segunda-feira, 27 de abril de 2020

4º Encontro – 25/04/2020 - Palestra com João Pedro - Formação Inicial em Educação Física: uma perspectiva dos Estudos Culturais


Texto: Significações acerca do currículo formador – egressos (as) do curso de licenciatura em Educação Física.

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Demos início a palestra virtual de João Pedro, membro fundador do grupo GEPEF-FEFISO, e como ele mesmo falou que, nunca havia produzido algo um pouco mais distante do grupo, mesmo que sempre estando junto, pois eram outros problemas. Ele realizou seu mestrado na PPGED[1] UFSCar Sorocaba em Educação, voltado em um viés crítico. A partir disso, João elenca que não é especialista na área de formação de professores, e propõe um diálogo, onde em qualquer momento qualquer pessoa pode comentar o que quiser.
João Pedro explica que existe duas grandes áreas da formação, sendo: formação inicial e formação continuada. A formação inicial é todo o percurso percorrido na graduação, e a formação continuada é tudo aquilo que se faz após formado (a), ou seja, pós-graduação, cursos, especializações entre outros. Após isso, João apontou quais autores (as) ela utilizou em sua pesquisa para compor o quadro teórico, sucedendo de autores pós-estruturalistas com uma concentração maior em Stuart Hall.
Movido a isso, ele nos contou sobre seu encontro com tema, encontro com seu problema, através de uma experiência que viveu no chão da escola, e passou por uma frustração, no sentimento de achar que não estava fazendo o melhor de si e ele mesmo não acreditava muito naquilo. Então, foi trabalhar em uma indústria, mas trabalhando como ajudante geral, não parava de pensar nas questões acerca da educação, educação física, escola, currículo... foi lá que pensou – será que só eu que passei por essa experiência? Essa frustação de que o currículo formador não deu conta de preparar ao chão da escola?
João tinha um sentimento, uma intuição de que havia mais pessoas passaram e passam por isso, a partir disso, veio a ideia de investigar as significações dos egressos do curso de licenciatura em Educação Física acerca do currículo formador.
Em sua metodologia, João se enveredou sobre uma análise documental e a partir disso planejou entrevistas semiestruturadas, com quatro egressos (as) de duas instituições diferentes. Foi baseada nos DCN’s (Diretrizes Curriculares Nacionais) enquanto análise documental, e a entrevista foi pensada em cinco eixos iniciais, sendo questões acerca da: formação; identidades; transições; posicionamentos; a pesquisa na formação. Lembrando que, a entrevista como semiestruturada está aberta para discutir outras questões imanentes no momento.
Caminhando para o fim da apresentação de sua pesquisa, João aponto as analises, uma vez que sua ideia era investigar os efeitos do currículo formador nos/as egressos/as. Este bloco tem o título de remontando-traduzindo (significações), assim, como os efeitos que João notou, ele destacou que: a licenciatura em segundo plano; os discentes têm que selecionar sobre o que se fala de educação; a formação inicial não será suficiente; currículo em movimento; defasagem de si; mérito individual (sucesso ou fracasso); uma ordem salvacionista; movimento sempre, o/a egresso/a não pode estacionar; distância da formação e prática atual.
João Pedro conclui com sua dissertação que, há lacunas no currículo da formação inicial (teoria e/ou prática escolar), notou uma passividade na maioria dos depoimentos, encontrou também muitas falas associadas à lógica de mercado contemporâneo e a tradicionalidade da formação. E na tentativa de pensar em algo no lugar, no sentido de propor algo, ele aposta em um trabalho cultural mais amplo e transitar nos mapas do sentido. Feito isso, João encerra com algumas perguntas convidando os participantes ao diálogo, uma conversa acerca do tema. Perguntas como: quem se formou viu isso? Quem está na formação como vê isso? O que acham dessas “significações”? O que acharam das proposições, poderíamos pensar em outras?
Rubens relembra da importância desse tema e o grupo é composto por pessoas que estão na graduação, recém-formados, pessoal da pós-graduação e alguns pesquisadores. Assim, Moska, cita que a Renata estava no encontro, e que seria interessante ela comentar o que achou, pois, ela também pesquisando sobre formação inicial em sua dissertação de mestrado. Renata diz que trabalha direto com a formação inicial, é coordenadora na rede de Votorantim, e comentou que sua pesquisa tem muitas relações com a do João, porém sua dificuldade é pensar a formação com um referencial pós-crítico.
Moska comenta que se tivesse tido contato com esse trabalho, talvez sua concepção de vida, pois abre muito espaço para questionar, pensar, criar, experimentar outras coisas. Marina, mestranda e pesquisadora do grupo transgressão na UNICAMP, fala que em sua pesquisa não se atentou muito com as questões de currículo formador, mas sim no currículo no ensino básico e aponta ser interessante pensar algo no lugar. Assim, Rubens e Moska comentaram sobre a possibilidade de experimentar outros espaços na formação inicial, sendo grupos de estudos, ensino voltado a pesquisa, cursos de extensão.
Elder aponta que seria interessante não pensar formação inicial e continuada como polos distintos, longes, mas que se atravessem, se cruzem mais vezes, uma formação hibrida. João comenta que existe um pesquisador que sugere isso, e que a ideia para seu doutorado em pensar algo nesse sentido. E encerramos com a questão do Paulo que, é necessário ter sensibilidade aos afetos e emoções, fundamental discutir as emoções, pois a parte mais racional aprendemos a lhe dar bem, uma vez que não temos isso na formação inicial.





