quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

24/02/2018 - Primeiro Encontro do ano - Documentos de Identidade (Tomaz Tadeu da Silva)


É com grande satisfação que iniciamos mais um semestre com o GEPEF e com a leitura de um livro de tamanha expressão para nós do grupo: “Documentos de identidade – uma introdução às teorias de currículo”. Começamos com a apresentação do companheiro Rubens relembrando-nos dos 3 grandes objetivos do grupo: 1 – pensar a Educação Física a partir das ciências humanas; 2 – preparação para concursos; 3 – por fim, e não menos importante, a facilitação dos caminhos para a entrada em programas de mestrado diversos, tanto pela possibilidade de poder-se ajudar na construção de um projeto, como recomendações de grupos de pesquisa e estudo que mais se encaixem no interesse do pesquisador.
Foram dadas as boas-vindas a tod@s @s nov@s participantes que estiveram presentes no dia de hoje e que, felizmente, fizeram-se em grande número. Tivemos um total de

24/02 – SILVA, T. T. Documentos de Identidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.
Iniciamos então o debate com uma pequena introdução sobre o livro deste encontro. Nesta ata pretendo reservar um espaço maior para as discussões que permearam nossas falas e por isso resumirei apenas em tópicos pequenos pontos desta citada introdução. Além disso, em oportunidades outras de atas, Tomaz Tadeu, assim como o Documentos de Identidade é amplamente citado, referenciado e discutido o que nos reserva a possibilidade de apresentações menores:
·         O livro é dividido em: introdução; teorias Tradicionais e Críticas; e teorias Pós- Críticas. Nós do GEPEF fazemos o exercício de tentar pensar a Educação Física a partir do viés Pós-Crítico.
·         É dito também que o livro é um resumo muito interessante sobre as diversas propostas de leituras difíceis da área da educação e que interessam aos estudos do grupo. Portanto, aquel@ que tiver interesse por leituras daquilo que Tomaz Tadeu classifica como Tradicional, Crítica ou Pós-Crítica pode encontrar nesse livro um sentido facilitado.
A partir daqui, foi aberto o espaço para comentários diversos sobre o livro ou sobre qualquer outra impressão. Devido a discussão ter tomado múltiplos caminhos seguirei com a estratégia de tentar representar a fala daqueles que se manifestaram:
Bruno: achou interessante a diferença apresentada na introdução de tradicionalismo, criticismo e pós criticismo, que foram apresentados de maneira descomplicada. Trouxe, então, a primeira questão ao grupo: diz não conseguir visualizar como se daria na prática o currículo Pós-Crítico. Ao final do texto, essa dúvida será retomada.
Clayton: acrescenta dizendo que essa é uma relação bastante complicada já que aquel@s própri@s que são influenciad@s pelas leituras Pós-Críticas se encontram dentro do tradicionalismo de alguma maneira.
Vitor: diz que o próprio Tomaz T. afirma o currículo enquanto uma produção tradicional, assim como a escola, o que dificultaria em todos os aspectos a tomada de outras perspectivas.
Wellington: também toma a fala para dizer que a função do professor é bastante tradicional. A facilitação do entendimento que o livro propõe é a compreensão daquilo que se encaixa dentro de um currículo Tradicional ou Pós Crítico.
Aline: nova integrante, confessa que nunca tinha ouvido falar em currículo antes da sua formação em pedagogia, mas que se interessou pelo assunto. Seu encontro com as “teorias do currículo” foi bastante impactante já que julgou estarem erradas as outras formas como pensava e trabalhava, mas que o livro ajudou a nortear o seu pensamento e lhe trouxe também um certo alívio. Propôs, ao final de sua fala inicial, que conseguíssemos resgatar aquilo que de melhor tem cada currículo e criássemos nossa própria forma de trabalhar – essa última fala será abordada também ao final do texto como uma possibilidade de dúvida junto com a do companheiro Bruno.
Moska: em resposta a fala anterior, pergunta como isso pode ser feito se cada currículo tem uma visão de sujeito e sociedade que normalmente são contrastantes?
Rubens: questiona a fala do companheiro Vitor e pergunta se ele não estaria pensando em algo parecido com um “currículo cultural puro”?
Moska: acredita que não, que o currículo cultural é pós-crítico.
Clayton: dentro disso, argumenta, ao meu ver, dentro de uma crítica que pode ser feita ao movimento de hibridização curricular: ao acontecer essa seleção sobre o que seria melhor em cada currículo, um ou outro ficaria defasado pois não se abordaria em completude nenhum dos dois. Como uma aula do currículo saudável, baseado em certos pressupostos científicos, que propõe, por exemplo, um gasto calórico elevado para todas as aulas de Educação Física, poderia coabitar uma aula de pesquisa na internet, como pode propor o currículo cultural, com preocupação absolutamente inexistente sobre o gasto calórico dos alunos?
