sábado, 30 de maio de 2020

30/05/2020 - Defesa de Iniciação Científica: Paulo Lopes - Aprendizagem Motora pela Filosofia da Diferença




A proposta desse encontro, é diferente dos anteriores, pois foi movida a um espaço de defesa de iniciação científica, do Paulo Lopes, membro do grupo GEPEF e do PIBIC FEFISO, orientado pelo Rubens Gurgel. A banca foi composta por três professore-pesquisadores da área, contamos com a presença de Rodrigo Paiva, docente da FEFISO, Tiago Fernandes, docente da EEF USP e Gilson Rodrigues, doutorando pela FEF UNICAMP. De antemão, deixo o convite para terem acesso ao texto no link acima, e, também na defesa, que está publicada no YouTube. Por essa via, apontarei os comentários e questões centrais.
Tiago inicia perguntando o porquê Paulo se interessou em estudar esses dois temas. Paulo responde que: para mim é um encontro novo, pesquisar esses temas é uma novidade e, vejo a dificuldade de investigar a aprendizagem motora, pois não se limita a ampulheta de Gallahue e Ozmun. Ainda com Paulo, diz que, o movimento de fazer pesquisa são sensações de amor e ódio, pois, muitas vezes se deparava com o que havia escrito e não concordava. Mas, como ele mesmo aponta e Tiago reforça, esse é o sentido da escrita, se encontrar e se desencontrar com os problemas, afinal, se não houvesse isso, não seria importante fazer essas investigações, apenas escrever.
Dando continuidade, Tiago aponta que na iniciação do Paulo, ele tenta fazer uma aproximação da ciência com a filosofia, e, Tiago pensa em um certo modo de ciência única, sem ser categorizada e dimensionada. Paulo responde, que, para ele pensar em uma ciência única é difícil e pode limitar as coisas, também, pois não dá para unir coisas que são diferentes. Tiago diz: quando eu digo uma ciência universal, são é para invalidade as ciências mães, a proposta é uni-las para pensar um melhor, fazendo uma analogia com sua área de atuação, “as vezes estou preocupado com o que acontece com o coração e me despreocupo com o que acontece no cérebro e no fígado, e no fundo a gente sabe que o sistema é único e trabalha em homeostase”. Rodrigo Paiva comenta, a partir disso, que é antes de haver as ciências e suas diferenciações, existia o conhecimento, que ruma junto com esse pensamento.
Ainda com Tiago, ele aponta que as pesquisas mais recentes de Go Tani e Edison de Jesus Manuel (pesquisadores da USP, os maiores expoentes nacionais dessa área de estudos) pensam o indivíduo como um sistema aberto. Com isso, ele pergunta para Paulo, o que pensa disso. Paulo responde que para ele é uma novidade, pois essas pesquisas são recentes, mas, se eles estão pensando isso, uma maneira de contemplar a diferença, ele pode pensar junto. Estando atento as pesquisas científicas contemporâneas, Tiago pergunta: você pensa que a ciência segue os mesmos métodos estruturalistas como de antigamente?
Tiago encerra perguntando, se fosse da vontade do Paulo em fazer mestrado, quais seriam os próximos passos, o que pretende fazer com a pesquisa que construiu até o momento, lançando a pensar os próximos passos. Paulo responde que, pretende seguir pesquisando e aprofundando estudos nesses temas, não sabe como ou onde, porém tem muita vontade de seguir.
O professor Rodrigo Paiva inicia sua fala, primeiramente agradecendo pelo convite, e se propõe a lançar alguns problemas e provocações. Começa pela seguinte: ciente que seu trabalho é direcionado a pensar em aproximações entre a aprendizagem motora, seria interessante você apontar alguns caminhos. Em seguida, Paiva aponta que, em certos momentos, Paulo coloca muitas vezes a ciência e a rigidez do método a partir de Descartes do século XV, e a maneira de fazer ciência no século XXI mudou bastante. Outro ponto que foi bastante pertinente, foi o uso demasiado de autores, não que isso seja ruim, mas, precisa estar mais fluido no texto, de forma que, quem nunca teve contato com eles, possa entender.