[1] Programa de Pós Graduação em Educação – PPGED, disponível em: <http://www.ppged.ufscar.br/pt-br >.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

04/04/2020 - 3º Encontro do semestre (VIRTUAL): Jogo, Corpo e Representação - com Tadeu Rodrigues


Texto: Processos de mediação: da mídia primária à mídia terciária - José Eugenio Menezes

Inauguramos mais um encontro do Grupo GEPEF FEFISO, desta vez de maneira diferente, inédita. Pois, nunca antes havíamos feito uma discussão nesse grupo com todos os participantes conectados virtualmente. Por conta disso, deixo aqui, um pequeno recorte espacial e temporal de março de 2020, algo novo ocorre que para o mundo todo, assim fui agenciado a escrever sobre isso. Ou seja, uma dobra, as coisas que acontecem no mundo, resultam em nossas relações, nos modos de vida e de viver. Estamos passando por uma Pandemia, a COVID-19.
Dito isso, entramos na apresentação do palestrante. Tadeu é formado em comunicação pelo UNISO, mestre em comunicação e doutorando e em jogos digitais. Tadeu disse que este encontro era novo para ele, pois nunca havia falado para pessoas da Educação Física, uma vez que os temas: jogos digitais e corpo atravessam a Educação Física. A partir disso, ele comentou um pouco sobre a história da comunicação, sendo seu grande marco durando a 2ª Guerra Mundial pelo os alemães, com os rádios. Porém, como é o corpo nesse espaço virtual? O receptor é notável, mas se pensarmos em um abraço, torna-se impossível notar quem é o receptor.
Após 2ª Guerra Mundial, muitas coisas no mundo mudam, e os grandes influenciadores na comunicação na Europa era Gilles Deleuze (1925 – 1995) e Michel Foucault (1926 – 1984). Para Harry Pross (1923 – 2010) “a comunicação começa e termina no corpo”, visão bastante diferenciada e interessante para pensarmos acerca do corpo. Ao discorrer do tema, Tadeu nos disse sobre o conceito de iconofagia, que é a relação corpo imagem, imagem corpo, não existe um contato de corpo a corpo, sendo assim, um vazio de sentimento.
Tadeu Rodrigues faz uma diferenciação bastante interessante sobre o LARP (Live Action Role Play) ou, no Português - Ação viva de desempenho de papéis. Para os pesquisadores, LARP seria “um encontro entre pessoas que, através de seus papéis, relacionam-se umas com as outras em um mundo ficcional” (FATLAND; WINGARD). O que difere do RPG, e Tadeu aponta que a maior diferença deles seria que o LARP seria mais dramático e o RPG mais criativo.
Feito a introdução do tema, Tadeu abre para perguntas, dúvidas, problemas etc. Assim, Rubens coloca: é inevitável não trazer para as Fake News, pois o ambiente virtual permite a pessoa ter determinados comportamentos na rede social que é diferente estando pessoalmente. Tadeu responde, ele diz que pensa que sim, e nos traz um exemplo: o sangue tem cheiro, textura, estamos vendo e o que se passa na mídia acerca de violência é diferente de vivenciar isso pessoalmente.