Rubens: não no sentido de defesa da hibridização mas de “exposição de posições”, insiste na argumentação de que dizer que não podemos “misturar” currículos é estarmos presos em uma proposta discursiva que não vê com bons olhos essa possibilidade.
Jackson: pergunta se essas três (Trad.; Crít.; e P. Crít.) englobam todas as áreas da educação – e Rubens responde que sim.
Ana: diferença entre crítico e pós crítico.
João Pedro: tentei explicar o que seria a diferença entre Crítico e Pós Crítico dizendo que é chamado de Crítica a vertente teórica que tem por objetivo a crítica aos moldes da educação tradicional, a qual, segundo esta visão, daria maior ênfase para os moldes de uma educação empresarial que previa a manutenção de diversas desigualdades. A Crítica, advinda da escola marxista, por outro lado, propunha a emancipação destes que eram condicionados a um currículo tradicional dentro de uma lógica de mercado, com uma outra proposta de sociedade e sujeito. Contudo, ao que tudo indica, as duas apresentam tipos de sociedade, sujeito, economia bastante cristalizadas, o que incomoda as teorizações Pós Críticas. No fim das contas, tradicionalismo aponta para determinado lado; e criticismo aponta para um lado diferente, sim, mas também com convicções invariáveis. O Pós Crítico surge como uma alternativa para aquel@s que não querem escolher apenas entre essa polarização de um lado ou outro - contudo, ao preço de colocar em xeque os saberes, as concepções de sujeitos, de sociedades, de verdade, enfim, diversos pilares modernos apresentados por ambas que ocupam amplo espaço dentro da nossa lógica de pensamento.
Rubens: Complementa dizendo que propus uma ênfase muito forte no marxismo, mas que existem críticos de várias formas e de diversas áreas, como a fenomenologia, por exemplo. A criticidade não deve ser entendida apenas como militância, mas também como toda forma de desconforto com a hegemonia vigente.
Clayton: acrescenta ainda sobre outras questões que o Pós Crítico reflete não só sobre a desigualdade social causada pelas disposições econômicas, mas também se preocupará com (seguindo o livro deste encontro): multiculturalismo; relações de gênero; feminismo; questões étnicas etc., baseado em vertentes teóricas como a pós modernidade; pós colonialismo; pós estruturalismo; Estudos Culturais, etc. Todo um arcabouço que difere da questão maior da Crítica: a economia.
Ana Maria: pergunta se haverá dificuldade em pensar diferente em qualquer ambiente – e Rubens responde que é muito provável que sim.
Aline: diz acreditar que a função da escola é diversificar os caminhos, e os professores não deveriam colocar suas opiniões enquanto verdades a serem seguidas.
Clayton: seguindo a linha de “exposição de posição”, o companheiro Clayton ressalta que afirmar isso já é uma tomada de posição. O que problematiza e complica o debate.
Vitor: ressalta como decisões como essa são políticas e como a vida toda é política, pois passa necessariamente por tomadas de posições.
Jackson: não entendeu o que é “político em sociedade”, como isso se dá.
Rubens: tenta deixar mais claro esse entendimento ao dizer que essa política não deve ser entendida como política dentro de um senado ou partido, mas como posições, decisões políticas, pois toda posição pressupõe um discurso que a constitui: escolher por um discurso ou outro é expor uma decisão política
Andressa: coloca um exemplo muito interessante sobre as tatuagens que o companheiro Jackson possui já que optar por fazê-las foi uma posição política. Existem pessoas que não as fazem por diversos motivos.
Clayton: retoma então sobre como o processo de escolarização é político e ressalta que talvez seja isso que movimentos como “Escola sem Partido” pretendam não concordar.
João Pedro: já perto do final, abrimos para o grupo o convite para o processo de criação da intervenção deste ano do MAPA, o qual ocorrerá no segundo semestre do ano letivo de 2018. Reitero aqui mais uma vez o convite aquel@s que acharem interessante!
Rubens: se comprometeu em deixar cópias do próximo texto na biblioteca da faculdade. Por se tratar de parte de sua tese de doutorado não pode publicá-la na internet por alguns problemas que isto poderia acarretar.
Como havia citado anteriormente, duas dúvidas/comentários ficaram em aberto. Não pretendo responde-las/comentá-las (pelo menos diretamente), mas ressaltá-las neste momento que anunciei devido à importância destas. Ficarão em aberto para as diversas possibilidades de reflexão:
1.      Por que não enxergamos com clareza a prática de um currículo Pós-Crítico?
2.      O que podemos concluir sobre a “estratégia” de hibridização curricular? É interessante que seja feita? Se sim, por que sim? Se não, por que não?
Por fim, como é de praxe, nosso companheiro Moska nos deixa alguma ideia/frase nem sempre motivacional, mas, pelo menos, sincera: “mesmo que você não tenha entendido nada, venha no encontro! Ao chegar aqui, vai ver que ninguém entendeu nada também”. Faço minhas as palavras dele em relação à importância de tod@s @s presentes para que o grupo aconteça. Encerro por aqui. Esperamos tod@s no próximo encontro!