas porque, como dito, baseamo-nos em apenas um autor que admite que possam haver contestações ao seu pensamento. Logo, admitir bases ou princípios a partir de um pensamento poderia ser inadequado da nossa parte.