domingo, 6 de outubro de 2019

28/09/2019 - 3º capítulo Nietzsche e a Filosofia - A crítica.


Demos início ao encontro de hoje, sábado, 28 de setembro de 2019, às 9:00. Contamos com a participação de um novo membro do grupo, Junior Gabriel, formado em 2008 pela FEFISO e está trabalhando com aulas de jiu-jitsu, e Priscila, que estuda biologia na UFSCar Sorocaba. Rubens fez uma abordagem para a professora Adriana Gehres (convidada para o encontro) professora da Universidade Federal de Pernambuco, que estuda dança, filosofia da diferença e também Deleuze e Guattari. Assim, Rubens comentou a ela como o grupo funciona, qual o intuito, o que já lemos e estamos lendo. E, um dos objetivos nossos é estudar a aprendizagem a partir da(s) filosofia(s) da diferença, jogando com diversos autores, e neste semestre estamos lendo o livro “Nietzsche e a Filosofia” de Gilles Deleuze.
Ainda Rubens, disse das possíveis maneiras de dinâmicas para o encontro, e abriu espaço para nós do grupo e a professora Adriana. Decidimos em ouvir a professora fazer uma introdução ao assunto, pois, ela enviou alguns vídeos de dança e um texto para lermos e discutir. E, estudar especificamente dança é algo novo para nosso grupo. Adriana iniciou com uma introdução ao tema e nós no intento de entender, cunhar algo do texto de Nietzsche e a filosofia, e também com a ideia de não entender as coisas à risca, mas o contexto e seus modos operantes, para criarmos o nosso modo de fazer, e também possíveis traduções ao que estudamos e trabalhamos.
Adriana começa, então, dizendo dos movimentos na dança, sendo tais movimentos entendidos através de 2 perspectivas: biológica e artística. A primeira consiste-se em movimentos que podem ser copiados, decorados, repetidos, a segunda perspectiva tem relações com as intensidades do encontro, encontro com o ambiente, com pessoas, com a música, sempre com algo, e, que é um movimento com mais da ordem dos sentimentos, dos afectos. A dança não representa algo, ela é, ela é a própria realidade em si.
A professora diz que trabalha este texto do Lepeck com seus alunos também em Pernambuco e diz a complexidade que é de ler. E, que ele aborda uma teoria crítica além da qual usamos no Brasil, diverge de vários, inclusive Tomaz Tadeu. Cita também um filósofo recente e que vem ganhando força, sul koreano, Byung-Chul Han, que pensa para além do crítico e pós-crítico. Assim, vendo a dança por outra perspectiva, diferentes autores e diferentes experiências, Adriana entende e desenvolve aulas em um viés mais artístico da dança, como a aula sendo espaços de criação, pois, em suas aulas ela chega com um objetivo, e tem seu celular e notebook em mãos, porém o que vai acontecer é sempre imprevisível.
Rubens comenta de um coreógrafo citado no texto que, escapa da representação, e com isso, ele pergunta como é o público deste coreógrafo, se as pessoas o acompanham, em seus festivais e afins. Adriana diz que essa arte não é uma atração, não é para ser bonito, ela está além do bem e do mal, ela causa impactos, e complementa dizendo que a arte é necessária para a produção do humano. E, com o público, pensa que quem gosta frequenta como outros tipos de espetáculos. A partir disso, o encontro tomando outros rumos, comentamos sobre o currículo cultural, no qual se tem base teórica com autores da filosofia da diferença e multiculturalismo crítico, todavia, suas abordagens em geral sempre apontam determinada modalidade esportiva hegemônica para a partir disso as aulas tomarem seus rumos.
Elder comentou que em suas aulas na faculdade sobre dança, via a dança uma bifurcação com a dança, ela pelo movimento e com gesto. Pelo movimento seria, ele por si só, sem contexto, apenas uma repetição, algo a parte, já com o gesto seria algo que faça sentido, que está envolvido com pessoas e sentidos e ancorado em um contexto. E, assim, ele pergunta como Adriana vê isso. Ela disse que são autores diferentes e perspectivas diferentes, e retorna com a pergunta: quais são a relações de gesto, movimento, materialidade e representação nessa perspectiva?
Em seguida, Paulo explica o trabalho que vem realizando com aprendizagem motora e filosofia da diferença e diz que nota muito o movimento que Adriana trabalha em sua pesquisa. Nesta via, ele pergunta como são as aulas dela, pedindo para contar os detalhes, como desenvolve. Ela se posiciona dizendo que, no momento da aula ela está com os estudantes, e o que faz é ir aguçando as perspectivas para além das imagens e vai dançando com eles. Suas aulas não se baseiam em plano de aulas duros, mas trabalho com eixos, objetivos, porém, como vai fazer para chegar nesses eixos é sempre diferente.
Deste modo, caminhando para o fim do encontro, e contanto com os imprevistos da internet, agradecemos a participação da professora doutora Adriana, e deixamos o convite para participar mais vezes. E, nos restou mais um tempo de debate. Para tanto, Rubens comentou um pouco sobre frequentar grupo de estudos, e utilizou uma analogia com comida, sendo que, as aulas são como um self-service, pois pode escolher o que quer, quando quer, que horas e tudo mais. Já o grupo de estudos é fazer parte do processo, da preparação, que toma mais tempo, e que ainda no final, pode não ficar tão boa a comida. Como o professor Silvio Gallo diz: “aprender demandar perder tempo”.
Então, Rubens de maneira didática trouxe ferramentas para pensarmos a Educação Física para além da dança. Sendo as práticas corporais: lutas, danças, jogos, esportes e ginásticas, e que essas práticas têm algo em comum, a técnica aparece muito forte nelas, a repetição do mesmo movimento. O como se faz já está dado, como deve ser. E, relacionando com o currículo cultural, vemos que na grande parte de seus relatos, apresenta um congelamento na maneira de fazer e, nas abordagens, predomina a tematização das práticas das modalidades hegemônicas. Ou seja, trabalham com imagens congelados de determinadas práticas, pois, o esporte que passa na televisão – o abordado pelo currículo cultural – não é o mesmo que o público escolar tem convívio.
Com isso, caminhamos para nossa foto de registro, mas, antes disso, Elder junto com Paulo, criam mais uma pista para o documento “pistas da aprendizagem”, na qual aprender é afirmar a vida. Rubens faz uma ressalva bastante pontual que nos encontros anteriores foi um pouco apagado o texto de Nietzsche, o qual movimentou o encontro. Entretanto, para o próximo encontro, Paulo (iniciante científico) ficou responsável por apresentar um resumo do 2º capítulo do livro, e Elder (iniciante científico), ficou com o 3º capítulo, para que retomemos ao texto. Assim, finalizamos mais um encontro do às 12h na manhã de sábado.

Curiosidades do encontro:
·        Participação da Prof. Dra. Adriana Gehres;
·        Movimento na dança como artístico e biológico;
·        Aprender é afirmar a vida – pistas da aprendizagem;
·        Currículo cultural trabalha com a tematização das práticas hegemônicas (as que passam nas grandes mídias);