Demos
início ao encontro de hoje, sábado, 28 de setembro de 2019, às 9:00. Contamos
com a participação de um novo membro do grupo, Junior Gabriel, formado em 2008
pela FEFISO e está trabalhando com aulas de jiu-jitsu, e Priscila, que estuda
biologia na UFSCar Sorocaba. Rubens fez uma abordagem para a professora Adriana
Gehres (convidada para o encontro) professora da Universidade Federal de
Pernambuco, que estuda dança, filosofia da diferença e também Deleuze e Guattari.
Assim, Rubens comentou a ela como o grupo funciona, qual o intuito, o que já
lemos e estamos lendo. E, um dos objetivos nossos é estudar a aprendizagem a
partir da(s) filosofia(s) da diferença, jogando com diversos autores, e neste
semestre estamos lendo o livro “Nietzsche e a Filosofia” de Gilles Deleuze.
Ainda
Rubens, disse das possíveis maneiras de dinâmicas para o encontro, e abriu
espaço para nós do grupo e a professora Adriana. Decidimos em ouvir a professora
fazer uma introdução ao assunto, pois, ela enviou alguns vídeos de dança e um
texto para lermos e discutir. E, estudar especificamente dança é algo novo para
nosso grupo. Adriana iniciou com uma introdução ao tema e nós no intento de
entender, cunhar algo do texto de Nietzsche e a filosofia, e também com a ideia
de não entender as coisas à risca, mas o contexto e seus modos operantes, para
criarmos o nosso modo de fazer, e também possíveis traduções ao que estudamos e
trabalhamos.
Adriana
começa, então, dizendo dos movimentos na
dança, sendo tais movimentos entendidos através de 2 perspectivas:
biológica e artística. A primeira consiste-se em movimentos que podem ser
copiados, decorados, repetidos, a segunda perspectiva tem relações com as
intensidades do encontro, encontro com o ambiente, com pessoas, com a música,
sempre com algo, e, que é um movimento com mais da ordem dos sentimentos, dos afectos. A dança não representa algo,
ela é, ela é a própria realidade em si.
A
professora diz que trabalha este texto do Lepeck com seus alunos também em
Pernambuco e diz a complexidade que é de ler. E, que ele aborda uma teoria
crítica além da qual usamos no Brasil, diverge de vários, inclusive Tomaz
Tadeu. Cita também um filósofo recente e que vem ganhando força, sul koreano, Byung-Chul Han, que pensa para além do crítico e
pós-crítico. Assim, vendo a dança por outra perspectiva, diferentes autores e
diferentes experiências, Adriana entende e desenvolve aulas em um viés mais
artístico da dança, como a aula sendo espaços de criação, pois, em suas aulas
ela chega com um objetivo, e tem seu celular e notebook em mãos, porém o que
vai acontecer é sempre imprevisível.
Rubens comenta de um coreógrafo citado no texto que, escapa da representação,
e com isso, ele pergunta como é o público deste coreógrafo, se as pessoas o
acompanham, em seus festivais e afins. Adriana diz que essa arte não é uma
atração, não é para ser bonito, ela está além do bem e do mal, ela causa
impactos, e complementa dizendo que a arte é necessária para a produção do
humano. E, com o público, pensa que quem gosta frequenta como outros tipos de
espetáculos. A partir disso, o encontro tomando outros rumos,
comentamos sobre o currículo cultural, no qual se tem base teórica com autores
da filosofia da diferença e multiculturalismo crítico, todavia, suas abordagens
em geral sempre apontam determinada modalidade esportiva hegemônica para a
partir disso as aulas tomarem seus rumos.
Elder comentou que em suas aulas na faculdade
sobre dança, via a dança uma bifurcação com a dança, ela pelo movimento e com
gesto. Pelo movimento seria, ele por si só, sem contexto, apenas uma repetição,
algo a parte, já com o gesto seria algo que faça sentido, que está envolvido
com pessoas e sentidos e ancorado em um contexto. E, assim, ele pergunta como
Adriana vê isso. Ela disse que são autores diferentes e perspectivas
diferentes, e retorna com a pergunta: quais são a relações de gesto, movimento,
materialidade e representação nessa perspectiva?
Em seguida, Paulo explica o trabalho que vem
realizando com aprendizagem motora e filosofia da diferença e diz que nota
muito o movimento que Adriana trabalha em sua pesquisa. Nesta via, ele pergunta
como são as aulas dela, pedindo para contar os detalhes, como desenvolve. Ela
se posiciona dizendo que, no momento da aula ela está com os estudantes,
e o que faz é ir aguçando as perspectivas para além das imagens e vai dançando
com eles. Suas aulas não se baseiam em plano de aulas duros, mas trabalho com
eixos, objetivos, porém, como vai fazer para chegar nesses eixos é sempre
diferente.
Deste modo, caminhando para o fim do encontro,
e contanto com os imprevistos da internet, agradecemos a participação da
professora doutora Adriana, e deixamos o convite para participar mais vezes. E,
nos restou mais um tempo de debate. Para tanto, Rubens comentou um pouco sobre
frequentar grupo de estudos, e utilizou uma analogia com comida, sendo que, as
aulas são como um self-service, pois pode escolher o que quer, quando quer, que
horas e tudo mais. Já o grupo de estudos é fazer parte do processo, da
preparação, que toma mais tempo, e que ainda no final, pode não ficar tão boa a
comida. Como o professor Silvio Gallo diz: “aprender demandar perder tempo”.
Então, Rubens de maneira didática trouxe ferramentas para pensarmos a
Educação Física para além da dança. Sendo as práticas corporais: lutas, danças,
jogos, esportes e ginásticas, e que essas práticas têm algo em comum, a técnica
aparece muito forte nelas, a repetição do mesmo movimento. O como se faz já está
dado, como deve ser. E, relacionando com o currículo cultural, vemos que na
grande parte de seus relatos, apresenta um congelamento na maneira de fazer e,
nas abordagens, predomina a tematização das práticas das modalidades
hegemônicas. Ou seja, trabalham com imagens congelados de
determinadas práticas, pois, o esporte que passa na televisão – o abordado pelo
currículo cultural – não é o mesmo que o público escolar tem convívio.
Com
isso, caminhamos para nossa foto de registro, mas, antes disso, Elder junto com
Paulo, criam mais uma pista para o documento “pistas da aprendizagem”, na qual
aprender é afirmar a vida. Rubens faz uma ressalva bastante pontual que nos
encontros anteriores foi um pouco apagado o texto de Nietzsche, o qual
movimentou o encontro. Entretanto, para o próximo encontro, Paulo (iniciante
científico) ficou responsável por apresentar um resumo do 2º capítulo do livro,
e Elder (iniciante científico), ficou com o 3º capítulo, para que retomemos ao
texto. Assim, finalizamos mais um encontro do às 12h na manhã de sábado.
Curiosidades do encontro:
·
Participação da Prof.
Dra. Adriana Gehres;
·
Movimento na dança
como artístico e biológico;
·
Aprender é afirmar a
vida – pistas da aprendizagem;
·
Currículo cultural
trabalha com a tematização das práticas hegemônicas (as que passam nas grandes
mídias);