Iniciamos
nosso primeiro encontro do segundo semestre, no sábado dia 10, às 9h de agosto
de 2019. Demos boas vindas as novas participantes, Sofia, Sabrina e Kettelin,
do 1º semestre da FEFISO/ACM. Começamos nossa reunião com Rubens dizendo que,
neste semestre, com a sugestão de Elder, todo encontro faremos um café
coletivo, sendo algo simples, para não pesar financeiramente a ninguém. Ainda
Rubens, expôs como o grupo trabalha, e foi feito um convite aos congressos que
iremos participar e realçando a presença dos iniciantes científicos que
submeteram trabalhos. Sendo eles os congressos do semestre: CONBRACE no Rio
Grande do Norte, Conexões na UNICAMP e SEMEF na USP.
Foi
então apresentado o que iremos discutir esse semestre e, não menos importante,
realçando o que estudamos nos anos anteriores, fazendo assim uma rápida
abordagem ao documento que vem sendo desenvolvido em conjunto com o grupo
“pistas da aprendizagem”, onde se é criado pistas como poder ser aprender e
ensinar na perspectiva da filosofia de diferença. Foi apontado também, já
relacionando com o livro que iremos discutir no semestre, as intersecções, os
agenciamentos de Nietzsche e Deleuze. Por conta de tais problemáticas, foi
justificado o porquê desta leitura, pois Nietzsche é um Filósofo que afirma a
vida. E a perspectiva que o grupo vem pesquisando é um autor que começa esse
movimento do pensar diferente. E uma das lutas dele era sobre a moral que
delimita modos de vida, modos de ser, de agir, a moral aqui, é entendida
enquanto algo transcendente.
Consequentemente,
Rubens cita alguns vídeos que pode servir de apoio para mergulhar nesses novos
mares, sendo de fácil acesso e se encontro no You Tube, palestras de: Roberto
Machado, Amauri Ferreira, Oswaldo Giacóia, Clóvis de Barros e outros. Após essa
abordagem, foi aberto espaço para as impressões de leituras, onde todos e todas
tiveram espaço de fala a dizer sobre o que haviam achado do texto, se estava
fácil ou difícil, quais foram as dúvidas, incômodos e o que quiser. Paulo abriu
essa discussão com alguns comentários, afirmando a diferença de ler Nietzsche e
ler Nietzsche de Deleuze, pois Deleuze escreve aos seus modos, e deixa um tanto
quanto mais acessível, o mesmo ainda afirma que sentiu uma facilidade de ler,
pois já fazia um tempo que vem lendo coisas nesta perspectiva. Para Elder, a
leitura lhe pareceu um tanto estranha, eram outros vocábulos, outros modos
operantes, outras estruturas e diz sobre a fase de Gilles Deleuze enquanto
jovem comentador, um acadêmico, e sobre seu encontro com Félix Guattari.
João
Pedro, sentiu uma certa facilidade também e gostou bastante do movimento em que
Nietzsche faz de ligar a Filosofia/Ciência com a Religião. Lucas diz que lhe
pareceu difícil, mas não se prendeu muito em conceitos específicos, porém
buscou entender o de maneira mais geral, citou o trecho “os deuses morreram,
mas morreram de rir ouvindo um Deus dizer que era único” (DELEUZE, 2018, p.
12). Clayton, bastante intrigado com as relações sobre a moral, expõe uma
questão para o grupo: é possível ser cristão e nietzschiano? Seria possível que
dois platôs de intensidades bastante diferentes assim, sendo quase um oposto do
outro, seria possível pensar em sujeito assim?
Wellington
diz que é possível sim, pois na filosofia nietzschiana onde existe uma essência
do pluralismo, pode-se pensar e viver diversas coisas a partir daquilo, porque
essas linhas de pensamentos não se preocupam com respostas estabelecidas a
priori. Rubens adiciona dizendo: é possível, sim, se não levados ambos ao
extremo. A partir disso, Paulo diz que os escritos de Nietzsche lhe parecem
muito atual, e faz uma relação de como a moral contemporânea cria modos para
subjetivar uma grande parte da sociedade. Pois por conta de tradições criadas,
pessoas em nome de uma moral maior se limitam de viver certas experiências, e
entendem Deus enquanto julgador. Ainda com Paulo, ele nos diz um pouco sobre a
história de Jesus, dele na terra, que vivia sempre os mais pobres, os
miseráveis, mas, capturaram alguns de seus pensamentos e transformaram em uma
moral, uma moral que julga e pune. Rubens incrementa dizendo que, poderiam
fazer isso em outras áreas também, como na Educação, ao transformar pensamentos
em verdades, e que devemos tomar certos cuidados ao operar com a filosofia da
diferença. Ou seja, qualquer pensamento, seja o mais revolucionário possível é
apto de ser capturado e engessado, transformado em verdades absolutas.
