Demos início ao encontro às 9:00 do sábado, dia 29 de
fevereiro de 2020, na FEFISO. Como tradição e pela presença de novas pessoas ao
grupo, sendo elas, uma parte de alunos/as do primeiro semestre da FEFISO e
outros de fora, Rubens coordenador do grupo, fez uma introdução, explicou o
porquê o grupo e existe e qual a sua função. Com isso, apontou que a partir
deste semestre o grupo criou outro modo de operar, isto é, no semestre passado
a leitura dos textos estava bastante densa e difícil, assim, foi decidido
coletivamente experimentar nesse semestre uma forma de palestra. Surgindo assim
espaço para convidar pessoas de fora, de outras áreas e expandir nosso pensamento.
Realizada a introdução, Rubens expos os temas que sua
pesquisa de doutorado tratou, e enunciou alguns pontos fulcrais que seriam
abordados no encontro de hoje. Dentre eles, o contato dele com a Educação
Física (em sua formação), a história da Educação Física e seus momentos, por
essa chave de pensamento, ele decidiu ver a partir de três autores centrais,
Michel Foucault, Gilles Deleuze e Félix Guattari. Urge anunciar também, que
dentre um escopo de pensamento, eles são classificados enquanto autores
pós-críticos, entretanto, Rubens aponta os conflitos e, diz que é clássico da
academia americana esse movimento de classificação.
Dito isso, mergulhamos em outros meios, demarcando
algumas características do pensamento moderno. Para tanto, Rubens relatou cinco
polos: realidade, razão (pensamento), sujeito, corpo e poder. Nesse modo
moderno de se pensar a realidade é
entendida como a representação do real, e tendo apenas uma realidade para
todos. O pensamento neste viés é
obtido através da razão, isto é, o pensamento é sempre racional, logo superior
a outras coisas, abrindo brecha para conectarmos o sujeito e corpo também,
pois, o sujeito é um ser que age pela razão, e é por meio do corpo que se
manifesta. Vemos aqui, fortes influências platônicas, kantianas da razão e
cartesiana, típicas das características modernas. E por último, porém não menos
importante, o poder dentro desse
escopo é exercido apenas pelo Estado.
Para o referencial, pós-crítico ou melhor para
Filosofia da Diferença, há discordâncias plausíveis em relação ao modo de
funcionamento moderno, citado acima. Realidade,
pensamento, sujeito, corpo e poder possuem assim outros significados,
passemos a observá-los aqui, não de uma forma segmentada, e sim a partir de
lógica rizomática, que promove conexões. Sujeito nessa perspectiva é construído
em conjunto a realidade e pensamento, sempre em processo constante, ou seja,
não têm mais nada acabado ou dado (pensado) de antemão. Logo, o corpo é o local para a criação do
pensando, que está imerso na realidade. E o poder
está sempre em todas as relações, nesse sentido, o poder é entendido
através da micropolítica, nas microrrelações e em certos momentos exercemos
mais ou menos poder.
Com isso, entramos em outro ponto, com o conceito de menor, para entender sobre a Educação
Menor. Rubens explica que Silvio Gallo (professor e pesquisador da UNICAMP)
desloca do conceito de Literatura Menor a partir da obra dos franceses
Deleuze-Guattari, para pensar em uma educação menor. Por essa via, foi
apresentado três características do menor, sendo elas: desterritorialização da
Língua; ramificação do individual no imediato-político; agenciamento coletivo
de enunciação (somos e pensamos não o que queremos ser, mas ao que somos
agenciados). Formulamos exemplos a partir disso.
Entramos na
história da Educação Física e seus momentos, atentos com o pensamento moderno e
das filosofias da diferença e os usos do maior e menor, contudo, no intento de
escapar de uma dialética, e caminhar com a lógica da multiplicidade, do mais,
do e, e. Foi feito relações também com os currículos da Educação Física:
Ginástico, esportivista, críticos e cultura (pós-crítico?). A grande questão
que surgiu em todos os currículos foi que, sempre existe um modelo à ser
seguido, pela filosofia da diferença, vemos isso enquanto uma ferramenta
provisória para ajudar a operar.
Uma das partes da tese, teve como objetivo investigar
os aspectos maiores do currículo cultural, baseado no referencial pós-crítico,
e que foi objeto da pesquisa de doutorado. Vimos como movimentos aberrantes: a inserção em currículos oficiais; modelização
didática; apoio a filosofias da diversidade: limites do multiculturalismo; baseado
em pensamentos psicanalíticos: os limites dos estudos culturais. Todavia, não é
toma-los como inimigos, apenas uma forma de apontar os limites para pensar em
outras coisas.
Rumando ao final do encontro, vimos que a esquizoanálise
a partir de Deleze-Guattari nos convida ao viver, ao experimentar. Assim, a grande criação da tese foi
pensar em outros modos de se entender a aprendizagem, Rubens cria pistas da
aprendizagem e princípios didáticos, dando nome a essa “gestação” de
esquizoaprender. Vale a ressalva que o termo princípios é utilizado no sentido
de onde partimos, e não que há uma ordem sistematizada a ser reproduzida.
Abaixo está registrado algumas das pistas e princípios que discutimos, foi
diversos exemplos, e como movimento de criação, foi feito o convite para cada
pessoa pensar em seu próprio exemplo.
Pistas da aprendizagem:
- o aprender na
filosofia da diferença: recognição x criação;
- Transformação de
subjetividade – tornar-se outros, campo da multiplicidade;
- Processo intuitivo;
- Esquizoaprender,
política cognitiva sensória-corporal;
- Processo de
agenciamento incontrolável, atravessado pelos encontros, movimentos
rizomáticos;
- Invenção de
problemas, não resolução de respostas;
- Demanda gastar
tempo / esforço;
- Processo de
singularização, imanente ao acontecimento;
- Aprender é
afirmação de vida;
- Para os dias
atuais: atravessamentos cibernéticos!
Princípios didáticos
- o professor
“tracer”;
- Sensibilidade ao
devir;
- Atenção às misérias;
- Modulação do
controle;
- Experimentar e
organizar encontros;
- Tencionar a
produção de singularidades;
- Associar com outras
paixões;
- Dar aulas sobre o
que busca aprender;
- Cartografar a
possibilidade do desejo esquizo;
- Não se apaixonar
pelo poder;
- Articular micro e
macro política;
- Produzir tempo e
espaço liso;
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