Texto: Processos
de mediação: da mídia primária à mídia terciária - José Eugenio Menezes
Inauguramos mais um encontro do Grupo GEPEF FEFISO,
desta vez de maneira diferente, inédita. Pois, nunca antes havíamos feito uma
discussão nesse grupo com todos os participantes conectados virtualmente. Por
conta disso, deixo aqui, um pequeno recorte espacial e temporal de março de
2020, algo novo ocorre que para o mundo todo, assim fui agenciado a escrever
sobre isso. Ou seja, uma dobra, as coisas que acontecem no mundo, resultam em
nossas relações, nos modos de vida e de viver. Estamos passando por uma
Pandemia, a COVID-19.
Dito isso, entramos na apresentação do palestrante.
Tadeu é formado em comunicação pelo UNISO, mestre em comunicação e doutorando e
em jogos digitais. Tadeu disse que este encontro era novo para ele, pois nunca
havia falado para pessoas da Educação Física, uma vez que os temas: jogos
digitais e corpo atravessam a Educação Física. A partir disso, ele comentou um
pouco sobre a história da comunicação, sendo seu grande marco durando a 2ª Guerra Mundial pelo os alemães, com os rádios. Porém, como é o corpo nesse
espaço virtual? O receptor é notável, mas se pensarmos em um abraço, torna-se
impossível notar quem é o receptor.
Após 2ª Guerra Mundial, muitas coisas no mundo mudam,
e os grandes influenciadores na comunicação na Europa era Gilles Deleuze (1925
– 1995) e Michel Foucault (1926 – 1984). Para Harry Pross (1923 – 2010) “a
comunicação começa e termina no corpo”, visão bastante diferenciada e
interessante para pensarmos acerca do corpo. Ao discorrer do tema, Tadeu nos
disse sobre o conceito de iconofagia, que é a relação corpo imagem, imagem
corpo, não existe um contato de corpo a corpo, sendo assim, um vazio de
sentimento.
Tadeu Rodrigues faz uma diferenciação bastante
interessante sobre o LARP (Live Action Role Play) ou, no Português - Ação viva de desempenho de papéis. Para os
pesquisadores, LARP seria “um encontro entre pessoas que, através de seus papéis,
relacionam-se umas com as outras em um mundo ficcional” (FATLAND; WINGARD). O
que difere do RPG, e Tadeu aponta que a maior diferença deles seria que o LARP
seria mais dramático e o RPG mais criativo.
Feito a introdução do tema, Tadeu abre para perguntas,
dúvidas, problemas etc. Assim, Rubens coloca: é inevitável não trazer para as
Fake News, pois o ambiente virtual permite a pessoa ter determinados
comportamentos na rede social que é diferente estando pessoalmente. Tadeu
responde, ele diz que pensa que sim, e nos traz um exemplo: o sangue tem
cheiro, textura, estamos vendo e o que se passa na mídia acerca de violência é
diferente de vivenciar isso pessoalmente.
Assim Vitor-Moska relaciona com o cinema, apontando os
filmes da Marvel, em suas palavras: não existe mais vilão, nem união soviética.
Surge então a guerra de herói contra herói. E outro modo de ser, seria
romantizar o vilão, que afinal, vilão não é bem o vilão. Como vimos no filme do
Coringa, muitas pessoas se identificam o vilão. Ainda com Vitor-Moska, ele
lança um questionamento acerca da escola, como fica a escola a partir desse
momento? Como vemos as práticas corporais? Será que não seria hora de retomar a
ecologia da comunicação? Boas perguntas, fica o convite para pensarmos juntos.
Voltando a questão sobre LARP e RPG, como pedido por
Júnior, uma outra explicação. E Tadeu diz que em ambos não têm roteiro pré-definido,
se dá na relação, no ato, na experiência concreta, com isso vemos relações com
as palestras anteriores, e dos temas o que grupo vem estudando, a aprendizagem
a partir de Deleuze e Guattari.
Imerso na discussão, Rubens compartilha um exemplo da
experiência banqueiros com a realidade da favela. Tadeu diz que: quando brincamos
de cavaleiro medieval, não muda muito o que o pessoal do banco faz com a favela.
Ou seja, cada um tem um lúdico diferente. Ainda com Rubens, ele pergunta se o
RPG e LARP são utilizados como ferramenta de ensino, pois é algo bastante
potente. Tadeu diz que sim e está sendo cada vez mais explorado. Aproveitando o
gancho, Paulo pede para Tadeu comentar sobre como ele entende o lúdico, pois o
conceito lúdico tem um valor caro para a Educação Física.
Tadeu Rodrigues comenta que, temos uma ideia de lúdico
atrelado ao divertimento, a ideia de jogo em geral submetida a isso, em um
divertimento padrão, mas o lúdico extrapola isso. Ele pensa o lúdico a partir
de Huizinga, lúdico além do belo, do divertido, do engraçado, por isso, para os
banqueiros, ter uma festa no cenário de favela, para eles era o lúdico deles, naquele
momento.
Com as mudanças da sociedade e do mundo, Rubens bem
nota e trazendo para um jargão nietzschiano, a ideia de que as produções
artísticas dionisíacas e que nesse momento em que não se pode sair de casa, faz
sentido a frase de Nietzsche: temos arte para não morrer de verdade. Pois somos
muito dependentes das produções artísticas nessa quarentena para viver, seja
através de músicas, filmes, séries, peças de teatro, artesanatos etc.
Caminhando para o fim do encontro, encerramos com a
pergunta do João Pedro: como você vê no jogo a possibilidade da diferença? Nesse
momento, Tadeu faz um mergulho em sua tese, e diz que a principal
característica do jogo é que ele depende da incerteza. Se você já sabe e, se já
possui uma imagem de pensamento pré-estabelecido, não é um bom jogo. Com isso
ele deu um exemplo do jogo de futebol, um clássico paulistano e brasileiro,
entre Corinthians e Palmeiras, assistir este jogo é estar aberto a lhe dar com
a diferença. Existe um grau de incerteza, pois se já soubéssemos quem ganharia,
perderia o encanto do jogo, o encontro com o imprevisível. A diferença.
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