Assim Vitor-Moska relaciona com o cinema, apontando os filmes da Marvel, em suas palavras: não existe mais vilão, nem união soviética. Surge então a guerra de herói contra herói. E outro modo de ser, seria romantizar o vilão, que afinal, vilão não é bem o vilão. Como vimos no filme do Coringa, muitas pessoas se identificam o vilão. Ainda com Vitor-Moska, ele lança um questionamento acerca da escola, como fica a escola a partir desse momento? Como vemos as práticas corporais? Será que não seria hora de retomar a ecologia da comunicação? Boas perguntas, fica o convite para pensarmos juntos.
Voltando a questão sobre LARP e RPG, como pedido por Júnior, uma outra explicação. E Tadeu diz que em ambos não têm roteiro pré-definido, se dá na relação, no ato, na experiência concreta, com isso vemos relações com as palestras anteriores, e dos temas o que grupo vem estudando, a aprendizagem a partir de Deleuze e Guattari.
Imerso na discussão, Rubens compartilha um exemplo da experiência banqueiros com a realidade da favela. Tadeu diz que: quando brincamos de cavaleiro medieval, não muda muito o que o pessoal do banco faz com a favela. Ou seja, cada um tem um lúdico diferente. Ainda com Rubens, ele pergunta se o RPG e LARP são utilizados como ferramenta de ensino, pois é algo bastante potente. Tadeu diz que sim e está sendo cada vez mais explorado. Aproveitando o gancho, Paulo pede para Tadeu comentar sobre como ele entende o lúdico, pois o conceito lúdico tem um valor caro para a Educação Física.
Tadeu Rodrigues comenta que, temos uma ideia de lúdico atrelado ao divertimento, a ideia de jogo em geral submetida a isso, em um divertimento padrão, mas o lúdico extrapola isso. Ele pensa o lúdico a partir de Huizinga, lúdico além do belo, do divertido, do engraçado, por isso, para os banqueiros, ter uma festa no cenário de favela, para eles era o lúdico deles, naquele momento.
Com as mudanças da sociedade e do mundo, Rubens bem nota e trazendo para um jargão nietzschiano, a ideia de que as produções artísticas dionisíacas e que nesse momento em que não se pode sair de casa, faz sentido a frase de Nietzsche: temos arte para não morrer de verdade. Pois somos muito dependentes das produções artísticas nessa quarentena para viver, seja através de músicas, filmes, séries, peças de teatro, artesanatos etc.
Caminhando para o fim do encontro, encerramos com a pergunta do João Pedro: como você vê no jogo a possibilidade da diferença? Nesse momento, Tadeu faz um mergulho em sua tese, e diz que a principal característica do jogo é que ele depende da incerteza. Se você já sabe e, se já possui uma imagem de pensamento pré-estabelecido, não é um bom jogo. Com isso ele deu um exemplo do jogo de futebol, um clássico paulistano e brasileiro, entre Corinthians e Palmeiras, assistir este jogo é estar aberto a lhe dar com a diferença. Existe um grau de incerteza, pois se já soubéssemos quem ganharia, perderia o encanto do jogo, o encontro com o imprevisível. A diferença.