quarta-feira, 18 de maio de 2016

2016 – Terceiro Encontro GEPEF – 23 Abril

Na data de hoje, o encontro foi aberto de uma forma diferente do que estamos acostumados, começando direto pelo debate do texto. Contudo, apenas por motivos de padronização, apontarei os “recados” primeiro:

1SEMEF FEUSP em Julho, dias 24 e 25. Trabalhos devem ser enviados até 01 de junho.

2 – Nomes sugeridos para compor as mesas de manhã e de tarde, onde serão expostas as ideias (não citarei nome daqueles que deram sugestões pois falhei com o amigo Moska da última vez, como bem lembrado por ele mesmo):
- João Batista Freire
- Marcelo Hungaro
- Mario Nunes
- Marcos Neira
- Marcílio de Souza Júnior
- Jocimar Daolio
- Valter Bracht
- Oswaldo Luis Nunes
- Walter Roberto Correia.

          Dentro disso, Rubens sugeriu um novo nome para a mesa redonda: “Currículos da Educação Física e diferença”, não levando em consideração o conceito de filosofia da diferença, mas apenas as diferenças entre uma visão e outra. Vale lembrar que ainda estamos esperando uma ideia de nome que relacione Currículo e o Capitão América – qualquer sugestão é bem vinda.

3 – Rubens também comentou conosco que irá criar um grupo de email para que todos compartilhem seus trabalhos, ou seja, ao invés de mandar um artigo, por exemplo, apenas para o orientador revisar, poderemos mandar para todos do grupo revisarem, o que certamente aumentará significativamente a qualidade dos trabalhos!

423/04 - Tema: Currículo Desenvolvimentista
Leitura principal: MANOEL, E. J. A Abordagem desenvolvimentista da Educação Física Escolar – 20 anos: uma visão pessoal. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v.19, n.4, p.473-488, 4º trimestre 2008.
Leitura complementar: NEIRA, M. G.; NUNES, M. L. F. Educação Física, Currículo e Cultura. São Paulo: Phorte, 2009 (Teorização curricular e Educação Física, páginas 57-79).
Objetivo: compreender os fundamentos básicos desta visão curricular.

Abrimos os debates com a exploração proposta por Moska, da nossa concepção fechada sobre o desenvolvimentismo. Segundo a leitura, pudemos perceber que, pelo menos para esse autor, o desenvolvimentismo busca ir além do que apenas o motor; e ele deixa isso claro quando cita “a cultura” envolvida no desenvolvimento, algumas vezes no texto. Sobre isso, Clayton fez uma intervenção bastante interessante, quando diz entender que, para Manoel, a abordagem desenvolvimentista é um filho renegado, e que Go Tani, num artigo[1] com o mesmo nome do que lemos, defende até o fim a ideia de uma Educação Física e de um desenvolvimentismo voltado para o desenvolvimento motor.
Sabemos que, dificilmente, essa concepção da Educação Física vai levar em conta as questões filosóficas que envolvem o próprio ambiente da aula, voltando-se para o movimento como único meio e fim. Dentro disso, Rubens apontou que o sentimento de mágoa que o autor expressa no final, é o de nunca ter conseguido formular, de fato, um currículo do desenvolvimentismo e, por diversos fatores, ficaram apenas nas bases que se sustentam até hoje. Bases essas tanto atacadas pelos marxistas, que sem querer fizeram uma propaganda inversa dessa concepção. Anderson, um representante do grupo adepto ao desenvolvimentismo, nos lembrou que essa concepção não foi criada por esses autores, mas sim pelos professores no dia a dia escolar, na prática, eles apenas expuseram – e continuam expondo – as bases científicas dessas concepções, onde fica claro que o objetivo não é o de se enveredar pelos aspectos sociais que envolvem as crianças, o grupo, a escola, a comunidade etc., e sim, potencializar o movimento de cada um.
Uma das críticas propostas é a do afastamento da pedagogia. O desenvolvimentismo, por lidar muito com a “ciência de laboratório”, acaba por tornar-se fria, ou seja, preocupada com novas pesquisas e novas descobertas sobre novas fases entre um movimento e outro, o que poderá gerar um novo artigo em alguma revista médica. Se essa concepção possui versões e visões diferentes, ou possui visões distorcidas que são disseminadas, tanto que o autor ressalta isso quase o texto inteiro na dita “visão do senso comum”, por que nunca foi publicado um livro sobre a “pedagogia distorcida” que é aplicada?
Apesar da discussão de cultura, o texto mostra-se contrário a visão marxista ou toda intervenção que possa debater problemas mais complexos da sociedade em questão, que os educandos estarão inseridos. Neira e Nunes, na leitura complementar, “aproximam” o desenvolvimentismo do tecnicismo, deixando claro para nós a herança de uma concepção para com a outra. Dessa forma, podemos pensar que essa desapropriação da questão social do currículo desenvolvimentista seja uma forma de romper com o tecnicismo? Entendemos que não, pois – dificilmente – existirá neutralidade; muito menos tratando-se de concepções da educação e de currículo.
Como bem observado por Clayton, a Educação Física da finlândia tem uma concepção desenvolvimentista; porém, os contextos de desigualdade social são bem diferentes do Brasil. O desenvolvimentismo talvez funcionasse em uma sociedade perfeita, onde nada mais deve ser debatido e as maiores preocupações fossem com o aprimoramento das habilidades motoras. Até aqui, na nossa visão, a argumentação continua sendo pobre; de maior sucesso, de mais fácil aplicabilidade, porém, sem maiores intenções sociais.
Contudo, tivemos a oportunidade de acompanhar no texto uma trajetória diferente do que conhecíamos do desenvolvimentismo, o que permite uma familiarização maior com a concepção e, quem sabe, um olhar diferente sobre a mesma. Ficou claro, pelo que nos propõe o autor, que o desenvolvimentismo vai bem além daquilo que nós estamos acostumados a imaginar, ou até como ele mesmo cita: “o desenvolvimentismo não está concluído ainda”. É comum que na prática do dia a dia, ele seja voltado apenas para desenvolver o movimento, porém, Manuel, de certa forma, clamou por uma nova visão, menos restrita do que vem a ser essa concepção, contradizendo todas as nossas certezas. Uso das palavras do companheiro Moska para encerrar – também - o texto: “será que toda a nossa crítica não está embasada na visão do senso comum sobre o desenvolvimentismo? ”.

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