É com grande
satisfação que iniciamos mais um semestre com o GEPEF e com a leitura de um
livro de tamanha expressão para nós do grupo: “Documentos de identidade – uma
introdução às teorias de currículo”. Começamos com a apresentação do
companheiro Rubens relembrando-nos dos 3 grandes objetivos do grupo: 1 – pensar
a Educação Física a partir das ciências humanas; 2 – preparação para concursos;
3 – por fim, e não menos importante, a facilitação dos caminhos para a entrada
em programas de mestrado diversos, tanto pela possibilidade de poder-se ajudar
na construção de um projeto, como recomendações de grupos de pesquisa e estudo
que mais se encaixem no interesse do pesquisador.
Foram dadas
as boas-vindas a tod@s @s nov@s participantes que estiveram presentes no dia de
hoje e que, felizmente, fizeram-se em grande número. Tivemos um total de
24/02 – SILVA, T. T. Documentos de
Identidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.
Iniciamos então o debate com uma pequena introdução sobre o livro deste
encontro. Nesta ata pretendo reservar um espaço maior para as discussões que
permearam nossas falas e por isso resumirei apenas em tópicos pequenos pontos
desta citada introdução. Além disso, em oportunidades outras de atas, Tomaz
Tadeu, assim como o Documentos de Identidade é amplamente citado, referenciado
e discutido o que nos reserva a possibilidade de apresentações menores:
·
O livro é dividido em: introdução;
teorias Tradicionais e Críticas; e teorias Pós- Críticas. Nós do GEPEF fazemos
o exercício de tentar pensar a Educação Física a partir do viés Pós-Crítico.
·
É dito também que o livro é um resumo
muito interessante sobre as diversas propostas de leituras difíceis da área da
educação e que interessam aos estudos do grupo. Portanto, aquel@ que tiver
interesse por leituras daquilo que Tomaz Tadeu classifica como Tradicional,
Crítica ou Pós-Crítica pode encontrar nesse livro um sentido facilitado.
A partir daqui, foi aberto o espaço para comentários diversos sobre o
livro ou sobre qualquer outra impressão. Devido a discussão ter tomado
múltiplos caminhos seguirei com a estratégia de tentar representar a fala
daqueles que se manifestaram:
Bruno: achou interessante a diferença apresentada na
introdução de tradicionalismo, criticismo e pós criticismo, que foram
apresentados de maneira descomplicada. Trouxe, então, a primeira questão ao
grupo: diz não conseguir visualizar como se daria na prática o currículo
Pós-Crítico. Ao final do texto, essa dúvida será retomada.
Clayton: acrescenta
dizendo que essa é uma relação bastante complicada já que aquel@s própri@s que
são influenciad@s pelas leituras Pós-Críticas se encontram dentro do
tradicionalismo de alguma maneira.
Vitor: diz que o
próprio Tomaz T. afirma o currículo enquanto uma produção tradicional, assim
como a escola, o que dificultaria em todos os aspectos a tomada de outras
perspectivas.
Wellington: também toma
a fala para dizer que a função do professor é bastante tradicional. A
facilitação do entendimento que o livro propõe é a compreensão daquilo que se
encaixa dentro de um currículo Tradicional ou Pós Crítico.
Aline: nova
integrante, confessa que nunca tinha ouvido falar em currículo antes da sua
formação em pedagogia, mas que se interessou pelo assunto. Seu encontro com as
“teorias do currículo” foi bastante impactante já que julgou estarem erradas as
outras formas como pensava e trabalhava, mas que o livro ajudou a nortear o seu
pensamento e lhe trouxe também um certo alívio. Propôs, ao final de sua fala
inicial, que conseguíssemos resgatar aquilo que de melhor tem cada currículo e
criássemos nossa própria forma de trabalhar – essa última fala será abordada
também ao final do texto como uma possibilidade de dúvida junto com a do
companheiro Bruno.
Moska: em resposta
a fala anterior, pergunta como isso pode ser feito se cada currículo tem uma
visão de sujeito e sociedade que normalmente são contrastantes?
Rubens: questiona a
fala do companheiro Vitor e pergunta se ele não estaria pensando em algo
parecido com um “currículo cultural puro”?
Moska: acredita
que não, que o currículo cultural é pós-crítico.
Clayton: dentro
disso, argumenta, ao meu ver, dentro de uma crítica que pode ser feita ao
movimento de hibridização curricular: ao acontecer essa seleção sobre o que
seria melhor em cada currículo, um ou outro ficaria defasado pois não se
abordaria em completude nenhum dos dois. Como uma aula do currículo saudável,
baseado em certos pressupostos científicos, que propõe, por exemplo, um gasto
calórico elevado para todas as aulas de Educação Física, poderia coabitar uma
aula de pesquisa na internet, como pode propor o currículo cultural, com
preocupação absolutamente inexistente sobre o gasto calórico dos alunos?
Rubens: não no
sentido de defesa da hibridização mas de “exposição de posições”, insiste na
argumentação de que dizer que não podemos “misturar” currículos é estarmos presos
em uma proposta discursiva que não vê com bons olhos essa possibilidade.
