segunda-feira, 28 de setembro de 2020

26/09/2020 - Educação Física e Pós-Colonialismo – Flávio Nunes

 


Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=KjQi7XpEj24

Texto disponível em: http://www.gpef.fe.usp.br/teses/santos_junior_01.pdf

 

Seguindo o ciclo de palestras planejadas para o segundo semestre de 2020, contamos com a apresentação do Prof. Me. Flávio Nunes. Essa apresentação, se deu a partir de seu dissertação de mestrado, orientado por Marcos Neira, na FE USP, instituição e grupo de pesquisa que possuímos um vinculo bastante próximo. Dito isso, Flávio inicia sua apresentação, fazendo uma introdução do referencial teórico escolhido, que foram três: as epistemologias do sul com o autor Boaventura de Souza Santos; a teoria decolonial através de um contato próximo com o grupo modernidade/colonialidade; e o pós-colonialismo com através de Homi Bhaba.

Deste modo, a pesquisa se embaçou com propriedade nesses três campos apresentados acima, e uma coisa que se repete com frequência entre elas é a crítica a modernidade e ao pensamento colonizado. Tomaz Tadeu da Silva, um autor que Flávio utiliza para pensar o campo da Educação, entende que a proposta educacional está presa na modernidade. Com isso, torna-se difícil experimentar outros modos de pensar e sentir a educação, uma vez que a educação e o currículo são sempre arena de confronto pela validação de determinado saber.

Por essa via, explorando ainda sobre o pensamento moderno (racional), Flávio elenca que, para a modernidade o conhecimento está sempre no singular, ou seja, há somente um jeito de se fazer as coisas, e esse modo, é sempre por via da ciência, logo, desvalida os outros saberes. Para as epistemologias do sul, como Flávio bem aponta, a partir de Boaventura, o conhecimento/saber, está sempre no plural, pois acontece em contato com o outro, embargam em uma ordem de coexistência.

Rumando para a parte das análises da pesquisa, que foi realizada através do acompanhamento de aulas de Educação Física escolar na periferia de São Paulo em escolar públicas, e também por meio de algumas relatos de experiências, que em uma proposta da Educação Física, há diálogos com o referencial teórico apresentado acima. E que, a partir disso, pretende contribuir com esses estudos para pensar em outras ferramentas e possíveis reparos e manutenções para corroborar a essa proposta, no caso, a do currículo cultural da Educação Física. O que se destacou em sua análise foi que, nas práticas e nos relatos de experiência, os professores e os alunos/as estavam como coautores, isto é, estavam juntos no processo.

Caminhando para o final da apresentação, Flávio destaca três mais relevantes de onde sua pesquisa chegou, sendo eles: descolonização do currículo cultural; ampliação da rede dos campos de inspiração; contribuição a um princípio ético-político. O primeiro ponto, de acordo com Flávio, chama atenção em relação que o currículo cultural estava em certo ponto bastante colonizado, e que através e durante esse pesquisa, possa ter promovido pequenas descolonizações. O segundo ponto citado, é bastante importante, pois Flávio traz mais um referencial teórico para pensar esse currículo da Educação Física, assim há uma ampliação dos campos de inspiração. E o terceiro, em relação a um dos princípio ético-político, o de “reconhecer o patrimônio cultural corporal da comunidade” (NEIRA, 2018, p. 43). Flávio aponta que não basta reconhecer o patrimônio/práticas cultural, mas que, é preciso favorecer a enunciação desses saberes. Para encerrar, Flávio criou um conceito para entender a educação a partir da modernidade, para o autor, essa educação é um processo de pedagogicício.

Feita a apresentação, foi aberto para que encaminhassem perguntas, dúvidas, críticas, alguma parte para explorar mais etc. Assim Rubens inicia perguntando: você poderia falar mais explorar mais a relação dos estudos culturais, multiculturalismo crítico, e os estudos pós-coloniais, pois me parece que sua pesquisa é inédita. Flavio responde: existe o diálogo com os estudos culturais e o multiculturalismo, mas menção direta ao pós-colonialismo eu não encontrei nenhuma pesquisa com a educação física escolar.

Em sequência, Rubens pergunta: quais são as características que afastam o decolonialismo do pós-colonialismo. Flávio responde: há uma crítica do grupo modernidade e colonialidade aos estudos pós-colonias, pela utilização de autores europeus, como Foucault e Derrida. Todavia, Boaventura diz que, isso é um modo essencialista de pensar a Europa, pois dá a entender de que não há resistência lá.

Prosseguindo, Barbara pergunta: como você vê o lugar de fala a partir dessa teoria? Flavio responde: muito bacana a ideia e pertinente, pensando na atuação do professor a partir dessa ideia, e pensando com o currículo cultural, entendo que o professor é a pessoa que cria situações para que os representantes da prática possam falar, como exemplo determinada prática corporal ou qualquer outro tema. Elder e Kaique apontam como isso é interessante, pois, caso contrário há um certo distanciamento de qual pessoa pode falar de determinado assunto.

Após isso, Elder pergunta: das teorias apresentadas na sua pesquisa, você vê diálogos com algum outro currículo da educação física, além do currículo cultural? Flávio responde que: o currículo cultural prioriza isso por excelência e não foi o foco da pesquisa, mas uma perspectiva que prioriza o desenvolvimento de habilidades ou saúde, está longe de estabelecer diálogos. Com isso, terminamos mais um encontro agradecendo a participação do professor Flávio Nunes, lembrando que, devido a pandemia esse encontro ocorreu de maneira remota.





 

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