Todavia,
João Pedro realiza uma pergunta à Paulo, questionando-o sobre a tal atualidade
de Nietzsche. Paulo entende que esta atualidade é amarrada com o tempo, e com
as representações, representações de discursos, pois, na época em que ele
escreveu, as coisas de um modo geral eram muito mais seletivas à quem iria
receber, e na medida em que temos acesso a diversos discursos, assim se
faz uma pluralidade de saberes. Porém, foi ele quem dá início com o pensamento
da diferença. Aos emaranhados de ideias expostas no texto e na discussão, Maria
Clara, resgata uma questão sobre a vida trágica, onde, no jogo da pluralidade,
uma coisa pode também ser muitas outras. Isto é, todo objeto está inserido em
um contexto maior e, o significado é sempre arbitrário.
Alegria
é a força movente, é potência, vontade de vida, o que Nietzsche afirma no
texto, e não sorrir, Rubens coloca este ponto ao grupo. Voltando à pergunta
aberta por Clayton, Rubens coloca que: dependendo dos graus que você estabelece
com uma cosmovisão, ser cristão e nietzschiano, e diz que a vida não precisa
ser sofrida.
Ao
decorrer da discussão, foi pautado o acaso, que é bastante abordado no texto,
onde, o acaso é o que ocorre sempre ao encontro, na imprevisibilidade, nas
singularidades do encontro. Rubens pensa isso com a aprendizagem, e realiza uma
analogia de um jogo de futebol, pois, toda partida ocorrem os acasos, o
imprevisto, não pouco frequente acontece de times com jogadores menos
conhecidos da outra equipe ganhar o jogo, e, algumas pessoas chamam de
“subverter a lógica”. Assim, acontece com a aprendizagem também, mas, como
Rubens coloca o professor faz parte da partida, joga-se junto, ele também toca
na bola, realiza passes, marca, pois, isso está imerso em relações de poderes,
e dentro da aula o professor exerce mais poder, claro que existem sempre
momentos específicos à isso.
No
acaso existe uma necessidade, e necessidade no acaso, relações imbricadas que
acontecem juntas, João Pedro cola essas questões, e pensa com o exemplo do jogo
de futebol, pois, há certas necessidades em um jogo, ou seja, não é tudo acaso,
pessoas treinam para isso, fazer jogadas ensaiadas e dentre tantas outras
coisas de um jogo. Por essa via, isso nos tangencia à pensa a aprendizagem,
pois, ela não acontece apenas dos acasos, às aulas possuem certas necessidades,
necessidades de ensinar algo, estão imersas em políticas maiores. Elder pensa
isso como um possível pista no documento de “pistas da aprendizagem”, pois,
assim como a recognição e invenção acontecem juntas, e elas coexistem em uma
com dependência da outra e existem momentos de intensidades de uma e de outras.
Mas, João e Rubens pensam que o documento têm algo assim, porém, deixam a dica
de anotar e tentar complementar alguma.
Com
os acasos ao decorrer do encontro, esbarramos em um conceito de bastante valor
no texto, sobre o pensamento trágico, o que seria trágico em Nietzsche.
Entendemos o trágico enquanto aquilo que não controlamos, como por exemplo, uma
vida é trágica, não só vida, mas, talvez, diversos momentos da vida. Clayton,
vê um nó sobre a “contra dialética” pois, para ele pensar isso: criticar uma
dialética, não seria pensar ou pressupor outra? João, propõe pensar o trágico
com alegria e sofrimento, mas, como pensar isso além da moral cristã? É
possível? Ele entende o trágico como afirmação do acaso, da vida que acontece,
afirmar a potência da multiplicidade, e diz que o trágico está além do bem e do
mal, não precisa ser classificado. E, ainda como uma das possíveis respostas
que ele levante, diz que, talvez seja preciso renascer para além da consciência
moral.
Deste
modo, por conta do horário, encerramos nosso encontro às 12:00, mas com aquele
clima no ar de que, se houvesse mais tempo, ficaríamos. Ressaltamos aqui,
alguns pontos mais importantes do encontro, e, claro, a partir da pessoa que
vos escreve aqui:
·
É possível ser cristão e nietzschiano?;
·
Pensar o acaso, necessidade e o trágico com a aprendizagem;
· Na Filosofia da Diferença também existe uma essência, aqui, uma
essência nômade, movente, questionadora, da pluralidade, entre as
multiplicidades;
·
Pensar em uma “contra dialética” não seria pressupor outra?;
·
Filosofia Nietzschiana afirma a vida;
·
Afirmar a vida permite ferir a vida do outro?
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