Jackson: pergunta se
essas três (Trad.; Crít.; e P. Crít.) englobam todas as áreas da educação – e
Rubens responde que sim.
Ana: diferença
entre crítico e pós crítico.
João
Pedro: tentei
explicar o que seria a diferença entre Crítico e Pós Crítico dizendo que é
chamado de Crítica a vertente teórica que tem por objetivo a crítica aos moldes
da educação tradicional, a qual, segundo esta visão, daria maior ênfase para os
moldes de uma educação empresarial que previa a manutenção de diversas
desigualdades. A Crítica, advinda da escola marxista, por outro lado, propunha
a emancipação destes que eram condicionados a um currículo tradicional dentro
de uma lógica de mercado, com uma outra proposta de sociedade e sujeito.
Contudo, ao que tudo indica, as duas apresentam tipos de sociedade, sujeito,
economia bastante cristalizadas, o que incomoda as teorizações Pós Críticas. No
fim das contas, tradicionalismo aponta para determinado lado; e criticismo
aponta para um lado diferente, sim, mas também com convicções invariáveis. O
Pós Crítico surge como uma alternativa para aquel@s que não querem escolher
apenas entre essa polarização de um lado ou outro - contudo, ao preço de
colocar em xeque os saberes, as concepções de sujeitos, de sociedades, de
verdade, enfim, diversos pilares modernos apresentados por ambas que ocupam
amplo espaço dentro da nossa lógica de pensamento.
Rubens: Complementa
dizendo que propus uma ênfase muito forte no marxismo, mas que existem críticos
de várias formas e de diversas áreas, como a fenomenologia, por exemplo. A
criticidade não deve ser entendida apenas como militância, mas também como toda
forma de desconforto com a hegemonia vigente.
Clayton: acrescenta
ainda sobre outras questões que o Pós Crítico reflete não só sobre a
desigualdade social causada pelas disposições econômicas, mas também se
preocupará com (seguindo o livro deste encontro): multiculturalismo; relações
de gênero; feminismo; questões étnicas etc., baseado em vertentes teóricas como
a pós modernidade; pós colonialismo; pós estruturalismo; Estudos Culturais,
etc. Todo um arcabouço que difere da questão maior da Crítica: a economia.
Ana
Maria: pergunta
se haverá dificuldade em pensar diferente em qualquer ambiente – e Rubens
responde que é muito provável que sim.
Aline: diz acreditar
que a função da escola é diversificar os caminhos, e os professores não deveriam
colocar suas opiniões enquanto verdades a serem seguidas.
Clayton: seguindo a
linha de “exposição de posição”, o companheiro Clayton ressalta que afirmar isso
já é uma tomada de posição. O que problematiza e complica o debate.
Vitor: ressalta
como decisões como essa são políticas e como a vida toda é política, pois passa
necessariamente por tomadas de posições.
Jackson: não
entendeu o que é “político em sociedade”, como isso se dá.
Rubens: tenta
deixar mais claro esse entendimento ao dizer que essa política não deve ser
entendida como política dentro de um senado ou partido, mas como posições,
decisões políticas, pois toda posição pressupõe um discurso que a constitui:
escolher por um discurso ou outro é expor uma decisão política
Andressa: coloca um
exemplo muito interessante sobre as tatuagens que o companheiro Jackson possui
já que optar por fazê-las foi uma posição política. Existem pessoas que não as
fazem por diversos motivos.
Clayton: retoma
então sobre como o processo de escolarização é político e ressalta que talvez
seja isso que movimentos como “Escola sem Partido” pretendam não concordar.
João
Pedro: já
perto do final, abrimos para o grupo o convite para o processo de criação da intervenção
deste ano do MAPA, o qual ocorrerá no segundo semestre do ano letivo de 2018.
Reitero aqui mais uma vez o convite aquel@s que acharem interessante!
Rubens: se
comprometeu em deixar cópias do próximo texto na biblioteca da faculdade. Por
se tratar de parte de sua tese de doutorado não pode publicá-la na internet por
alguns problemas que isto poderia acarretar.
Como havia
citado anteriormente, duas dúvidas/comentários ficaram em aberto. Não pretendo
responde-las/comentá-las (pelo menos diretamente), mas ressaltá-las neste
momento que anunciei devido à importância destas. Ficarão em aberto para as
diversas possibilidades de reflexão:
1.
Por que não enxergamos com clareza a prática de um
currículo Pós-Crítico?
2.
O que podemos concluir sobre a “estratégia” de
hibridização curricular? É interessante que seja feita? Se sim, por que sim? Se
não, por que não?
Por fim, como é de praxe, nosso companheiro
Moska nos deixa alguma ideia/frase nem sempre motivacional, mas, pelo menos,
sincera: “mesmo que você não tenha entendido nada, venha no encontro! Ao chegar
aqui, vai ver que ninguém entendeu nada também”. Faço minhas as palavras dele
em relação à importância de tod@s @s presentes para que o grupo aconteça.
Encerro por aqui. Esperamos tod@s no próximo encontro!