segunda-feira, 13 de junho de 2016

2016 – Quinto Encontro GEPEF – 11 Junho

1 – Com grande satisfação, recebemos mais duas novas integrantes para o grupo! Rubens explicou um pouco de nossa trajetória até aqui, sobre os debates, sobre os textos já lidos, sobre o que pretendemos ler para o próximo semestre e sobre a visão de currículo do grupo, não só como uma carta de apresentação, mas sim, como propõe Tomaz Tadeu:

“O currículo é lugar, espaço, território. O currículo é relação de poder. O currículo é trajetória, viagem, percurso. O currículo é autobiografia, nossa vida, curriculum vitae: no currículo se forja a nossa identidade. O currículo é texto, discurso, documento. (SILVA, 2010, pag. 150) ”.

Foi reforçado o convite a todos os integrantes que ainda não participam das reuniões na USP. O grupo é aberto, as sextas feiras, de 15 em 15 dias. Aqueles que tiverem disponibilidade e interesse podem agregar com a “turma de Sorocaba”. Não é necessário nenhum pré-requisito.
Foram expostas as plataformas do grupo: Facebook, WhatsApp, Blog e Grupo de E-mail, onde são compartilhados trabalhos, produções do grupo, dúvidas, eventos, críticas e atualizações sobres as discussões de cada dia. Por falar em eventos, também foi comentado que estamos responsáveis pelo GTT da área de educação no M.A.P.A, assim como a possibilidade de convidar Jocimar Daolio para uma das mesas de discussão. Todos concordamos que seria uma grande contribuição.
Foram todos convidados para o congresso internacional sobre educação que ocorrerá na UNISO nos dias 24 a 26 de outubro. Gostaríamos que todos do grupo estivessem presentes para podermos ter uma participação em peso. A inscrição custará R$ 170,00 reais.
Também foi conversado sobre a possibilidade de ingresso em mestrado nas universidades: UNISO, USP e UNICAMP. Foi destacado, mais uma vez, aos novos e os já membros há algum tempo, que todos, sem exceção, têm a total capacidade de ingressar um mestrado em qualquer uma dessas universidades, principalmente na USP, onde temos uma aproximação maior com o grupo de pesquisa de lá (GPEFE – FEUSP). No entanto, como é exigido o exame de inglês, é necessário que todos os interessados tenham um nível um pouco mais avançado: para tanto, conversamos sobre o curso de inglês que a FEFISO oferece por R$ 60 por mês. Acreditamos que seja viável a todos.
Por fim, planejamos o próximo encontro em quatro partes distintas:
b)     Defesa de Iniciação Científica do membro João Pedro – 20 minutos de apresentação e 40 para discussões, debates e críticas.
c)      Confraternização
d)     Avaliação do semestre atual planejamento do próximo.

211/06 - Tema: Abordagem crítico-superadora (Currículo Cultural)

Leitura principal: SOARES, C. L.; CASTELLANI FILHO, L. C.; BRACHT, V.; ESCOBAR, M. O; VARJAL, E.; TAFFAREL, C. N. Z. Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992. Capítulo 1 – A Educação Física no Currículo Escolar: Desenvolvimento da Aptidão Física ou Reflexão sobre a cultura corporal.

Leitura complementar: SOUZA JUNIOR, M. et al. Coletivo de autores: a cultura corporal em questão. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Florianópolis, v. 33, n.2, p. 391-411, abr./jun. 2011.

Objetivo: compreender os fundamentos básicos desta visão curricular, atentando para seus legados.