Relacionando com a aprendizagem motora, Paiva problematiza que, talvez na vontade de olhar para a aprendizagem motora a partir da filosofia, pode ter ocorrido uma cegueira epistemológica, e que, como são duas ciências diferentes, trabalham com terminologias e conceitos diferentes. Paiva, comentando sobre a intuição, ele pensa que, quanto mais autônomo o sujeito for, maior será a sua capacidade de intuição, pois quando está aprendendo a tarefa o sujeito tem tanta demanda de atenção e acaba se perdendo, a ponto de não ter intuições. Complementa, quanto mais técnico e autônomo o sujeito for, no sentido de diminuir demanda de atenção, projetar e processar as demandas de atenção, mais a chance que tem de ser criativo. Em outras palavras, não é negar a técnica, nem a repetição, afinal, é um modo de organizar no caos, mas, criar com a partir deles.
Ainda com o Rodrigo Paiva, ele encerra agradecendo pelo convite e chama atenção, no seguinte aspecto, a pesquisa do Paulo traz uma teoria da aprendizagem motora da década de 80, com a filosofia da diferença do século XXI, para bater nela, sendo que, muitas coisas se atualizaram. Paulo agradece pelos comentários, críticas e leitura atenta, e tais problemas serão levados em consideração.
Após isso, Rubens destaca um ponto importante na pesquisa do Paulo, a diferença entre criatividade e inventividade. A criatividade se dá de ideia de criar uma solução em um problema já dado, por exemplo, no futebol, é marcar um gol. Sendo que a inventividade, não tem um planto a priori. Com isso, Paiva pensa em uma aproximação, a partir da reprodução, rumando a criatividade e se enveredando a inventividade.
Gilson inicia sua fala parabenizando a pesquisa realizada pelo Paulo, pois é uma investigação que foge do comum, e deve ter muita coragem para tentar relacionar área bastantes distintas, outro aspecto potente é que ele se coloca no texto, na sua escrita autentica. Gilson chama atenção no uso excessivo de siglas, diz que é algo pequeno, porém importante, o mesmo ressalva que, uma página no início pode resolver. A partir disso, Gilson expõe que o que ele irá comentar e sugerir são coisas para frente, ou seja, o que fazer com o texto.
Assim, Gilson sugere para criar mais diálogos, se der para fazer artigo, ou capítulo de livro, comunicar nas redes sociais, podcast... para não se isolar, no intento de conversar mais com as pessoas. Entrando no texto, Gilson faz uma analogia de um garoto que rodeia e espia o circo, mas não entra nele, não se apropria, para dizer que o Paulo faz esse movimento com Deleuze, rodeia, mas não entra, e quando vai fazer as relações, realiza a partir de Bergson, o que é diferente. E os próximos passos, seriam mergulhar mesmo nos autores, se apropriar bem dos conceitos.
As relações do método, Gilson destaque que faz através de Ribeiro (2016), e para ele falta uma descrição de como fez e por que fez, há uma lacuna na definição dos critérios, e nas análises. Em relação as aproximações e distanciamentos, Gilson aponta que, mesmo autores falando de coisas semelhantes eles olham para elas de uma maneira diferente, assim, precisa-se de mais atenção e cuidado em aproximas Deleuze e Go Tani, entre outros autores. Tendo em vista que Paulo entra na aprendizagem a partir do afeto, e esse é uma das fragilidades da aprendizagem motora, Gilson indica o Grupo do Afeto, na UNICAMP, coordenado pelo professor Sergio Leite.
Gilson afirma que as críticas que Paulo faz a ciência é importante, mas também é preciso apresentar as potencialidades dela. Gilson faz uma pergunta provocativa para Paulo: como a filosofia da diferença me ajuda a agir melhor em minhas aulas de Educação Física? Para encerrar, Gilson parabeniza, pois, o trabalho é bastante rico em ideias, e lança duas perguntas: como essa pesquisa te afetou? E por fim, o que você pretende fazer com sua pesquisa?
Respondendo a tais provocações, Paulo inicia falando do atravessamento de Bergson em sua pesquisa, ele expõe que foi justamente com esse filósofo que ele conseguiu fazer relações efetivas com a aprendizagem motora e filosofia da diferença, pois, é um pensador que pensa a dualidade para além dela e leva o tempo em consideração, a duração, a intuição. Pensando isso para o futuro, seria a proposta de responder as perguntas, apontamentos e fragilidades levantadas. Rubens finaliza realizando uma fechamento e agradecendo a participação da banca.

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