quarta-feira, 8 de abril de 2020

04/04/2020 - 3º Encontro do semestre (VIRTUAL): Jogo, Corpo e Representação - com Tadeu Rodrigues


Texto: Processos de mediação: da mídia primária à mídia terciária - José Eugenio Menezes

Inauguramos mais um encontro do Grupo GEPEF FEFISO, desta vez de maneira diferente, inédita. Pois, nunca antes havíamos feito uma discussão nesse grupo com todos os participantes conectados virtualmente. Por conta disso, deixo aqui, um pequeno recorte espacial e temporal de março de 2020, algo novo ocorre que para o mundo todo, assim fui agenciado a escrever sobre isso. Ou seja, uma dobra, as coisas que acontecem no mundo, resultam em nossas relações, nos modos de vida e de viver. Estamos passando por uma Pandemia, a COVID-19.
Dito isso, entramos na apresentação do palestrante. Tadeu é formado em comunicação pelo UNISO, mestre em comunicação e doutorando e em jogos digitais. Tadeu disse que este encontro era novo para ele, pois nunca havia falado para pessoas da Educação Física, uma vez que os temas: jogos digitais e corpo atravessam a Educação Física. A partir disso, ele comentou um pouco sobre a história da comunicação, sendo seu grande marco durando a 2ª Guerra Mundial pelo os alemães, com os rádios. Porém, como é o corpo nesse espaço virtual? O receptor é notável, mas se pensarmos em um abraço, torna-se impossível notar quem é o receptor.
Após 2ª Guerra Mundial, muitas coisas no mundo mudam, e os grandes influenciadores na comunicação na Europa era Gilles Deleuze (1925 – 1995) e Michel Foucault (1926 – 1984). Para Harry Pross (1923 – 2010) “a comunicação começa e termina no corpo”, visão bastante diferenciada e interessante para pensarmos acerca do corpo. Ao discorrer do tema, Tadeu nos disse sobre o conceito de iconofagia, que é a relação corpo imagem, imagem corpo, não existe um contato de corpo a corpo, sendo assim, um vazio de sentimento.
Tadeu Rodrigues faz uma diferenciação bastante interessante sobre o LARP (Live Action Role Play) ou, no Português - Ação viva de desempenho de papéis. Para os pesquisadores, LARP seria “um encontro entre pessoas que, através de seus papéis, relacionam-se umas com as outras em um mundo ficcional” (FATLAND; WINGARD). O que difere do RPG, e Tadeu aponta que a maior diferença deles seria que o LARP seria mais dramático e o RPG mais criativo.
Feito a introdução do tema, Tadeu abre para perguntas, dúvidas, problemas etc. Assim, Rubens coloca: é inevitável não trazer para as Fake News, pois o ambiente virtual permite a pessoa ter determinados comportamentos na rede social que é diferente estando pessoalmente. Tadeu responde, ele diz que pensa que sim, e nos traz um exemplo: o sangue tem cheiro, textura, estamos vendo e o que se passa na mídia acerca de violência é diferente de vivenciar isso pessoalmente.
Assim Vitor-Moska relaciona com o cinema, apontando os filmes da Marvel, em suas palavras: não existe mais vilão, nem união soviética. Surge então a guerra de herói contra herói. E outro modo de ser, seria romantizar o vilão, que afinal, vilão não é bem o vilão. Como vimos no filme do Coringa, muitas pessoas se identificam o vilão. Ainda com Vitor-Moska, ele lança um questionamento acerca da escola, como fica a escola a partir desse momento? Como vemos as práticas corporais? Será que não seria hora de retomar a ecologia da comunicação? Boas perguntas, fica o convite para pensarmos juntos.
Voltando a questão sobre LARP e RPG, como pedido por Júnior, uma outra explicação. E Tadeu diz que em ambos não têm roteiro pré-definido, se dá na relação, no ato, na experiência concreta, com isso vemos relações com as palestras anteriores, e dos temas o que grupo vem estudando, a aprendizagem a partir de Deleuze e Guattari.
Imerso na discussão, Rubens compartilha um exemplo da experiência banqueiros com a realidade da favela. Tadeu diz que: quando brincamos de cavaleiro medieval, não muda muito o que o pessoal do banco faz com a favela. Ou seja, cada um tem um lúdico diferente. Ainda com Rubens, ele pergunta se o RPG e LARP são utilizados como ferramenta de ensino, pois é algo bastante potente. Tadeu diz que sim e está sendo cada vez mais explorado. Aproveitando o gancho, Paulo pede para Tadeu comentar sobre como ele entende o lúdico, pois o conceito lúdico tem um valor caro para a Educação Física.
Tadeu Rodrigues comenta que, temos uma ideia de lúdico atrelado ao divertimento, a ideia de jogo em geral submetida a isso, em um divertimento padrão, mas o lúdico extrapola isso. Ele pensa o lúdico a partir de Huizinga, lúdico além do belo, do divertido, do engraçado, por isso, para os banqueiros, ter uma festa no cenário de favela, para eles era o lúdico deles, naquele momento.
Com as mudanças da sociedade e do mundo, Rubens bem nota e trazendo para um jargão nietzschiano, a ideia de que as produções artísticas dionisíacas e que nesse momento em que não se pode sair de casa, faz sentido a frase de Nietzsche: temos arte para não morrer de verdade. Pois somos muito dependentes das produções artísticas nessa quarentena para viver, seja através de músicas, filmes, séries, peças de teatro, artesanatos etc.
Caminhando para o fim do encontro, encerramos com a pergunta do João Pedro: como você vê no jogo a possibilidade da diferença? Nesse momento, Tadeu faz um mergulho em sua tese, e diz que a principal característica do jogo é que ele depende da incerteza. Se você já sabe e, se já possui uma imagem de pensamento pré-estabelecido, não é um bom jogo. Com isso ele deu um exemplo do jogo de futebol, um clássico paulistano e brasileiro, entre Corinthians e Palmeiras, assistir este jogo é estar aberto a lhe dar com a diferença. Existe um grau de incerteza, pois se já soubéssemos quem ganharia, perderia o encanto do jogo, o encontro com o imprevisível. A diferença.



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