Demos
início a primeira reunião do segundo semestre de 2020, que foi realizada de
maneira virtual e transmitido ao vivo pelo YouTube. Tivemos como convidada para
a presente reunião, Maísa Ferreira, que é mestra em Educação Física pela
UNICAMP, e acabou de defender sua dissertação. Maísa começa fazendo um
introdução acerca de um conceito do título de sua pesquisa, in(fala)ntes, que
em linhas gerais, podemos entender como o individuo que não tem a possibilidade
de falar por si próprio.
Ao
discorrer da apresentação, Maísa relato de que maneira ela se encontrou com seu
problema de pesquisa. Uma vez que, ela estava como uma professora recém formada
dando aula em uma escola privada em Campinas, na qual não havia um PPP da
escola e nem algum documento na qual os professores e professores embasavam
suas práticas, Maísa viu um espaço para investigar sobre as Diretrizes
Curriculares de Campinas da Educação Infantil.
Para
isso, Maísa se embasou em um certo referencial teórico, denominado de
“pós-crítico”, ou filosofia da diferença, fazendo relações mais próximas de
Michel Foucault, Stuart Hall e Stephen Ball. Durante esse percurso, uma fala
que era bastante pertinente na escola onde Maísa atua, e no seu ambiente
familiar, era que: as crianças hoje em dia não têm mais infância, não sabem
brincar. Bom mesmo era na minha época, todo mundo brincando na rua. A isso,
Maísa chama atenção a ideia do que é ser criança, uma vez que não existe uma
infância melhor ou pior que outras, mas, são tempos diferentes e logo
infâncias, pois são múltiplas. O contato que uma criança que vive na capital, é
completamente diferente de uma que vive no interior, mas fugindo também dessa
binarismo. Há sempre diferentes tipos de infâncias.
Rumando
para o final da apresentação, Maísa aponta aonde sua pesquisa chegou, e dentre
os ponto citados, destacamos aqui: a Educação Física repensar o lugar da
educação infantil, uma vez que não é muito trabalhado e a importância da
Educação Física na formação inicial em Pedagogia para a atuação na educação
infantil com seu viés crítico, tendo possibilidades para tornar os
in(fala)ntes, falantes.
Após
a apresentação, foi aberto espaço para dúvidas, perguntas, melhores
explicações, etc. Dito isso, Vitor pede para Maísa falar um pouco mais sobre a
brincadeira enquanto objeto, tema ou método. Com isso, Maísa da um passo atrás
e diz que, antes ela achava muito lindo as crianças brincando, todavia, após
entender que essas brincadeiras carregam consigo certos discursos e interesses,
há de se pensar o por que dessa brincadeira e não outra, e isso entra a questão
curricular, pois a brincadeira é entendida de maneira diferente pelo currículo
psicomotor, desenvolvimentista e cultural (entre outros). Ao discorrer,
Nathalia perguntou se foi abordado as datas comemorativas na pesquisa, Maísa
responde: nas diretrizes estava escrito em um parágrafo que as datas
comemorativas não serão somente datas passageiras, mas sim tematizadas e
investigadas o caráter histórico, todavia, foi citada somente uma vez.
Prosseguindo,
Jéssica levanta uma questão: você acha que hoje a criança vira adolescente mais
rápido? Maísa responde que é uma questão mais voltada a psicologia, e hoje é
outra infância, outra adolescência e a questão é o que isso implica. Na mesma
toada, Vitor, aponta que quando trabalhava na creche, sempre acontecia muito
namoro na creche, e sempre é romantizado, mas sempre rolou. Por essa via, Maísa
elenca que é preciso desnaturalizar certas práticas da educação infantil, por
exemplo: menino não pode ficar de mão dada com outro menino; a menina de mão
dada com a amiguinha é legal e fofa; há sempre beijos, eles se beijam com muita
frequência, e questões como essas estão naturalizadas.
Leonardo
pergunta: se você entende as crianças como falantes, por que você usa o “in”?
Maísa: eu coloco o “in” por conta de infância, e também, porque tem o sentido
de negação, de as crianças não se manifestarem do jeito que quiserem. João
Pedro, comenta: eu gostei muito dessa ideia da palavra in(fala)ntes, pois
desestabiliza esse logos da gramática; na minha pesquisa de mestrado, eu
investiguei sobre a formação continuada, e notei que os egressos se formavam,
mas já tinham a ideia de que precisavam se especializar, você sabe se Ball
trabalha com isso? Maísa responde: penso
que sim, pois ele trabalha bastante com a performatividade e o neoliberalismo
para pensar as questões que permeiam os estudos curriculares.
Caminhando
para o fim da reunião, Rubens coloca: a partir do seu texto e os exemplos que
você usa, me pareceu muito mais um lógica da sexualidade e do gênero do que uma
lógica neoliberal. Maísa responde: meus exemplos estão ligados à minha visão, e
me considero feminista, então essas questões acabam se evidenciando. Natalia
encerra com a seguinte pergunta: você acha que faltou algo na sua pesquisa?
Maísa: eu penso que sim, ainda mais por estar na reta final, em plena pandemia,
porém, algo que pretendo seguir pesquisando é o corpo nesse processo, afinal,
que corpo é esse? Assim, encerramos mais uma reunião, lembrando que foi gravada
e está o YouTube, no link acima, e o documentário citado por Vitor.
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