No dia 30 de Setembro de 2017
estivemos reunidos pela terceira vez na FEFISO – ACM/CENTRO, com o intento de
discutir sobre o artigo do colega Leandro Fontão que fala sobre a tematização
do HIP HOP dentro do currículo escolar, ancorado nas propostas do currículo
cultural, elaborado por Marcos Garcia Neira e Mario Luiz Nunes, docentes
responsáveis pelo GPEF-USP. Neste encontro, foi registrado também a presença de
uma nova integrante no grupo: Sara, primeiro período. Eu, João Pedro, registro
essa ata.
Texto Principal: CAMARGO, L. F. P.; VIEIRA, R. A. G. Hip Hop: Movimento Cultural que
movimenta a Educação Física. Rebescolar - Rev. Bras. Educ. Fís. Escolar, Ano III,
V. 1 – Jul. 2017
Texto Complementar: NELSON, TREICHLER e GROSSBERG. Estudos Culturais: uma introdução. In:
SILVA, T. T. Alienígenas em sala de aula. Petrópolis: Vozes, 1995.
Opção em vídeo: “A 13 emenda”.
Dica para Neflix: Documentário em vários capítulos “Hip
Hop Evolution”.
Como de costume, Rubens fez a introdução do tema com
estes citados acima e com outros como, por exemplo, suas impressões no recente
congresso da CONFEF que esteve presente e uma pequena explanação sobre o que
seria, afinal, os Estudos Culturais. Devido ao caráter extremamente vasto deste
conteúdo, opto por colocar em tópicos alguns temas que foram apresentados de
forma a não relacioná-los e, criar assim, um texto mais conciso.
Como forma de aprofundamento, para os interessados,
sugiro a terceira parte, capítulo 8, do livro “Documentos de identidade – uma
introdução às teorias do currículo” onde o tema dos Estudos Culturais é
abordado novamente:
·
Os Estudos Culturais
(E.C) nascem de uma proposta de contestação da concepção de alta/baixa cultura,
assunto explorado por dois importantes textos de dois teóricos envolvidos na
sua criação que relatam diferentes visões: a cultura operária como forma de
produção cultural e a literatura não elitista.
·
Stuart Hall,
o teórico mais influente dos E.C, assume a direção do grupo alguns anos após a
sua criação, no lugar de Richard Hoggart, escritor de um dos textos mencionados
que deram origem ao grupo - mais precisamente o texto sobre literatura.
·
Os E.C não
podem ser vistos como uma coisa única: seu teor é, no mínimo, multidisciplinar
pela quantidade de assuntos que é capaz de abordar.
·
Para nós, o
tema que repetidamente levamos em consideração é o da “cultura” que, na visão
dos E.C é constituída por um enfrentamento entre significados. A cultura é um
espaço de luta pela validação de significado. Isso implica, no mínimo, dois
tópicos extremamente importantes: 1) todos os “artefatos” são criações
culturais; 2) toda validação é feita por intermédio das relações de poder, daí
a luta por esse “poder validatório”.
O encontro tem início com a apresentação do companheiro
Leandro sobre o seu TCC, que relaciona o HIP HOP com a prática escolar,
mencionando suas possibilidades e intenções. Abre contando a história do HIP
HOP, alguns marcos dos anos 60, sobre seus elementos – a saber: Rap, Break
Dance, DJ, Grafite, Conhecimento, Beat Box, Streetball – e, por fim, nos
apresentou um vídeo do rapper Rincon Sapiência. Logo após, abriu para o debate
em relação ao HIP HOP e o currículo escolar (debate bastante voltado para a
prática):
·
Lourenço:
apresenta sua fala em relação às rinhas que contém um conteúdo vexatório e a
possibilidade de se trabalhar isso com as crianças dentro das escolas.
·
Moska:
intervém de forma a dizer que o “higienismo discursivo”, na medida do possível,
não deve ser feito, caso contrário, não estaríamos fazendo aquilo que é
proposto: apresentando uma manifestação cultural diferente, de interesse, ou
emergencial, por completo, mas extraindo apenas o que é de interesse. Logo,
poderíamos problematizar isso à luz dos E.C: quem possui o poder dessa
higienização discursiva? Quem escolhe o que deve ou não ser apresentado de uma
criação cultural?
·
Wellington:
nessa mesma vertente reforça que o intento é chegar o mais próximo da realidade
daquelas produções para que sejam apresentadas de forma mais complexa possível.
Pergunta também se outros relatos de HIP HOP, que não sejam do GPEF, se
aproximam ou divergem em suas práticas.
·
Leandro: diz
que divergem bastante, e que é comum o uso de conteúdos tecnicistas em relação
à dança e o streetball, como a formulação dos passos e a execução dos dribles;
nada relacionado a um “aprofundamento cultural”.
·
Lourenço:
questiona se a rinha crítica pode ser utilizada como uma forma de reflexão em
relação ao professor e ao aluno. Uma espécie de produção sobre o que o aluno
acha positivo ou não nas aulas e sobre o professor.
·
Rubens:
lembra que as atitudes enquanto professor surgirão de determinado contexto, e
que não há uma fórmula pronta para se trabalhar isto ou aquilo – apenas com a
vivência prática os problemas e possíveis resoluções serão encontrados.
·
Massari: “Você trabalha em escola elitista,
currículo esbranquiçado. Esse pessoal que lá está, que crescerão e se tornarão
da elite, que conhecimentos você acha que eles poderiam ter para enfrentar os
problemas sociais? Eles serão oprimidos ou opressores? Como você vê isso
acontecendo, ou como você pretende fazer isso lá? Já tentou? Será que o
trabalho da resistência é importante para eles? ” (pergunta literal)
·
Leandro:
afirma que ainda não conseguiu trabalhar esse contexto do currículo
cultural, mas tenta fazer alguns trabalhos de abordagens historicistas, de
produção desse tipo de cultura. Comenta que alguns pais ficam realmente
chocados, e que os próprios alunos tomam choques de realidade.
·
Rubens: em
relação à pergunta do Massari, argumenta que, na visão dele e do currículo
cultural, apresentar determinados conhecimentos, em determinados contextos,
para que os horizontes possam se abrir e novas escolhas possam ser feitas:
sejam elas de conservar determinado estado, ou mudar para um estado diferente.
·
Adriano:
pergunta se os Rep’s[1] que
foram criados a partir das aulas do Leandro continham um palavreado diferente
do que é acessado pelos alunos.
·
Leandro: diz
que foi criado uma espécie de Rap pedagógico.
·
Massari:
levanta a questão de que, independente da letra, o próprio ritmo já é uma forma
de resistência, no entanto, no papel de professor, devemos mediar algumas
palavras e ações, já que existem diversas outras coisas em jogo e finaliza com
uma questão bastante interessante: no futebol os termos usados são muito
piores, as agressões são físicas, porém, a cultura do futsal é validada e
incentivada nas escolas. Por quê?
Ao final do encontro, Rubens convidou a tod@s para participarem do MAPA e da apresentação do companheiro
Clayton, que tentará pensar a Educação Física com um autor francês já conhecido
e estudado por nós: Michel Foucault. Por fim, agradecemos a presença de tod@s e
lembramos que o próximo encontro, 21 de Outubro de 2017, será realizado na
FEFISO-ACM/ Jd. São Paulo.
Esperamos tod@s lá!
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