Iniciamos os debates com Rubens perguntando para Bruna e para Monique o que tinham achado dos textos e qual era a (primeira, talvez) impressão sobre o assunto: Bruna disse ter gostado mais do artigo, enquanto Monique disse ter preferido o livro. No entanto, as duas concordam em um ponto: sobre a importância que o Coletivo de Autores dá para a significação das atividades - chamada de “Historicização do Movimento”. É muito importante que elas tenham ressaltado esse ponto, porque é justamente dele que ocorre a gênese para os debates mais atuais. É fundamental que essa questão tenha se tornado a mais importante, pois é justamente disso que o livro trata.
O Coletivo de Autores, de forma bastante enfática e, claro, passível a todo tipo de crítica, nos mostra que o movimento está repleto de significados e imerso em simbologias capitalistas, a qual aflora uma ideologia de exclusão e de busca pelos melhores resultados. Consequentemente, torna os “derrotados”, se assim podemos dizer, acostumados com a derrota e já cientes da “função social” que irão cumprir. Essas funções, de forma “circular”, tornarão a evidenciarem-se em outras atividades que envolvam o movimento, a tomada de decisões e etc. Logo, o Coletivo faz disso seu objeto de estudo: a cultura corporal.
A cultura corporal do Coletivo de Autores é estudada através de uma visão específica: a materialista histórica dialética. Bruna questionou o porquê da denominação “dialética”:
a)               Materialismo: em oposição a ideia platônica de uma essência não mundana, de uma existência perfeita de seres e objetos que não residem nesse plano, o materialismo defende a preocupação com o material, com aquilo que se faz presente e visível no nosso mundo. Uma das frases de Marx, talvez exponha de forma bastante clara seu pensamento: “Até agora os filósofos se preocuparam em interpretar o mundo de várias formas. O que importa é transformá-lo. ”
b)               Histórico/Dialético: entendendo que a compreensão do mundo e da história devem dar-se através da análise hegeliana de realidade resumida em “tese, antítese e síntese” (por exemplo: ponto de vista; contraponto; novo ponto).
Essa cultura corporal foi bastante criticada por alguns autores, como, por exemplo, Eleonor Kunz, que foi lido no encontro passado. Esses autores entendem que, em primeiro lugar, qualquer cultura é corporal, ela não flutua fora do corpo, sendo totalmente dependente dele para o seu surgimento e criação simbólica. Em segundo lugar, criticam a dicotomização entre corpo e mente: por que apenas corporal? A simbologia cultural não é assimilada pela mente? Podemos ter uma cultura cognitiva e uma corporal? Essas, dentre outras que não foram exploradas a fundo pelo grupo, são críticas feitas ao Coletivo.
Dentro da cultura corporal, sob a visão materialista histórica dialética, os autores entendem que o conhecimento se dá de forma espiralada, propondo um aumento do grau de dificuldade das atividades propostas pelos professores. Foi assim, debatido sobre o nosso entendimento de conhecimento, pautado no entendimento rizomático de (não só) Gilles Deleuze, contrário as teorias retilíneas, sejam elas arbóreas ou espiraladas.
Sabemos que esse livro é/foi de grande contribuição para a Educação Física brasileira como um todo. Não objetivamos criticar de forma a rebaixar a obra, mas sim, expondo os avanços que ocorreram na área em relação há mais de 20 anos atrás, ressaltando as conquistas que os debates pós críticos trouxeram para o nosso campo, principalmente em relação as diferenças presentes, que vão além das diferenças classistas, ou da concepção de que todos os males do mundo giram em torno dos problemas classistas, ampliando-se para a discussão racial, étnica, de gênero, intolerância, preconceito, construção e desconstrução de verdades absolutas, entendimentos do senso comum, etc. O Coletivo de Autores nos proporcionou, a ampliação da visão, a reflexão necessária para o entendimento fundamental: seja para o esporte, para o jogo, para a dança ou qualquer outro conteúdo, o âmbito da reflexão está na significação do mesmo, e não na essência do conteúdo. O problema não está no futebol, mas o que trabalhamos através do futebol. Por que separar bom ou ruim, bem e mal, quando podemos nos perguntar: quais discursos tornaram algo bom ou ruim? Quais discursos definiram o bem e o mal sobre algo?
Para finalizar, o companheiro Moska, mais uma vez, nos deixa (como denominada por ele) a “reflexão da semana”: num mundo globalizado, qual currículo se preocupa em trabalhar as diferenças?

REFERÊNCIA:

SILVA, Tomaz Tadeu. Documentos de Identidade: Uma introdução as teorias do currículo. 3 ed. 1 reimp. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.

SOARES, C. L.; CASTELLANI FILHO, L. C.; BRACHT, V.; ESCOBAR, M. O; VARJAL, E.; TAFFAREL, C. N. Z. Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.


SOUZA JUNIOR, M. et al. Coletivo de autores: a cultura corporal em questão. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Florianópolis, v. 33, n.2, p. 391-411, abr./jun. 2011.

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